O presidente Michel Temer é contra o aumento dos salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista ao jornal O Globo, o peemedebista, há 11 dias efetivado na presidência, justificou sua posição afirmando que o aumento aos membros do Supremo “gera uma cascata gravíssima”.
“Eu já disse que isso daí gera uma cascata gravíssima. Porque pega todo o Judiciário, pega outros setores da administração, pega todo o Legislativo (…) Os telefonemas que eu recebi dos governadores foram: pelo amor de Deus, Temer, não deixa passar isso”, afirmou o presidente. O impacto do reajuste seria de cerca de 5 bilhões de reais.
Ele justificou os aumentos dados a categorias durante seu governo interino, entre maio e o final de agosto, como herança recebida de “acordos firmados em escrito” pelo governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Fazendo referência à expressão latina que introduz a famosa carta endereçada à petista, em que se diz um “vice decorativo”, Temer disse ao jornal que “Verba volant, scripta manent. O que está escrito tem que ser cumprido. Acertado por quem? Pelo governo anterior”.
Questionado se agora deixaria de lado o perfil conciliador que marcou a interinidade no Palácio do Planalto, Michel Temer afirmou que será “mais presidente da República”. “É claro que, durante a interinidade, eu fui mais cauteloso, porque afinal poderia não acontecer nada. Eu poderia deixar o cargo logo em seguida”, lembrou o peemedebista.
A respeito da reforma da Previdência, que o presidente mandará ao Congresso antes do primeiro turno das eleições municipais, no início de outubro, Temer disse concordar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para quem o envio agora seria “inócuo”. Para o presidente, as mudanças em fatores como a idade mínima para aposentadoria e diferença entre homens e mulheres “não se consegue aprovar cedo”. “Evidente que não. Vamos mandar, vai ter movimento de rua, vai ter aquelas coisas todas… E vai levar tempo. Ninguém vai discutir nesses últimos dias de setembro. Duvido que se discuta se tiver segundo turno”, afirmou o presidente na entrevista.
Quanto à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para impor um teto aos gastos públicos, Temer diz ser possível concluir as votações na Câmara e no Senado até o final do ano. “O Rodrigo Maia me disse que possivelmente até o fim de outubro consiga votar na Câmara. Aí fica novembro e dezembro pra votar no Senado”, prevê Temer, para quem “nesses próximos meses, especialmente quando nós aprovarmos o teto de gastos, quando encaminharmos a reforma da Previdência e ela começar a se processar no Congresso, o país vai crescer. Crescendo, cresce a arrecadação. Se cresce a confiança, cresce a arrecadação, cresce a estabilidade social”.
O presidente disse ver com “naturalidade” os protestos contra seu governo. Em São Paulo, apenas na semana passada, houve ao menos cinco manifestações pedindo sua saída da presidência e novas eleições, possibilidade classificada por Temer como “via transversal, que não é uma via constitucional”. “Primeiro, o rescaldo do impeachment. É claro, é um ato politicamente doloroso pra quem sai. Portanto, é uma luta política, não é simplesmente popular. Eu estou aqui por razões constitucionais”, afirma o peemedebista, que lembra: “a eleição (de Dilma, em 2014) se deu com apoio do PMDB, nós ganhamos a eleição” e “na convenção do PMDB, nós só ganhamos a convenção porque eu era o candidato a vice”.
Após a reportagem de capa de VEJA revelar que o ex-advogado-Geral da União recém-demitido, Fábio Medina Osório, diz que sua demissão se deu porque “o governo quer abafar a Lava Jato”, Temer justifica a mudança na AGU como “uma questão administrativa”. Apesar das declarações de Medina Osório no sentido de que o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, interveio junto a Grace Mendonça, a nova advogada-Geral da União, para impedir à AGU o acesso ao material da Lava-Jato, Temer diz que “jamais o Executivo vai interferir nessa matéria. Cada poder exerce o seu papel, e seria um absurdo do poder Executivo”.
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