Dentro de 30 dias, as grandes empresas de comunicação do Rio de Janeiro terão que apresentar à Procuradoria Regional do Trabalho da 1ª Região (RJ) sugestões de medidas que reduzam a violência e o número de mortes de jornalistas no exercício da profissão em áreas de risco.
Na sexta-feira (dia 28/06), a procuradora Cynthia Maria Simões Lopes realizou audiência pública para tratar do tema. Na ocasião, o jornalista Arnaldo César, já representando a nova diretoria da ABI, apresentou um quadro deste que é um dos maiores problemas para a categoria. E, consequentemente, para o pleno exercício da liberdade de imprensa no Rio.
Há menos de dois meses, o Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP – divulgou um estudo patrocinado pela ONU no qual são analisadas 64 mortes de profissionais de comunicação nos últimos 20 anos no Brasil. O Rio de Janeiro aparece no levamento como o Estado mais violento do País com 13 assassinatos de comunicadores em duas décadas.
A estatística lamentável só tem aumentado no Estado. Nos últimos 30 dias, dois profissionais foram assassinados na cidade de Maricá, na Região dos Lagos. Em 18 de junho passado, Romário Barros, 31 anos, criador do site “Lei Seca Maricá”, foi morto a tiros ao chegar em casa.
Robson Giorno, 45 anos, editor do “Jornal Maricá” também foi emboscado e morto, em 25 de maio, ao retornar do trabalho. Os dois eram conhecidos por noticiar fatos políticos da Região. A prefeitura local mandou publicar anúncios prometendo que ataques “são inaceitáveis e não ficarão impunes”.
Do levantamento feito pelo CNMP, o caso mais chocante é o do jornalista Evany José Metzker, 67 anos. Em meados de maio de 2015, ele investigava uma quadrilha que traficava drogas, armas e explorava prostituição infantil no Vale do Jequitinhonha, no nordeste de Minas Gerais. Evany foi sequestrado, torturado, morto e decapitado. Sua cabeça foi encontra a 100 metros de distância do corpo. Até hoje, segundo levantamento do CNMP, a polícia mineira não conseguiu capturar os assassinos. O inquérito policial permanece inconcluso.
O brutal assassinato de Evany está entre as 32 mortes dos jornalistas (das 64 apuradas pelo Conselho do MP) que até hoje continuam sem qualquer solução. Isso coloca o Brasil entre as seis nações mais violentas do mundo para o exercício do jornalismo.