SÃO PAULO - O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), candidato derrotado nas eleições presidenciais do ano passado, disse na tarde desta segunda-feira em seu Twitter que não existe "esmagamento" de grupos internos no seu partido. Comentando o resultado de que teria saído derrotado da convenção nacional do PSDB, realizada no último sábado, disse que é um erro, "um tiro no pé", trazer a disputa de 2014 para 2011.
"O esmagamento de grupos do PSDB por outros grupos do PSDB só existe no mundo virtual. Se não fosse virtual, seria vitória de Pirro", afirmou no Twitter, postando logo em seguida: "Tenho insistido muito nisso: é um erro grave trazer as eventuais disputas de 2014 para 2011. Para a oposição, é o popular 'tiro no pé'."
Em um chamamento à unidade, o ex-governador, que foi eleito presidente do conselho político do partido na convenção, afirmou ainda que os tucanos não podem deixar "a mentira e a intriga prosperarem" internamente.
"Não podemos deixar a mentira e a intriga prosperarem, nos dividirem. Quem faz isso trabalha pelos adversários", disse no Twitter, complementabndo em outra "tuitada": "Temos de corresponder às expectativas de tanta gente que confiou em nós."
No post seguinte Serra colocou um link com a chamada "Fiscalizar, cobrar coerência, criticar os erros, apresentar nossas propostas, mobilizar" para lembrar de "alguns trechos" de seu discurso "de improviso" na convenção do PSDB. No primeiro trecho do texto "Nossa união é a fraqueza deles; nossa desunião, a fortaleza deles", postado no seu blog, ele critica os adversários que afirmam que os tucanos estão enfraquecidos e rachados.
"Nossos adversários querem fazer crer que somos fracos. Isso não é verdade. Lutando contra o uso da máquina governamental, tivemos quase 44 milhões de votos na última eleição. Ganhamos a eleição presidencial em dez estados. Elegemos oito governadores do partido e mais três que apoiamos. Nosso problema é outro: temos de corresponder às expectativas de tanta gente que confiou em nós. Fiscalizar, cobrar coerência, criticar os erros, apresentar nossas propostas, mobilizar. Coisas que até os que votaram nos adversários querem que façamos."
E arremata: "Não podemos deixar a mentira e a intriga prosperarem, nos dividirem. Quem faz isso trabalha pelos adversários. É isso o que desejam: um PSDB diminuído e desunido."
Criticando diretamente o governo, o tucano afirma no texto que quem foi eleita não governa, numa alusão a intervenção do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.
"Em muito menos tempo de governo do que se poderia imaginar, o pior já está acontecendo. Temos uma Presidência em que, cada vez mais, quem foi eleita não governa, e quem governa não foi eleito. O atual governo se mostra negligente, omisso e incompetente. E recomeça o ritual de navegar nas águas da corrupção, dos escândalos", disse Serra.
Para o ex-governador tucano, "a verdadeira herança maldita" da presidente Dilma Rousseff foi deixada pelo governo Lula:
"O governo Lula deixou a verdadeira herança maldita à sucessora que ele próprio escolheu e elegeu. Inflação em alta, principalmente nos alimentos e nos serviços. Estradas abandonadas, aeroportos em colapso, portos que não dão conta, obras paradas por todo o país. Saneamento básico a passos de tartaruga. Educação e Saúde cada vez mais enriquecidas nos discursos e cada vez mais empobrecidas na realidade dos fatos. Desindustrialização em marcha – e não há país grande e forte no mundo com uma indústria fraca. As únicas coisas que vão bem nessa área são a exportação de bons empregos para outros países e a indústria da mistificação."
Serra disse, ainda, que o governo é "omiso" e "covarde" e que a "verdadeira herança maldita" está na questão da segurança
"A verdadeira herança maldita está na omissão do atual governo, na covardia da falta de empenho para melhorar e garantir a segurança contra o crime. Está no tráfico de drogas à solta. Lembram do grande anúncio eleitoral do combate ao crack? Uma fraude! Nossas fronteiras já eram escancaradas ao tráfico e ao contrabando de armas antes dos cortes recentes de recursos da polícia federal."