A
presidente Dilma Rousseff nomeou para o Ministério do Trabalho um rapaz
que vai fazer 34 anos em outubro: Brizola Neto. Nem está ainda na
categoria daqueles brasileiros que podem exercer qualquer cargo público:
para a Presidência da República e para o Senado, exige-se a idade
mínima de 35 anos. O estrago que a inexperiência pode fazer num
ministério é infinitamente superior à que pode provocar no Senado
Federal, onde há mais 80 para eventualmente controlar certos ímpetos.
Juventude,
em si, não é o problema a depender do assunto. Com a idade de Brizola
Neto, Einstein já tinha doutorado havia 8 anos, e Rimbaud tinha parado
de escrever havia… 17!!! E Mozart então? Estava a apenas um ano da morte
e já havia feito tudo aquilo… Brizola Neto, como é notório, não é o
Einstein do trabalhismo, o Rimbaud da política, o Mozart da negociação. É
o quê?
Um rapaz que
se elegeu em razão do nome do avô. Tem uma carreira política curta e,
como se viu pela reação que se seguiu a seu nome, está longe de ser
unanimidade em seu próprio partido. Tanto é assim que Gilberto Carvalho,
secretário-geral da Presidência, teve de vir a público nesta terça para
lembrar que nomear ministros é prerrogativa da presidente da República.
Claro que é! Ao fazer tal afirmação, endossa, na prática, ainda que com
outro viés, a crítica de parcela significativa do PDT. que afirma que
ele não representa o partido.
Um ministro
de estado é o braço operativo do presidente da Repúbica, executa a sua
política. Mas seu estilo pessoal faz a diferença. Dá-se de barato que
uma de suas atribuições é resolver conflitos, em vez de criá-los. Quem
já leu uma vez ou outra os “tijolaços eletrônicos” de Brizola Neto — as
suas diatribes na Internet, tentando mimetizar os longos textos que o
avô publicava nos jornais como matéria paga — vai constatar que Dilma
botou no ministério, como posso dizer?, um dos blogueiros do JEG… Não
sei porque não os leio, mas devem estar animadíssimos.
Quem queria a
sua nomeação era o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente
da Força Sindical. “Paulinho da Força” se dizia um possível
pré-candidato do partido à Prefeitura de São Paulo. Especula-se que
Dilma nomeou Brizola Neto em troca do apoio da legenda à candidatura do
petista Fernando Haddad em São Paulo. Vamos ver. A ser assim, seria a
segunda concessão feita pela presidente de olho na disputa da capital
paulista. Também Marcelo Crivella, ministro da Pesca (PRB) — aquele
sobrinho de Edir Macedo que anunciou que aprenderia a pôr minhoca no
anzol… Já terá aprendido? —, teria o objetivo de fazer diminuir a
rejeição dos evangélicos ao nome de Haddad. A Igreja Universal
representa apenas parcela minoritária dos evangélicos. De resto, o fato
de a igreja ser parceira do PT não implica que os fiéis também o sejam.
Duvido que mesmo os frequentadores da Universal endossem algumas
escolhas feitas pelo ex-ministro da Educação… Mas volto a Brizola Neto.
A menos que
esse rapaz mude radicalmente de postura — para falar a verdade, duvido
muito! —, Dilma está mais levando o conflito para dentro do Ministério
do que uma solução. Mesmo como arranjo político, parece coisa manca. No
que concerne, então, às especificidades da pasta, aí estamos no mais
absoluto escuro. O que pensa Brizola Neto? Qual é sua intimidade com a
área? Qual é o seu pensamento? Ninguém sabe! Dilma nomeou o neto de
Brizola, que escrevia tijolaços eletrônicos.
Até a
nomeação, o feito mais notável desse rapaz era atacar com fúria bucéfala
qualquer um, na imprensa ou fora dela, que “ousasse” fazer uma crítica
ao governo, por mais modesta que fosse. Criticar a crítica, digamos
assim, é parte do jogo. Pode-se fazê-lo de modo inteligente ou boçal.
Brizola Neto sempre escolheu o segundo caminho, excitando a bile de
petralhas e associados. Se mantiver o estilo, Dilma terá levado a briga
de rua e a polêmica vazia e barulhenta para dentro do Ministério do
Trabalho.
Para encerrar: Brizola Neto não tem quadros para compor sua equipe. Na prática, o ministério será comandado por Paulinho.
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