Por: Comissão de combate à Intolerância Religiosa , em 01/02/2011, às 14:49
Em um país como o Brasil, cuja população é formada a partir da miscigenação de três etnias – índio, negro e europeu -, não era para se discutir a intolerância religiosa, pois ela nem deveria fazer parte de nossa realidade social. A formação da cultura brasileira congregou esses povos com seus costumes, línguas, tradições e religiões. Querer separá-las e determinar qual seguir, seja em aspectos sociais, linguísticos ou religiosos, é, no mínimo, irracional, se não uma agressão à pátria, ao nosso sentimento nacional de brasilidade. Uma agressão para a nossa história enquanto povo.
Os intolerantes poderiam utilizar as teorias de suas religiões no dia a dia, já que, na maioria das vezes, falam tanto de amor ao próximo, respeito e perdão. Com certeza, Deus, seja qual for sua forma ou nome que recebe, de acordo com cada cultura ou religião, direciona os filhos a promoverem a paz e não a segregação. É lamentável que religiosos que praticam a intolerância estejam se distanciando dos caminhos pacíficos que Deus nos oferece. Mais lamentável ainda são líderes religiosos que participam disso, pois são eles ícones de comportamento e, por isso, devem orientar seus fiéis a se comportarem como humanos educados, conscientes do direito de liberdade de culto, garantido por lei. Esses sacerdotes devem buscar o esclarecimento e a informação para que consigam conscientizar de que já estamos em pleno século XXI e que o esclarecimento é essencial para lidar bem com todos em um lugar como o Brasil, tão diversificado. Se todos os líderes religiosos tivessem essa preocupação, seus fieis pregariam o amor e, em nome de Deus, se respeitariam mutuamente, independente de qualquer coisa.
Se todos os líderes de cada religião pregassem o bem que está nas palavras, na prática, teríamos um quadro diferente do que se tem hoje em relação à intolerância religiosa.
Usar a força da liderança de um sacerdócio é ter o poder de mudar o mundo, para o bem ou para o mal; é manifestar o amor, o respeito, a solidariedade; seria professar o desejo de seu Deus. Esses são sentimentos que estão em todas as religiões e que, certamente, são ingredientes para a construção de uma convivência mais harmoniosa e muito mais fácil.
Que todos os líderes religiosos utilizem suas forças para o bem do mundo.
Escrito por mãe Ignez D'Iansã, ialorixá do Ilê Axé D'Ogun-Já, coordenadora de Projetos do Ciafro, assessora da Superintendência da Igualdade Racial do Município de Nilópolis e membro da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa
Leia mais artigos em www.eutenhofe.org.br .
Nenhum comentário:
Postar um comentário