O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, defendeu na noite de hoje a independência da Polícia Federal (PF) e avaliou que é preferível que a instituição tenha uma atuação autônoma a uma inércia operacional. Em evento, na capital paulista, o ministro reconheceu haver certos 'deslizes' em algumas operações policiais e, para esses casos, pregou a apuração dos episódios em questão e a punição quando for necessário. 'É óbvio que o ideal seria ter operações sem excessos, mas isso nem sempre se consegue. A Polícia Federal (PF) atua com rigor e com independência, numa perspectiva republicana', afirmou.
'Seria ideal que tudo acontecesse sem deslizes, mas, se eu tiver que optar, eu prefiro, sim, ter uma Polícia Federal independente e autônoma a uma Polícia Federal parada, sem nenhum tipo de ação', acrescentou o ministro, antes de ser homenageado com o título honorífico 'doutor honoris causa' pela Escola Paulista de Direito (EPD), na capital paulista.
Desde a semana passada, a atuação da PF vem sendo questionada após a deflagração da Operação Voucher, que desmontou um esquema de desvio de recursos no Ministério do Turismo e prendeu 36 pessoas, entre elas autoridades e integrantes da pasta. Na ação policial, foram usadas algemas e, posteriormente, foram vazadas fotos, sem camisa, dos detidos.
Um dos presos foi o ex-presidente da Embratur Mario Moysés, que atuou também como assessor da senadora Marta Suplicy (PT-SP) na época em que ela estava à frente da Prefeitura de São Paulo. No dia da ação, o ministro da Justiça alegou que não foi informado com antecedência da operação. Na quarta-feira (17), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello disse que acha preferível conviver com os 'excessos' da Polícia Federal do que com uma 'apatia' em suas ações.