Uma criança de 6 anos com os olhos vendados estendeu a mão a um cálice de vidro no dia 4 de novembro para escolher o primeiro novo papa copta em mais de 40 anos, um patriarca que promete uma nova era de integração para a minoria cristã egípcia, enquanto luta com a onda de violência sectária, com a nova dominação islâmica, e com pressões internas por reformas.
Falando às câmeras de TV que o cercavam em seu mosteiro em uma cidade deserta, o papa designado, bispo Tawadros, indicou que planejava reverter o papel explicitamente político de seu predecessor, o Papa Shenouda III, que morreu em março. Por quatro décadas, Shenouda atuou como principal representante copta na vida pública, e conquistou favores especiais para o seu rebanho ao apoiar publicamente o presidente Hosni Mubarak, e no ano passado exortou em vão que os coptas se afastassem dos protestos que finalmente derrubaram o regime.
"É importante que a igreja volte e viva consistentemente dentro dos limites espirituais porque essa é a sua obra principal, a obra espiritual", o bispo afirmou; e prometeu dar início ao processo de "reorganizar a casa começando por dentro" e "de atrair sangue novo" após sua ordenação, no dia 18 de novembro, como Papa Tawadros II. Em uma entrevista à televisão copta recentemente, ele deu um novo tom ao incluir como suas prioridades "conviver com nossos irmãos, os muçulmanos" e "a responsabilidade de preservar nossa vida comum".
"Biblicamente, a integração na sociedade é uma característica cristã fundamental", Tawadros afirmou então. "Essa integração é fundamental – a integração construtiva moderada", acrescentou. "Todos nós, como egípcios, temos de participar."
Ativistas e intelectuais coptas disseram que o afastamento da política sinalizou uma transformação avassaladora no relacionamento da minoria cristã com o estado egípcio, mas também respondeu a uma demanda forte dos cristãos leigos de ter voz própria no Egito mais democrático.