Se há algum tempo atrás era muito comum que homens mais velhos se relacionassem com mulheres bem mais jovens, hoje percebemos com bastante frequência relacionamentos afetivos ou sexuais entre mulheres maduras e homens bem mais jovens. Mas por que a sociedade ainda vê com olhos mais generosos a união entre homens maduros e mulheres jovens e com olhos mais preconceituosos a situação contrária? Penso que esse olhar julgador esteja ainda calcado na cultura de que o homem pode tudo e a mulher não pode quase nada. Trata-se de um ranço machista que perdura ainda nos dias de hoje e que captura também as mulheres. Afinal, "o que vão pensar de mim?", muitas costumam se questionar. O que interessa é o que você vai pensar a seu próprio respeito, e então perceber se não passou da hora de rever seus valores.
Mas o fato é que muitas mulheres ainda não sabem lidar com esse preconceito, provavelmente porque elas próprias são preconceituosas ou porque não estão emocionalmente maduras para viver um romance ou um amor com liberdade de sentimentos e desejos. Afeiçoar-se ou apenas desejar estar com um homem mais novo é tão natural quanto estar com alguém mais velho ou com idade semelhante.
O que importa reconhecer é que a imaturidade nem sempre é fruto da pouca idade. Muitas mulheres se surpreendem com o quanto podem aprender com seus parceiros mais novos, já que ser mais jovem não significa necessariamente estar estacionado em comportamentos ou anseios adolescentes. Claro que nessa conta não é possível ignorar a vivência, mas ainda assim existem jovens mais vividos, mais experientes, com mais bagagem de vida em vários setores que muitas pessoas com mais idade.
No fim das contas, a idade cronológica, embora apresente algum diferencial num relacionamento, não é determinante de sucesso ou longevidade da relação. Ocorre que algumas mulheres que se relacionam com homens mais jovens se questionam, acreditando que se envolveram por estarem carentes, ignorando que os encontros genuínos são muito mais frequentes do que se imagina e que não é preciso ter um motivo específico para a relação acontecer. Outras se sentem por vezes inseguras com as "mocinhas" que porventura representem ameaça à estabilidade da relação. Ora, se o rapaz escolheu estar com a mulher madura, não seria porque ele vê nela atrativos que não encontrou em outras? Não seria, então, o caso de se questionar a respeito da própria autoestima?
Uma mulher mais madura não tem ideia do quanto pode ser sedutora apenas por ser mais velha. Do quanto pode ser admirada, especialmente quando se sente segura da mulher que é!
E quem é essa mulher para este homem? Ela pode ser a experiência, a segurança emocional, a destreza em lidar com assuntos ainda novos para ele, o desafio de uma conquista marcante, e junto com tudo isso pode ser também uma paixão, um amor, uma parceira com quem ele se sinta confortável para construir um relacionamento estável. Essa relação pode estar ameaçada com o passar dos anos? Sim, tanto quanto qualquer relacionamento que pode durar um dia ou uma década. Não há diferença, a não ser no preconceito com o fato.
Experiência pode ser valiosa para casal
A juventude está na mente, na vontade de viver, na intensidade e na verdade dos sentimentos e desejos. Negar algo que pulsa no peito e no corpo todo por medo dos olhares ou dos julgamentos embolorados é negar uma experiência que pode ser extremamente valiosa na vida de ambos. O desejo não mora só nos corpos jovens, mora antes numa mente firme e arejada. O amor não escolhe apenas as peles lisas, escolhe antes o sorriso fácil e o encanto que o olhar oferece.
Não será a diferença de idade que determinará o fim de um relacionamento, se é esse o medo que percorre os pensamentos secretos da mulher mais velha que o homem. Ninguém deveria se ocupar com os finais, mas com o que se pode produzir e apreciar no momento presente. Enquanto o homem mais novo empresta o vigor de sua juventude, a mulher mais madura oferece sua melhor porção: a vitalidade por vezes adormecida, a serenidade que direciona os impulsos desencontrados, a sabedoria que só o tempo concede.
E assim ambos podem formar uma linda parceria, confiando que o que importa está longe de ser a certidão de nascimento, e sim esse encontro sem datas, sem números, sem preconceitos. O que importa é a convicção dos sentimentos que os aproxima, pois não há nada mais convincente para o mundo do que a naturalidade e a desenvoltura com que o casal transita pela relação.
É muito mais produtivo e alentador acreditar que os questionamentos dos outros passam por uma ponta de inveja de sua coragem em assumir que está feliz ao lado seja lá de quem for, do que se ocupar com comentários. É muito mais honesto reconhecer os encantos de uma relação até então inusitada do que se perder nas razões que a motivaram.
Nada tem prazo de validade nem certificado de garantia. Então... Curta, viva a vida em sua plenitude! É hoje que ela acontece.
Sobre o autor
Celia Lima
Psicoterapeuta Holística, utiliza florais e técnicas da psicossíntese como apoio ao processo terapêutico. Presta atendimento individual e em grupo, e serviços de mentoring pessoal e profissional.
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