Associação Socioambientalista de Ubatuba (ASSU) promove diversas ações educativas em toda a região, em especial na Ilha dos Pescadores, em Ubatuba
A qualidade das águas é fator determinante para o movimento do turismo na região. Pensando nisso, com o intuito de auxiliar os segmentos náutico e pesqueiro na compreensão de como exercer seu papel econômico sem custos à qualidade do meio ambiente, a Associação Socioambientalista Somos Ubatuba (ASSU) deu início, em agosto do ano passado, ao Projeto Marinas do Rio ao Mar.
Atualmente, a equipe está executando a terceira etapa do projeto, que envolve a comunidade pesqueira e seus familiares na Ilha dos Pescadores, em Ubatuba.
Fomentado pelo Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos), o projeto é coordenado pela Agência Ambiental de Ubatuba – Cetesb desde 2005 e esta fase educacional tem como objetivos a produção, a sistematização e a divulgação de conhecimentos sobre os vários tipos de poluentes associados a estas atividades.
Os educadores ambientais que trabalham no projeto acreditam que uma das ações mais efetivas para a transformação do quadro de degradação ambiental é integrar o público alvo a sua bacia hidrográfica, sensibilizando-o acerca das relações entre homem-natureza.
Deste modo, os participantes das atividades poderão vir a atuar como replicadores e multiplicadores das informações sobre conservação ambiental e desenvolvimento sustentável.
Ações
A equipe do projeto vem realizando desde o ano passado oficinas de consolidação de Boas Práticas de Manutenção (BPM) de embarcações e palestras sobre os impactos ambientais das atividades náuticas para proprietários e funcionários que atuam neste setor - marinas, iates clubes, garagens, mecânicas instaladas nas quatro cidades do litoral norte paulista. Atualmente, o projeto está promovendo gincanas eco-cooperativas nas escolas públicas das quatro cidades da região e em comunidades localizadas no entorno destas instalações náuticas.
Segundo Maria Luiza Camargo, responsável pelas gincanas, o tema de boas práticas de manutenção de embarcações é trabalhado através de fotos e jogos lúdicos. “Temos recebido uma resposta muito positiva tanto dos professores quanto das crianças quando desenvolvemos as atividades. Muitos alunos são filhos de funcionários de marinas. Eles são muito espertos e observadores”, disse.
Ilha dos Pescadores
Além destas ações, a equipe de educadores coordena, desde agosto de 2010, reuniões semanais com os trabalhadores da pesca da Ilha dos Pescadores de Ubatuba, onde se discutem os problemas socioambientais desta comunidade.
As atividades desenvolvidas nestes encontros abordam a questão ambiental, além de conduzir a comunidade à discussão e ao diálogo a respeito das condições da vida local e o papel destes indivíduos diante dessas condições. Com esta ideia, os diálogos destas reuniões têm como princípio a construção do pensamento crítico e seu uso na problematização da realidade dos atores sociais envolvidos e sua participação como cidadãos ativos diante dessas questões na busca por propostas e caminhos para resolver os problemas socioambientais identificados.
“De um modo geral, a comunidade da Ilha dos Pescadores, escolhida para a realização do projeto vem enfrentando algumas dificuldades em relação à valorização cultural e profissional, características que promovem passividade quanto às reivindicações perante o poder público”, diz a responsável por estas reuniões com a comunidade pesqueira, a bióloga e educadora ambiental, Camila Oliveira. “Por esta razão, trabalhamos com a intenção de compartilhar experiências vivenciadas, a fim de dar ímpeto à organização, mobilização e empreendedorismo; características preponderantes para que os pescadores sejam protagonistas ativos nos projetos que eles mesmos devem elaborar na última etapa do Marinas do Rio ao Mar”, afirma. A população é convidada a refletir e desenvolver sobre critérios como representatividade, interdisciplinaridade, competência, coletividade, organização e valores.
No decorrer destas reuniões, o empreendedorismo, a gestão da Ilha dos Pescadores e suas questões fundiárias, os benefícios para categoria (pescador profissional), a cultura e a legislação ambiental foram os temas de maior interesse a comunidade da pesca.
Assim, em abril de 2011 foi iniciada a segunda etapa do projeto com a comunidade pesqueira da Ilha dos Pescadores, que vem oferecendo, entre outras ações, palestras de profissionais ligados às áreas de interesse dos atores sociais envolvidos. Espera-se que o esclarecimento sobre estes temas dê subsídios aos pescadores e auxiliem a identificação das ações prioritárias na elaboração dos projetos.
Resultados
Os resultados alcançados pelos educadores até o momento são: 40 indivíduos mobilizados e sensibilizados diretamente, três mutirões de limpeza do píer, duas festas planejadas e organizadas pela comunidade, plano de ação para solucionar o problema do descarte de resíduos de camarão e execução deste procedimento, comunidade mobilizada para segregação de resíduos domésticos, oficinas de garrafa Pet para construção de móveis e mais de 240 profissionais capacitados sobre as Boas Práticas de Manutenção. O problema em relação ao lixo do mar também foi pauta nas reuniões. Os pescadores revelaram ter consciência do papel deles em relação a esse tipo de resíduo. Atuando como “garis do mar”, eles sempre trouxeram das águas o lixo coletado pelas redes de arrasto, mas o deixaram de fazer devido à falta de coleta, já que é um lixo diferenciado devido ao crescimento de alguns organismos que permanecem incrustados nos objetos recolhidos e, portanto o acúmulo desse resíduo atrai animais como os urubus e até ratos. Com estas informações, a equipe do projeto conseguiu que este lixo trazido do mar seja recolhido pela Prefeitura do Município de Ubatuba. E embora não seja possível mensurar o número de embarcações que realizam a coleta e a quantidade em quilos que está sendo recolhida diariamente, a comunidade pesqueira já pode sentir os resultados de sua participação ativa nas questões de interesse comunitário.
O projeto tem previsão de término para agosto deste ano.
Oficinas
As oficinas de Boas Práticas de Manutenção para barcos de pesca são inéditas no país e visam dar orientações ambientalmente adequadas sobre manutenção/limpeza destas embarcações aos trabalhadores. Nestas oficinas também serão divulgados os resultados sobre a qualidade das águas de rios e praias do Litoral Norte. Todos os interessados podem participar gratuitamente e terão direito ao certificado.
Segue abaixo a agenda das oficinas:
14/6 - Tabatinga - Centro Comunitário – 14h
20/6 - Praia de São Francisco - Sala Batuira – 14h
27/6 - Boiçucanga- Praça do Pôr do Sol – 14h
28/6 - Ilhabela - Colônia de Pesca – 14h
4/7- Boiçucanga - Praça do Pôr do Sol – 14h
5/7 - Ilhabela - Colônia de Pesca – 14h