O Blog do Guilherme Araújo é um canal de jornalismo especializado em politicas publicas e sociais, negócios, turismo e empreendedorismo, educação, cultura. Guilherme Araújo, CEO jornalismo investigativo - (MTB nº 79157/SP), ativista politico, palestrante, consultor de negócios e politicas publicas, mediador de conflitos de médio e alto risco, membro titular da ABI - Associação Brasileira de Imprensa.
quarta-feira, 2 de maio de 2012
Corrupção Cachoeira tentou comprar partido político
Escutas da Polícia Federal mostram o contraventor negociando a compra da seção goiana do PRTB
Carlinhos Cachoeira negociava a compra de um partido político, diz a PF
No olho do furacão das investigações da operação Monte Carlo, conduzida
pela Polícia Federal (PF), o contraventor Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, tentava negociar a compra de um partido político.
Conversas telefônicas interceptadas pela Polícia Federal flagram
Cachoeira negociando a compra da seção goiana do Partido Renovador
Trabalhista Brasileiro (PRTB), cujo presidente nacional Levy Fidelix -
célebre por sua bandeira do 'aerotrem' - é citado em diversas escutas.
Segundo as investigações da PF, as negociações começaram em maio de
2011, quando Cachoeira questiona um aliado sobre a direção da legenda em
Goiás. Dias depois, o contraventor pede a Wladimir Garcêz que envie uma
mensagem para alguém, cujo codinome entre a quadrilha é “nosso maior”,
questionando se valia a pena “pegar” o PRTB.
A PF identificou que o sargento aposentado da Aeronáutica, Idalberto
Matias Araújo, o Dadá, também fazia parte da negociação. Figurinha fácil
em esquemas fraudulentos e presença contumaz em inquéritos da PF, Dadá
diz a Cachoeira que falou como o advogado (possivelmente do partido) e
que ele teria pedido 300 000.
“Já aumentou aquele valor que falei para você. Falou que era 200 000,
passou para 300 000”, diz Dadá. “Tá roubando (sic). Que garantia que
tem?”, pergunta Cachoeira.
“Disse que faz na hora. O presidente vem e faz tudo e vai para o TRE.
Resolve tudo”, explica o araponga. “Falou que fica com o estado todo na
mão e nomeia os municípios”, prossegue Dadá.
Cachoeira anima-se e diz que é para fechar o negócio. “Até 200 000 dá para fazer. Fecha logo, mas tem que ter garantia”.
Segundo a PF, em agosto o grupo continuava discutindo o assunto. No
início do mês, Dadá liga para Cachoeira perguntando se ele ainda estava
interessado “naquele negócio do partido?” Ele confirma e pergunta qual
era a legenda. Dadá responde que é o mesmo partido do Levy, o PRTB. No
dia 11, Cachoeira liga para Dadá e questiona: “E o negócio do partido
lá, o que deu?”.
O araponga responde: “Uai, tá naquele lenga, lenga, o cara quer, tá lá
em São Paulo, hoje mesmo ligou, querendo os nomes, mas eu sugeri aquilo
que você me falou. (...) Aí ele ficou de ver lá como Levy Fidelix, pra
ver se fazia assim, pra mim te falar e mandar mensageiro lá, mandar o
negão lá com esses nomes”.
Cachoeira mostra-se satisfeito coma resposta e pede que Dadá verifique o
andamento das negociações. Três dias depois, Dadá informa que levaria
os nomes para o pessoal do partido. Cachoeira insiste para que o
araponga marque uma conversa com Fidelix para “desenrolar” o assunto. As
investigações não revelam se a negociação prosperou.
PMDB tenta evitar convocação de Cabral na CPI do Cachoeira
Tranquilos até poucos dias atrás com o tiroteio entre PT e oposição, que
mantinha o PMDB distante do alvo central da CPI do caso Cachoeira,
integrantes da cúpula do partido começaram a se mobilizar no fim de
semana para tentar blindar o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e
evitar que seja aprovada sua convocação para depor logo no início dos
trabalhos. Dirigentes peemedebistas não escondiam nesta segunda-feira o
desconforto e a preocupação com a superexposição das relações de Cabral
com o dono da Delta, Fernando Cavendish, em fotos divulgadas pelo
ex-governador e deputado federal Anthony Garotinho (PR-RJ).
A avaliação
feita em conversas reservadas era de que a CPI começa a caminhar com as
próprias pernas, e que a cúpula do PMDB terá que rever sua estratégia
inicial de se manter à margem da CPI que nunca quis. Por isso, apesar do
feriado de hoje, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), chega
a Brasília para uma reunião com o presidente licenciado do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), e com o presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB),
para discutir como conduzir o caso e não deixar que o foco da CPI
extrapole o objeto de sua criação: o esquema Carlinhos Cachoeira, Delta e
o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).
A
preocupação é com o descontrole das investigações além dos limites dos
negócios da Delta no Centro-Oeste - que podem atingir os governadores
Marconi Perillo (GO) e Agnelo Queiroz (DF). O governador do Distrito
Federal é o único que já tem pedido de inquérito aberto pelo
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sob a alegação de que
assessores receberam propina para facilitar contratos em seu governo.
Marconi Perillo é acusado de relações estreitas com o grupo de Cachoeira
e Demóstenes, que teriam indicado servidores em postos de alto escalão
em seu governo. Mas não há ainda inquérito ou gravações que o incriminem
diretamente.
Um dos
representantes do PMDB na CPI, o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES)
disse, num primeiro momento, que seria inevitável a convocação de
Cabral.
” Será uma
oportunidade para ele se explicar sobre as denúncias de que privilegiou a
Delta por ser amigo do Fernando Cavendish. Não faria sentido chamarmos
outros governadores acusados de envolvimento na teia da CPI, como o
Perillo e o Agnelo, e deixarmos o Cabral de fora só porque pertence ao
PMDB ou porque governa o Rio”, declarou Ferraço no domingo ao site IG.
Nesta
segunda-feira, depois da mobilização da cúpula peemedebista, Ferraço
estava mais cauteloso, alegando que Garotinho estava fazendo disputa
política: “O Renan me deu liberdade
para agir de acordo com minhas convicções. E minha convicção é que não
vou ser instrumento de lutas regionais. Pode tirar o Garotinho da
chuva!”, disse Ferraço, ontem, ao GLOBO.
Preferindo manter-se no anonimato, um deputado do PMDB faz a mesma avaliação que Ferraço: “A
CPI começa a ganhar rumo próprio. Quem é que vai convocar o Perillo e o
Agnelo e depois botar a cara lá para defender o Cabral? Quem defender
Cabral vira alvo. Como que o Renan, que quer ser presidente do Senado,
vai defender isso? Só por baixo dos panos”.
Nas
conversas de bastidores, peemedebistas avaliaram que a situação de
Cabral se complicou muito no final de semana com a divulgação dos vídeos
e fotos. Mas a ordem interna é não alimentar essa polêmica. “A
CPI é para investigar o Cachoeira e as investigações das operações da
Polícia Federal. Se tem outras ramificações, lá na frente a CPI terá que
investigar. Temos que aguardar o plano de trabalho da comissão para ver
onde e o que tem de ligação com Cachoeira”, disse ex-líder do governo
no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), ressaltando que não é da CPI.
Cabral, que
não tem relação estreita com seus partidários no Congresso, está
procurando aproximação maior e sondou pessoas do partido para refutar
suspeitas de que privilegiou a Delta.
Dilma e os bancos: presidente resolveu dar uma de “presidenta Cristina Kirchner”. Certamente um mau momento
Levante
a mão quem não acha os juros bancários no Brasil escandalosamente
altos! Creio que nem os banqueiros se dignaram a mover o braço. São,
sim! Quais as razões? Os especialistas se dividem quanto às causas. Deve
haver, porque é da natureza, certa cupidez dos “companheiros
banqueiros” etc e tal. Apelo a alguma ironia porque esse é um debate
antigo, que nunca chegou a um consenso. Costuma marcar fronteiras entre
pensamentos econômicos. Sem me alinhar com grupos, alinho-me com
aqueles, no entanto, que não veem motivos técnicos para o estratosférico
spread vigente no país. Muito bem! Governos interferem, sim, nessas
coisas. Afinal, são também a autoridade monetária, e suas ações são
decisivas na formação dos preços — muito especialmente do preço do
próprio dinheiro. Dito isso, quem era aquele que vimos ontem na TV?
Parecia Dilma, mas se comportava como Cristina Kirchner.
O governo
vem de uma escalada de pressão contra os bancos, tentando forçar a queda
do spread. Dilma não quer ver repetido em 2012 o baixo crescimento do
ano passado. Considera que o governo está fazendo a sua parte (não é bem
verdade), inclusive por intermédio dos bancos públicos, mas que os
privados estão sabotando esse esforço. Muito bem! Digamos que tudo isso
fosse assim mesmo. Será que cabe à presidente, abusando de sua altíssima
popularidade (segundo as pesquisas), satanizar os bancos em rede
nacional? Ora, nem bancos nem setor nenhum da economia ou da sociedade!
Tratou-se de
um discurso completamente fora do lugar. Claramente, o que se via ali
era a líder conclamando o povo a pressionar os bancos. “Por que,
Reinado, bancos não podem ser pressionados?” Ora, claro que sim! Para
tanto existem os partidos, as lideranças políticas, as entidades
sindicais, os tais “movimentos sociais”… Escolham aí os agentes. Uma
coisa eu sei: não cabe ao governante fazer uma intervenção daquela
natureza, muito especialmente no discurso do Dia do Trabalho. A mensagem
foi clara: trabalhador de um lado (e ela junto) contra banqueiros do
outro.
Não deixa de
ser uma ironia da história. Em 2010, escrevi aqui, o PT usou o
“discurso do medo” contra o então adversário, José Serra. Nos
bastidores, o partido explorou a valer, num recado aos banqueiros, o
suposto viés intervencionista do tucano. Por irônico que possa parecer, o
partido de Lula dizia aos “companheiros” do sistema financeiro, ainda
que com outras palavras, o seguinte: “Cuidado! Serra é muito…
esquerdista!!!” Nao é segredo para ninguém que os bancos fizeram uma
escolha: Dilma! Um pragmático poderia dizer que eles fizeram muito bem,
do seu ponto de vista, em escolher o PT: vivem nove anos verdadeiramente
dourados.
Mas sabem
como é… O PT, cedo ou tarde, sempre volta à sua natureza. E Dilma foi
para o confronto, na hora errada, com uma fala errada. “Tá com peninha
dos banqueiros, Reinaldo Azevedo?” Eu? Como disse uma conhecida certa
feita, em matéria financeira (em outras áreas tudo bem!), é indecente
ter pena de alguém mais rico do que você… O que estou criticando é a
inoportunidade do discurso, o tom, a escolha. Qual é efetividade
daquilo?
Corrupção
Dilma também aproveitou o pronunciamento para demonstrar que o governo está acima das lambanças da política — que ela voltou a chamar de “malfeitos”; os corruptos e corruptores foram tratados como “malfeitores”. Com a popularidade nas nuvens — e é evidente que as lambanças no Congresso contribuem para isso —, tratou aquele rolo como “coisa dos outros”, como se a Delta não fosse um problema do governo federal. Tanto é que os petistas e o próprio governo se esforçam para tirá-la da CPÌ, do noticiário, do mundo se possível…
Dilma também aproveitou o pronunciamento para demonstrar que o governo está acima das lambanças da política — que ela voltou a chamar de “malfeitos”; os corruptos e corruptores foram tratados como “malfeitores”. Com a popularidade nas nuvens — e é evidente que as lambanças no Congresso contribuem para isso —, tratou aquele rolo como “coisa dos outros”, como se a Delta não fosse um problema do governo federal. Tanto é que os petistas e o próprio governo se esforçam para tirá-la da CPÌ, do noticiário, do mundo se possível…
Terá Dilma
inaugurado ontem uma nova fase, mais — não vai dar para evitar a palavra
— populista? Uma liderança política com elevadíssima popularidade que
vai à TV, por ocasião do Dia do Trabalho, e decide satanizar banqueiros e
atacar os “malfeitores” pode estar fazendo uma escolha política. Uma
má escolha. Vamos ver.
E começa o processo de compra do, acreditem!!!, Aerodilma…
O governo federal reabriu a compra de um novo avião presidencial,
processo que estava parado desde que Dilma Rousseff tomou posse, no ano
passado. O futuro avião, apelidado informalmente de Aerodilma, será
maior e terá maior autonomia do que o atual Aerolula, e poderá custar
quase seis vezes mais. No mês passado, a FAB emitiu dois pedidos de
informação, a primeira etapa da compra: um para a aquisição de um avião
de transporte VIP e outro para uma aeronave de reabastecimento aéreo.
Três empresas poderão fazer ofertas: a Airbus europeia, a Boeing
norte-americana e a IAI israelense, que não fabrica aviões, mas adapta
modelos usados. Segundo apurou, não há decisão final sobre a compra no Planalto.
O custo é o
problema: tanto o avião-tanque quanto o VIP novos podem sair por quase
US$ 300 milhões (R$ 570 milhões) cada; modelos usados, um terço do
preço. Enquanto a decisão política não sai, a FAB adianta o processo,
como publicou ontem o jornal “Valor Econômico”. Além disso, a Força
espera para este semestre a definição da compra dos seus novos caças, um
negócio que pode chegar a R$ 10 bilhões. A troca do avião presidencial é
tema sensível. No fim de 2010, revelou que a FAB havia feito um pedido de informações para um avião-tanque que também tivesse uma área VIP.
Assim, o
governo tentava dissimular a compra do substituto do Airbus-A319
presidencial, conhecido como Aerolula por ter sido comprado pelo então
presidente Lula. O favorito para aquele negócio era o modelo
Airbus-A330MRTT, que deverá ser oferecido novamente agora para a função
de reabastecimento. À época, Lula disse que o Brasil era “humilhado”
pela necessidade de escalas do Aerolula no exterior. Não deixou de ser
uma ironia, dado que o governo gastara US$ 56 milhões (R$ 106 milhões
ontem) com o Airbus alegando que aviões mais baratos da Embraer não
teriam capacidade intercontinental.
Com 8.500 km
de autonomia, o A319 não voa com conforto de Brasília à Europa,
necessitando de uma escala. Para a Ásia, são duas paradas. Versões de
transporte VIP dos jatos Boeing-777 e Airbus-A340, que têm custo similar
ao A330MRTT, mas não são aviões-tanque, podem chegar a 17 mil km sem
escalas, ligando quase todos os aeroportos do mundo diretamente.
Vitória da liberdade de expressão — Juiz extingue ação contra pastor Malafaia e deixa claro: ele não foi homofóbico, e a Constituição brasileira não comporta a censura sob nenhum pretexto
O
juiz federal Victorio Giuzio Neto, da 24ª Vara Cível de São Paulo,
extinguiu ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal
contra o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, contra a TV
Bandeirantes e também contra a União. Vocês se lembram do caso: no
programa “Vitória em Cristo”, Malafaia criticou duramente a parada gay
por ter levado à avenida modelos caracterizados como santos católicos em
situações homoeróticas. Já escrevi alguns posts a respeito. Aquele em
que em exponho detalhes do caso está aqui . Ao defender que a Igreja Católica recorresse à Justiça contra o deboche, Malafaia afirmou o seguinte:
“É para a Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, sabe? Baixar o porrete em cima pra esses caras aprender. É uma vergonha!”
“É para a Igreja Católica entrar de pau em cima desses caras, sabe? Baixar o porrete em cima pra esses caras aprender. É uma vergonha!”
Acionado por
uma ONG que defende os direitos dos gays, o Ministério Público Federal
recorreu à Justiça, acusando o pastor de estar incitando a violência
física contra os homossexuais. Demonstrei por que se tratava de um
despropósito. E o que queria o MPF? Na prática, como escrevi e também
entendeu o juiz Victorio Giuzio Neto, a volta da censura. Pedia que o
pastor e a emissora fizessem uma retratação e que a União passasse a
fiscalizar o programa.
A decisão é
primorosa. Trata-se de uma aula em defesa da liberdade de expressão.
Fico especialmente satisfeito porque vi no texto muitos dos argumentos
por mim desfiados neste blog — embora tenha sido esculhambado por muita
gente: “Você não entende nada de direito”. Digamos que fosse verdade. De
uma coisa eu entendo: de liberdade. O juiz lembra que o Inciso IX do
Artigo 5º da Constituição e o Parágrafo 2º do Artigo 220 impedem
qualquer forma de censura, sem exceção. De maneira exemplar, escreve:
Permite a Constituição à lei federal, única e exclusivamente: “… estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no artigo 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente”.
Estabelecer meios legais não implica utilização de remédios judiciais para obstar a veiculação de programas que, no entendimento pessoal, individual de alguém, ou mesmo de um grupo de pessoas, desrespeitem os “valores éticos e sociais da pessoa e da família” até porque seria dar a este critério pessoal caráter potestativo de obstar o exercício de idêntica liberdade constitucional assegurada a outrem.
Permite a Constituição à lei federal, única e exclusivamente: “… estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no artigo 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e ao meio ambiente”.
Estabelecer meios legais não implica utilização de remédios judiciais para obstar a veiculação de programas que, no entendimento pessoal, individual de alguém, ou mesmo de um grupo de pessoas, desrespeitem os “valores éticos e sociais da pessoa e da família” até porque seria dar a este critério pessoal caráter potestativo de obstar o exercício de idêntica liberdade constitucional assegurada a outrem.
Mais adiante, faz uma síntese brilhante:
Proscrever a censura e ao mesmo tempo permitir que qualquer pessoa pudesse recorrer ao judiciário para, em última análise, obtê-la, seria insensato e paradoxal.
Proscrever a censura e ao mesmo tempo permitir que qualquer pessoa pudesse recorrer ao judiciário para, em última análise, obtê-la, seria insensato e paradoxal.
Excelente!
Afirma ainda o magistrado:
Através da pretensão dos autos, na medida em que requer a proibição de comentários contra homossexuais em veiculação de programa, sem dúvida que se busca dar um primeiro passo a um retorno à censura, de triste memória, existente até a promulgação da Constituição de 1988, sob sofismático entendimento de ter sido relegado ao Judiciário o papel antes atribuído à Polícia Federal, de riscar palavras ou de impedir comentários e programas televisivos sobre determinado assunto.”
Através da pretensão dos autos, na medida em que requer a proibição de comentários contra homossexuais em veiculação de programa, sem dúvida que se busca dar um primeiro passo a um retorno à censura, de triste memória, existente até a promulgação da Constituição de 1988, sob sofismático entendimento de ter sido relegado ao Judiciário o papel antes atribuído à Polícia Federal, de riscar palavras ou de impedir comentários e programas televisivos sobre determinado assunto.”
O juiz faz,
então, uma séria de considerações sobre a qualidade dos programas de
televisão, descartando, inclusive, que tenham influência definidora no
comportamento dos cidadãos. Lembra, a meu ver com propriedade, que as
pessoas não perdem (se o tiverem, é óbvio) o senso de moral porque veem
isso ou aquilo na TV; continuam sabendo distinguir o bem do mal. Na
ação, o MPF afirmava que os telespectadores de Malafaia poderiam se
sentir encorajados a sair por aí agredindo gays. Lembrou também o
magistrado que sua majestade o telespectador tem nas mãos o poder de
mudar de canal: não é obrigado a ver na TV aquilo que repudia.
Giuzio Neto analisou as palavras a que recorreu o pastor e que levaram o MPF a acionar a Justiça:
As expressões proferidas não são reveladoras de preconceito se a considerarmos como manifestação de condenação ou rejeição a um grupo de indivíduos sem levar em consideração a individualidade de seus componentes, pois não se dirigiu a uma condenação generalizada através de um rótulo, ao homossexualismo, mas, ao contrário, a determinado comportamento ocorrido na Parada Gay (….) no emprego da imagem de santos da Igreja Católica em posições homoafetivas.
Diante disto, não pode ser considerado como homofóbico na extensão que se lhe pretende atribuir esta ação, no campo dos discursos de ódio e de incentivo à violência, pois possível extrair do contexto uma condenação dirigida mais à organização do evento - pelo maltrato do emprego de imagens de santos da igreja católica - do que aos homossexuais.
De fato não se pode valorar as expressões dissociadas de seu contexto.
E, no contexto apresentado, pode ser observado que as expressões “entrar de pau” e “baixar o porrete” se referem claramente à necessidade de providências acerca da Parada Gay, por entender o pastor apresentador do programa, constituir uma ofensa à Igreja Católica reclamando providências daquela.
(…)
É cediço que, se a população em geral utiliza tais expressões, principalmente na esfera trabalhista, para se referir ao próprio ajuizamento de reclamação trabalhista (…) “vão meter a empresa no pau”. Outros empregam a expressão “cair de pau” como mera condenação social; “entrar de pau” ou “meter o pau”, por outro lado, estaria relacionado a falar mal de alguém ou mesmo a contrariar argumentos ou posicionamentos filosóficos.
Enfim, as expressões empregadas pelo pastor réu não se destinaram a incentivar comportamentos como pode indicar a literalidade das palavras no sentido de violência ou de ódio implicando na infração penal, como pretende a interpretação do autor desta ação.
As expressões proferidas não são reveladoras de preconceito se a considerarmos como manifestação de condenação ou rejeição a um grupo de indivíduos sem levar em consideração a individualidade de seus componentes, pois não se dirigiu a uma condenação generalizada através de um rótulo, ao homossexualismo, mas, ao contrário, a determinado comportamento ocorrido na Parada Gay (….) no emprego da imagem de santos da Igreja Católica em posições homoafetivas.
Diante disto, não pode ser considerado como homofóbico na extensão que se lhe pretende atribuir esta ação, no campo dos discursos de ódio e de incentivo à violência, pois possível extrair do contexto uma condenação dirigida mais à organização do evento - pelo maltrato do emprego de imagens de santos da igreja católica - do que aos homossexuais.
De fato não se pode valorar as expressões dissociadas de seu contexto.
E, no contexto apresentado, pode ser observado que as expressões “entrar de pau” e “baixar o porrete” se referem claramente à necessidade de providências acerca da Parada Gay, por entender o pastor apresentador do programa, constituir uma ofensa à Igreja Católica reclamando providências daquela.
(…)
É cediço que, se a população em geral utiliza tais expressões, principalmente na esfera trabalhista, para se referir ao próprio ajuizamento de reclamação trabalhista (…) “vão meter a empresa no pau”. Outros empregam a expressão “cair de pau” como mera condenação social; “entrar de pau” ou “meter o pau”, por outro lado, estaria relacionado a falar mal de alguém ou mesmo a contrariar argumentos ou posicionamentos filosóficos.
Enfim, as expressões empregadas pelo pastor réu não se destinaram a incentivar comportamentos como pode indicar a literalidade das palavras no sentido de violência ou de ódio implicando na infração penal, como pretende a interpretação do autor desta ação.
Bem, meus
caros, acho que vocês já haviam lido algo semelhante aqui, não?, escrito
por este “não-especialista em direito”, como sempre fazem questão de
lembrar os petralhas. Caminhando para a conclusão de sua decisão,
observa:
Por tudo isto e diante da clareza das normas acima transcritas, impossível não ver na pretensão de proibição do pastor corréu de proferir comentários acerca de determinado assunto em programa de televisão, e da emissora de televisão deixar de transmitir, uma clara intenção de ressuscitar a censura através deste Juízo.”
Por tudo isto e diante da clareza das normas acima transcritas, impossível não ver na pretensão de proibição do pastor corréu de proferir comentários acerca de determinado assunto em programa de televisão, e da emissora de televisão deixar de transmitir, uma clara intenção de ressuscitar a censura através deste Juízo.”
Mas e quem não se conforma com fim da censura na TV? O juiz dá um conselho sábio, com certo humor e uma pitada de ironia:
Para os que não aceitam seu sepultamento - e de todas as normas infraconstitucionais que a previram - restam alternativas democráticas relativamente simples para a programação da televisão: a um toque de botão, mudar de canal, ou desliga-la. A queda do IBOPE tem poderosos efeitos devastadores e mais eficientes para a extinção de programas que nenhuma decisão judicial terá.
Para os que não aceitam seu sepultamento - e de todas as normas infraconstitucionais que a previram - restam alternativas democráticas relativamente simples para a programação da televisão: a um toque de botão, mudar de canal, ou desliga-la. A queda do IBOPE tem poderosos efeitos devastadores e mais eficientes para a extinção de programas que nenhuma decisão judicial terá.
Caminhando para o encerramento
Sábias palavras a do juiz federal Victorio Giuzio Neto! Tenho me batido aqui, como vocês sabem, contra certa tendência em curso de jogar no lixo alguns valores fundamentais da Constituição em nome de alguns postulados politicamente corretos que nada mais são do que os “preconceitos do bem” de grupos de pressão influentes. Os gays têm todo o direito de lutar por suas causas. Mas precisam aprender que não podem impor uma agenda à sociedade que limite a liberdade de expressão, por exemplo, ou a liberdade religiosa.
Sábias palavras a do juiz federal Victorio Giuzio Neto! Tenho me batido aqui, como vocês sabem, contra certa tendência em curso de jogar no lixo alguns valores fundamentais da Constituição em nome de alguns postulados politicamente corretos que nada mais são do que os “preconceitos do bem” de grupos de pressão influentes. Os gays têm todo o direito de lutar por suas causas. Mas precisam aprender que não podem impor uma agenda à sociedade que limite a liberdade de expressão, por exemplo, ou a liberdade religiosa.
No caso em
questão, a ação era, em essência, absurda. É claro que o contexto
deixava evidente que o pastor recorria a uma linguagem metafórica — de
uso corrente, diga-se. Se alguém foi vítima de preconceito nessa
história, esse alguém foi Malafaia. Não fosse um líder evangélico — e,
pois, na cabeça de alguns, necessariamente homofóbico —, não teria sido
importunado por uma ação judicial. Há um verdadeiro bullying organizado
contra os cristãos, pouco importa a denominação religiosa a que
pertençam. Infelizmente, a “religião” que mais cresce no mundo hoje é a
cristofobia.
Eu, que tenho criticado com certa frequência a Justiça, a aplaudo desta vez.
Evo toma empresa de energia elétrica dos espanhóis. E o assalto feito à Petrobras na Bolívia uma semana depois de Dirceu se encontrar com o índio de araque
O
presidente da Bolívia, Evo Morales, o índio de araque — o nativo de
gibi —, nacionalizou a empresa Rede Elétrica Espanhola (REE). A decisão
ocorre duas semanas depois de Cristina Kirchner ter dado uma rasteira
nos espanhóis no caso da Repsol. Ambas as ações têm tecnicalidades
distintas, mas são diferenças que não fazem diferença. Nos dois casos, a
brincadeira é a seguinte: “Nossos governos estão encalacrados, e temos
de achar um jeito de botar a culpa em alguém…” Como reza velho adágio de
Samuel Johnson, “o patriotismo é o último refúgio dos canalhas”.
A imprensa
tem lembrado que à ação de Cristina se segue a de Morales. Mas também
pode ser o contrário. Quem inaugurou a moda de tomar pelas armas o que
pertence aos outros foi Evo, quando tungou, no dia 1º de maio de 2006,
as duas refinarias da Petrobras na Bolívia. Elas tinham sido compradas
em 1999 por US$ 104 milhões. No período, receberam investimentos de US$
30 milhões. Oficialmente, o governo boliviano ofereceu pela
nacionalização US$ 112 milhões. Mas nunca ninguém viu a cor do dinheiro.
O Petrobras foi roubada e ponto.
E como
reagiu o governo brasileiro ao ver parte do patrimônio de seu povo ser
tungado? Deu o maior apoio ao índio de araque e ainda lhe abriu as
portas do BNDES para financiar uma estrada — aquela que acabou em rolo
com indígenas — que só serve ao transporte de folha de coca, que depois
vira o pó que inunda o Brasil e alimenta o narcotráfico. Evo foi
compreensivo com os brasileiros por tamanha generosidade. Pesquisem:
incentivou a criação de novos campos de cultivo da planta mais perto da
fronteira com o nosso país. A variedade plantada não serve para mascar
(o tal “consumo ritual”). Só serve mesmo, depois de processada, para…
cheirar!
Um dos
“consultores” ouvidos pelo governo boliviano dias antes de Evo anunciar
que roubaria as duas refinarias da Petrobras foi… José Dirceu. Isso
mesmo: o valente viajou à Bolívia no dia 23 de abril de 2006,
encontrou-se com o presidente e retornou no dia seguinte. Uma semana
depois, as refinarias não pertenciam mais à Petrobras, e o governo Lula
aplaudiu a decisão e deu crédito barato ao “querido Evo”. O Zé viajou
num jatinho Citation 7 registrado em nome da siderúrgica MMX, de Eike
Batista.
O governo
espanhol precisa aprender a ser bonzinho, como diria aquela antiga
personagem de Kate Lyra, como é o brasileiro. Em vez de reclamar quando
alguém lhe rouba alguma coisa, deve aplaudir. E ainda enviar
“assessores” especiais para instruir os ladrões.
Brizola Neto no Ministério do Trabalho: Seria ele o Einstein do trabalhismo, o Rimbaud da política, o Mozart na negociação?
A
presidente Dilma Rousseff nomeou para o Ministério do Trabalho um rapaz
que vai fazer 34 anos em outubro: Brizola Neto. Nem está ainda na
categoria daqueles brasileiros que podem exercer qualquer cargo público:
para a Presidência da República e para o Senado, exige-se a idade
mínima de 35 anos. O estrago que a inexperiência pode fazer num
ministério é infinitamente superior à que pode provocar no Senado
Federal, onde há mais 80 para eventualmente controlar certos ímpetos.
Juventude,
em si, não é o problema a depender do assunto. Com a idade de Brizola
Neto, Einstein já tinha doutorado havia 8 anos, e Rimbaud tinha parado
de escrever havia… 17!!! E Mozart então? Estava a apenas um ano da morte
e já havia feito tudo aquilo… Brizola Neto, como é notório, não é o
Einstein do trabalhismo, o Rimbaud da política, o Mozart da negociação. É
o quê?
Um rapaz que
se elegeu em razão do nome do avô. Tem uma carreira política curta e,
como se viu pela reação que se seguiu a seu nome, está longe de ser
unanimidade em seu próprio partido. Tanto é assim que Gilberto Carvalho,
secretário-geral da Presidência, teve de vir a público nesta terça para
lembrar que nomear ministros é prerrogativa da presidente da República.
Claro que é! Ao fazer tal afirmação, endossa, na prática, ainda que com
outro viés, a crítica de parcela significativa do PDT. que afirma que
ele não representa o partido.
Um ministro
de estado é o braço operativo do presidente da Repúbica, executa a sua
política. Mas seu estilo pessoal faz a diferença. Dá-se de barato que
uma de suas atribuições é resolver conflitos, em vez de criá-los. Quem
já leu uma vez ou outra os “tijolaços eletrônicos” de Brizola Neto — as
suas diatribes na Internet, tentando mimetizar os longos textos que o
avô publicava nos jornais como matéria paga — vai constatar que Dilma
botou no ministério, como posso dizer?, um dos blogueiros do JEG… Não
sei porque não os leio, mas devem estar animadíssimos.
Quem queria a
sua nomeação era o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente
da Força Sindical. “Paulinho da Força” se dizia um possível
pré-candidato do partido à Prefeitura de São Paulo. Especula-se que
Dilma nomeou Brizola Neto em troca do apoio da legenda à candidatura do
petista Fernando Haddad em São Paulo. Vamos ver. A ser assim, seria a
segunda concessão feita pela presidente de olho na disputa da capital
paulista. Também Marcelo Crivella, ministro da Pesca (PRB) — aquele
sobrinho de Edir Macedo que anunciou que aprenderia a pôr minhoca no
anzol… Já terá aprendido? —, teria o objetivo de fazer diminuir a
rejeição dos evangélicos ao nome de Haddad. A Igreja Universal
representa apenas parcela minoritária dos evangélicos. De resto, o fato
de a igreja ser parceira do PT não implica que os fiéis também o sejam.
Duvido que mesmo os frequentadores da Universal endossem algumas
escolhas feitas pelo ex-ministro da Educação… Mas volto a Brizola Neto.
A menos que
esse rapaz mude radicalmente de postura — para falar a verdade, duvido
muito! —, Dilma está mais levando o conflito para dentro do Ministério
do que uma solução. Mesmo como arranjo político, parece coisa manca. No
que concerne, então, às especificidades da pasta, aí estamos no mais
absoluto escuro. O que pensa Brizola Neto? Qual é sua intimidade com a
área? Qual é o seu pensamento? Ninguém sabe! Dilma nomeou o neto de
Brizola, que escrevia tijolaços eletrônicos.
Até a
nomeação, o feito mais notável desse rapaz era atacar com fúria bucéfala
qualquer um, na imprensa ou fora dela, que “ousasse” fazer uma crítica
ao governo, por mais modesta que fosse. Criticar a crítica, digamos
assim, é parte do jogo. Pode-se fazê-lo de modo inteligente ou boçal.
Brizola Neto sempre escolheu o segundo caminho, excitando a bile de
petralhas e associados. Se mantiver o estilo, Dilma terá levado a briga
de rua e a polêmica vazia e barulhenta para dentro do Ministério do
Trabalho.
Para encerrar: Brizola Neto não tem quadros para compor sua equipe. Na prática, o ministério será comandado por Paulinho.
Dilma vai baixar o rendimento da poupança; só não sabe será antes da eleição
Dois dias depois de defender em cadeia nacional de TV a redução dos
juros, a presidente Dilma Rousseff reúne hoje os líderes dos partidos
governistas para discutir medidas econômicas que permitam baixar ainda
mais as taxas bancárias e pode incluir na discussão mudanças na
remuneração da caderneta de poupança. Dilma definiu como estratégia de
seu governo reduzir os juros reais da economia para no máximo 2% ao ano
até o fim de seu mandato, meta que para ser atingida demanda alterações
no rendimento da aplicação mais popular do país. A medida, já tentada
antes, tem caráter altamente polêmico, principalmente neste ano
eleitoral.
Em
pronunciamento de TV e rádio anteontem, Dilma acusou uma “lógica
perversa” do setor financeiro e cobrou redução dos juros cobrados pelos
bancos privados. Segundo assessores, na reunião de hoje no Palácio do
Planalto ela pretende “preparar o terreno” para tratar das mudanças na
poupança. Um assessor presidencial disse à Folha que
ela quer discutir o assunto com seus aliados, mas ainda avaliava a
viabilidade política, já que este é um ano eleitoral e o tema de “mudar a
poupança” é visto com desconfiança. Atualmente, os juros reais -taxa do
Banco Central, descontada a inflação- no Brasil estão em 3,3% ao ano,
nível mais baixo desde o início dos anos 90.
Apesar de
próximo ao piso de 2% ao ano desejado por Dilma, as reduções a partir do
patamar atual são mais difíceis por esbarrarem em problemas estruturais
-um deles, a remuneração da caderneta de poupança. Fixado em lei, o
rendimento mínimo da poupança equivale à variação da TR (Taxa
Referencial) mais 6,17% ao ano, funcionando como um piso para taxa de
juros. Se a taxa básica do BC, hoje em 9% ao ano, ficar próxima do
rendimento da poupança, aplicações como fundo de investimento ficariam
menos rentáveis que a caderneta porque pagam Imposto de Renda e taxa
administrativa.
Isso
provocaria fuga de recursos para a poupança, criando problemas para os
bancos e dificuldades para o governo financiar sua dívida. Alguns
líderes governistas, porém, estão aconselhando Dilma a deixar a mudança
para depois das eleições, o que pode fazê-la mudar de ideia e não
apresentar o tema hoje.
Cachoeira sobre Demóstenes: “Pedido nosso é uma ordem”
Telefonemas interceptados pela Polícia Federal mostram que a cúpula da
empreiteira Delta Construções atuou para proteger o vice-líder do PMDB
na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), em processo que o parlamentar
movia contra uma jornalista. É a primeira vez que Cunha, que é amigo do
dono da empreiteira, Fernando Cavendish, é citado em grampos da Polícia
Federal na Operação Monte Carlo, que originou a CPI do Cachoeira. Em
conversa gravada no dia 25 de março de 2011, o então diretor regional da
Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, conversa com o suspeito de
contravenção Carlinhos Cachoeira a respeito de um depoimento que o
senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) daria quatro dias depois em
um processo que Cunha move contra a jornalista Dora Kramer, de “O Estado
de S. Paulo”.
A ação está
trancada desde maio passado no Tribunal de Justiça de São Paulo. O
processo questiona um artigo sobre a disputa pelo controle do fundo de
pensão de Furnas, que citava Cunha. Abreu relata a Cachoeira ter sido
“incumbido” de convencer Demóstenes, arrolado como uma das três
testemunhas de defesa da jornalista, a “não pegar pesado” com o
vice-líder do PMDB. Demóstenes e Cunha são adversários políticos. “Eu
fui incumbido aqui para falar com você para falar lá com o Demóstenes,
cara”, diz Abreu. “Ele vai depor a favor da Dora, só que estão pedindo
para mim ir lá conversar com ele para não pegar pesado com o Eduardo.”
Cachoeira
diz então que irá conversar sobre o pedido com o senador, e indica estar
otimista com a receptividade do senador: “Vamos conversar. Pedido nosso
é uma ordem”.
Contraventor queria Demóstenes Torres prefeito de Goiânia
Gravações interceptadas pela Polícia Federal (PF) com autorização da
Justiça mostram o bicheiro Carlinhos Cachoeira discutindo com o vereador
de Goiânia Santana Gomes (PMDB) a candidatura do senador Demóstenes
Torres (ex-DEM, sem partido-GO) à prefeitura de Goiânia. Na conversa,
eles dizem que precisam de alguém com “poder na mão”. Até o início deste
ano, Demóstenes era um dos pré-candidatos mais cotados à prefeitura da
capital goiana. Mas desistiu publicamente da disputa.
O estouro do escândalo envolvendo Cachoeira sepultou as esperanças de quem ainda via no parlamentar um potencial candidato. Demóstenes Torres é considerado a ponte de Cachoeira com o mundo político em Brasília. “Deixa
eu te contar uma coisa: o Demóstenes vai ser nosso prefeito, não vai?
Nós temos que ter alguém com o poder na mão, chefe”, disse Santana
Gomes, em telefonema feito no dia 13 de março do ano passado. “Exatamente, exatamente”, responde Cachoeira.
Os dois
conversaram pelo telefone inicialmente para falar de Jorcelino Braga,
secretário estadual da Fazenda na gestão anterior, do ex-governador
Alcides Rodrigues (PP), de 2006 a 2010. Alcides,
que era vice do atual governador tucano Marconi Perillo (GO), assumiu o
governo quando o titular renunciou ao mandato para disputar o Senado,
em 2006. Mas eles terminaram por se afastar e Braga se desentendeu com
Marconi Perillo, que em 2011 voltou a ser governador de Goiás.
A Delta e o PT de Tocantins - Construtora transferiu R$ 120 mil para auxiliar da primeira-dama de Palmas
O tesoureiro da empreiteira Delta na região Centro-Oeste determinou, em
agosto passado, um depósito de R$ 120 mil na conta de uma assessora da
primeira-dama de Palmas (TO), segundo indicam escutas da Polícia Federal. A Delta, no centro do suposto
esquema de lavagem de dinheiro do empresário Carlinhos Cachoeira, é
detentora de um contrato de R$ 71 milhões para os serviços de coleta de
lixo na capital tocantinense, administrada por Raul Filho, do PT, desde
2005. O contrato é contestado por órgãos de controle. Rosilda Rodrigues
dos Santos, 29, teve sua exoneração do cargo de assessora parlamentar da
deputada estadual Solange Duailibe (PT), a primeira-dama, publicada no
último dia 10, mas retroativa a 1º de março -dia seguinte à deflagração
da Operação Monte Carlo, que desbaratou o esquema de Cachoeira.
Solange é
casada com Raul Filho e cunhada do pré-candidato do PT à sucessão do
marido, o vereador Ivory de Lira. Uma funcionária do gabinete da
deputada, que disse trabalhar ali há oito anos, informou
nunca ter ouvido falar em Rosilda, assessora de Solange. A própria
Solange disse, num primeiro momento, não saber quem é Rosilda, que foi
nomeada para o cargo em outubro de 2008. Mas, 24 horas depois, disse que
ela trabalhava no interior do Estado. O depósito para a assessora foi
efetuado em 9 de agosto de 2011, segundo indicam escutas telefônicas da
PF.
Sob a presidência de Rui Falcão, PT pediu a braço direito de Cachoeira varredura na sede do partido
Escutas feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo indicam que o
PT estava preocupado com grampos em sua sede nacional e solicitou uma
varredura ao araponga Jairo Martins, ligado ao grupo de Carlinhos
Cachoeira. O pedido foi feito em agosto, já com o deputado estadual Rui
Falcão (SP) na presidência da sigla. Os diálogos não deixam claro se a
varredura foi feita. O contato com Martins, que atua com o sargento
reformado Idalberto Araújo, o Dadá, foi feito por um integrante da
equipe de segurança do PT chamado Robson, que ainda trabalha para o
partido.
Robson pede
uma varredura na sede do PT e pergunta o preço. Jairo diz que daria uma
resposta em alguns dias. O PT, em nota, informou que “a segurança
ambiental do PT é feita por empresas contratadas no mercado”. E que,
“caso tenha ocorrido o que constaria nas escutas, fica claro que se
trataria de ação defensiva, jamais de espionagem”.
PMDB rechaça convocação de Cabral e promete apoio
Líderes do PMDB nacional
disseram não ter sido procurados pelo governador nos últimos dias, mas
reiteraram que não há motivos para a convocação de Cabral, que não é
citado nas investigações da Polícia Federal e não tem nenhuma ligação
conhecida com Cachoeira.
Um
parlamentar peemedebista disse ontem que será até melhor se o
requerimento de convocação do governador for apresentado no início dos
trabalhos, pois será derrubado “com mais facilidade”. Todos reconhecem,
porém, o enorme desgaste de Cabral com a divulgação das imagens de
viagens do governador ao lado de Fernando Cavendish.
Em guerra
com Cabral, Garotinho conta com a articulação dos partidos de oposição,
já que o PR vetou a indicação de seu nome para a CPI e não dá sinais de
que apoiará a convocação do governador. “Tudo o que já mostrei e o que
ainda vou revelar aqui no blog é aperitivo perto do que vou levar para a
CPI”, avisou Garotinho na última segunda-feira. Garotinho divulgou
fotos de Cavendish, Cabral e secretários na saída de uma festa em Paris.
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