GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Casal realiza primeira união estável homoafetiva do Litoral Norte

O casal gay, André Luiz Pereira, professor de Biologia, 41 anos, e o funcionário público Ednei de Jesus Lopes, 42 anos, oficializaram seu casamento de 17 anos através do ato declaratório da união estável homoafetiva, na cidade de Caraguatatuba, na tarde do último sábado.
A união do casal foi a primeira do Litoral Norte, desde a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 5 maio, que equiparou as relações entre pessoas do mesmo sexo às uniões estáveis entre homens e mulheres. A união homoafetiva foi reconhecida pelo STF como um núcleo familiar como qualquer outro.
André acredita que a decisão do STF trouxe segurança aos casais homossexuais. “A verdade é que nós dois temos patrimônio, e queremos que não existam brigas entre famílias. Com a existência de um documento que explicite que os bens que temos, pertencem a nós mesmos, vai facilitar a divisão”.
O professor de biologia revelou ainda que nunca acreditou que um dia fosse presenciar esta modificação na Constituição Federal. “Existe muita homofobia, porém Deus iluminou a cabeça de algumas autoridades, que permitiram que fosse reconhecida a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Fico muito grato, é uma realização, um acontecimento, o homossexualismo é uma coisa normal, e não anormal como muitas pessoas pensam. Quando você tem um relacionamento duradouro e estável deve haver um documento para beneficiar o parceiro”.
O outro noivo, Ednei, confessou que este foi o dia mais feliz de sua vida, e que a união entre ele e André foi uma grande conquista. “Sempre tivemos o sonho de celebrar nossa união. E escolhemos a data de hoje porque além de ser o dia em que nós começamos a namorar, há 17 anos, é também a data do meu aniversário. A partir de agora, eu só espero que esta nova lei abra a cabeça de muita gente e acabe com a homofobia. Nós temos os mesmos direitos do que todas as demais pessoas. Nossos direitos e nossos deveres são iguais aos de todo mundo”.
O tabelião Jordelino Olimpo de Paula, que oficializou a união estável do casal, disse que o importante para celebrar o ato é a vontade entre as partes para realizar o processo. “A Constituição antes da decisão do STF em maio, só reconhecia a união estável entre homens e mulheres. Mas antes disso muitos tabeliães já vinham lavrando essas uniões estáveis através de autorizações judiciais. É bom entendermos, que para efeitos legais, não existe diferença entre uma união civil ou união estável, os casais homossexuais, a partir de agora, terão seus direitos reconhecidos, sejam patrimoniais ou previdenciários. Temos que esclarecer, ainda, que por ser um ato declaratório, os casais que queiram oficializar a união estável devem procurar o cartório, providenciar algumas testemunhas e lavrar a união”.

Relacionamento

A história de André e Nei começou como a de qualquer outro casal. André morava em Belo Horizonte, em Minas Gerais, veio para Caraguá em 1994, e pouco depois de sua chegada conheceu o homem com quem dividiria seus dias. Nei, também não é da região, nasceu em Araçatuba, e se mudou para a cidade litorânea em 1993.
“Eu vim de BH pra trabalhar numa marmoraria, e cai de paraquedas em Caraguá. Numa noite sai pra conhecer a cidade, parei num barzinho no calçadão, e coloquei algumas músicas para tocar na máquina de som, inclusive uma do Fabio Junior. Depois de certo tempo percebi que a música do Fabio Junior não parava de tocar, e fui perguntar à dona do bar se a maquina havia quebrado. Foi quando, pra minha surpresa, ela me disse que teria sido um rapaz que estava pedindo para música ser repetida. E esse rapaz era o Nei. A partir desse momento, ele que estava acompanhado de duas amigas, me chamou para sentar na mesa dele. Eu fui, pois precisava fazer amizade. Naquela mesma noite, a gente já conversou bastante, eu morava na Prainha e ele foi me levar até em casa. Nesta mesma noite começamos a namorar, e estamos juntos até hoje”, lembrou André. Ele contou ainda que a receita para ter um relacionamento duradouro tem que ser baseado na confiança e amizade. “Temos que ter confiança um no outro, e amizade, o amor vem com o tempo, mas fica. Se há confiança e amizade o relacionamento dura pra sempre. Eu e meu parceiro somos pessoas de muita sorte por termos nos encontrado”.

Festejando

Muitos amigos do casal foram prestigiar o evento. De acordo com André, estiveram presentes na festa cerca de 300 pessoas. “Todos que estão aqui fazem parte da nossa história, e neste momento estão presenciando o dia mais emocionante de minha vida e da vida do Nei. E foi com a ajuda de muitos desses amigos que conseguimos proporcionar esta festa linda a todos”.
Wellington Alves de Souza, amigo do casal há mais de 10 anos, contou que a partir do momento em que a lei foi criada os dois amigos já procuraram o cartório para oficializar a união. “Acredito que agora o direito dos homossexuais, que dividem sua vida inteira com um parceiro, e que constroem um patrimônio juntos vão estar assegurados e garantidos”.
A amiga Elaine Rolim, disse que achou a atitude do casal corajosa. “Não tenho nada contra. Acredito que o mais importante disso tudo é o amor, não importando a opção sexual. Espero que eles continuem sendo felizes”.

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