Telefonemas interceptados pela Polícia Federal mostram que a cúpula da
empreiteira Delta Construções atuou para proteger o vice-líder do PMDB
na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), em processo que o parlamentar
movia contra uma jornalista. É a primeira vez que Cunha, que é amigo do
dono da empreiteira, Fernando Cavendish, é citado em grampos da Polícia
Federal na Operação Monte Carlo, que originou a CPI do Cachoeira. Em
conversa gravada no dia 25 de março de 2011, o então diretor regional da
Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, conversa com o suspeito de
contravenção Carlinhos Cachoeira a respeito de um depoimento que o
senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) daria quatro dias depois em
um processo que Cunha move contra a jornalista Dora Kramer, de “O Estado
de S. Paulo”.
A ação está
trancada desde maio passado no Tribunal de Justiça de São Paulo. O
processo questiona um artigo sobre a disputa pelo controle do fundo de
pensão de Furnas, que citava Cunha. Abreu relata a Cachoeira ter sido
“incumbido” de convencer Demóstenes, arrolado como uma das três
testemunhas de defesa da jornalista, a “não pegar pesado” com o
vice-líder do PMDB. Demóstenes e Cunha são adversários políticos. “Eu
fui incumbido aqui para falar com você para falar lá com o Demóstenes,
cara”, diz Abreu. “Ele vai depor a favor da Dora, só que estão pedindo
para mim ir lá conversar com ele para não pegar pesado com o Eduardo.”
Cachoeira
diz então que irá conversar sobre o pedido com o senador, e indica estar
otimista com a receptividade do senador: “Vamos conversar. Pedido nosso
é uma ordem”.
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