A crise econômica de 2008 não foi a primeira e não será a última a atingir a economia brasileira. Crises econômicas são recorrentes e naturais no modelo capitalista. O mercado é muito eficiente, é um fantástico gerador de riquezas e produtividade, fundamentado em seus princípios de competição, meritocracia e inovação, associados ao trabalho árduo, pesquisa e tecnologia.
Historicamente, o capitalismo tem se apresentado de forma não linear, porém cíclica, alternando períodos mais longos e suaves de prosperidade, com crises ou recessões, que se apresentam agudas e intensas, porém de duração mais curta.
Nenhum economista até o presente, encontrou uma fórmula para evitar as crises, que em um mundo globalizado se alastram por todo o planeta, como ocorreu em 2008. Quando, e se um dia, alguém descobrir a solução, certamente receberá o Prêmio Nobel de Economia.
Como fazer então, como prevenir-se para o problema que é líquido e certo? Como atravessar o período de uma crise sem traumas e até ganhar com o problema?
A resposta é simples de falar ou escrever, porém não muito fácil de praticar. Precisamos todos nós, pessoas, empresas e governos federal, estaduais e municipais, desenvolver o saudável hábito de poupar e investir boa parte dessa poupança, que é o sacrifício parcial do consumo, em ativos facilmente conversíveis em moeda, como por exemplo, CDB - Certificados de Depósito Bancário ou títulos do Tesouro Direto, que certamente nos possibilitarão passar mais facilmente pela próxima crise.
Na fase aguda da crise, todos, ou quase todos os ativos, como imóveis, ações, empresas, automóveis, commodities, obras de arte, etc. têm seus preços reduzidos fortemente, tornando-se verdadeiras pechinchas, todavia só conseguirão aproveitar as oportunidades, aqueles que reservaram poupança com liquidez. Nesses períodos, verdadeiras fortunas trocam de mãos e como disse o mega investidor George Soros, “a prosperidade não é para sempre e o caos não é total, quem souber discernir o caos, poderá ficar rico”.
Na última crise de 2008, o Brasil, finalmente, tomou medidas anticíclicas de país maduro: reduziu a taxa de juros e alguns impostos, aumentou o crédito e passamos rápida e suavemente pela crise, porque o Governo Federal tinha altas reservas e uma macroeconomia com fundamentos sólidos, contrariamente às crises anteriores, em que precisou elevar a taxa de juros para atrair capitais estrangeiros, pois nossas reservas eram baixas, retardando ainda mais a saída da crise.
Assim deve ser comigo, com você que gentilmente me lê, e com as empresas prudentes. Oxalá, tenhamos todos tal atitude e sabedoria financeira, para podermos praticar medidas econômicas anticíclicas na próxima crise .
LAERTE DE JESUS ALIOTTI, é mestre em Economia pela PUC-SP, pós-graduado como Especialista em Estudos Brasileiros pelo Mackenzie e Professor de Economia e Finanças do Centro Universitário UNI-ÍTALO.