Com especulações sobre futuro ministro da Fazenda, Bolsa sobe 3,62% e anula queda da véspera
As previsões de que a reeleição de Dilma Rousseff provocaria uma catástrofe na Bolsa não se confirmaram. Com a expectativa de que o governo anuncie nomes mais alinhados com o mercado para a pasta da Fazenda, nesta terça-feira, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) se recuperou da queda de 2,77% da véspera e retornou ao patamar pré-reeleição. Reagindo às mesmas especulações, o dólar, por sua vez, recuou para a casa dos R$ 2,47.
O índice de referência Ibovespa fechou em alta de 3,62%, aos 52.330 pontos. A pontuação é maior que a do encerramento de sexta-feira passada, antes do segundo turno, que foi de 51.940 pontos. Foi também a maior alta diária desde o dia 13 de outubro.
O dólar comercial registrou queda de 1,94% frente ao real, afastando-se das máximas desde 2008 e devolvendo boa parte da forte alta de segunda-feira. A divisa terminou o dia cotada a R$ 2,472 para compra e a R$ 2,474 para venda.
- A alta de hoje é resultado de uma correção natural nos preços e, sobretudo, dos três nomes de possíveis ministros da Fazenda que estão sendo noticiados nos jornais, o (Luiz Carlos) Trabuco, do Bradesco, o Henrique Meirelles e o Nelson Barbosa. São bons nomes, pessoas que certamente negociariam autonomia para tocar a Fazenda e tomariam medidas opostas às que estão sendo tomadas hoje - afirmou Maurício Pedrosa, estrategista da Queluz Asset Management. - Mas o nome não é tudo, até porque a presidente não pareceu ontem ter muita pressa para anunciar o novo ministro.
Os analistas Cláudio Moura e Herzs Ferman, da corretora Elite, citaram a entrevista concedida por Dilma ontem à noite:
“A presidente deu entrevistas ontem ao Jornal Nacional e ao Jornal da Record onde afirmou que nesse governo vai se basear no diálogo. Dentre os setores que ela quer conversar está o financeiro. Quando foi questionada sobre a nova equipe econômica, respondeu que deve decidir antes do final do ano”
Reportagem do jornal “Valor Econômico” afirma nesta terça-feira que o nome de Luiz Carlos Trabuco, presidente-executivo do Bradesco, é uma indicação do ex-presidente Lula para ocupar a pasta no lugar de Guido Mantega. Outros nomes sugeridos por Lula são Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, e Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Dilma, porém, não deverá anunciar nomes nos próximos dias.
- Apesar da alta relevante de hoje, o mercado está ainda em compasso de espera. A valorização de hoje é um pouco de ajuste e de especulação sobre o futuro ministro da Fazenda - disse Raphael Figueredo, da corretora Clear.
PETROBRAS NÃO REPÕE QUEDA DA VÉSPERA
Depois de ter caído mais de 12% na véspera, a Petrobras registrou valorização hoje, mas não o suficiente para repor a baixa de ontem. Suas ações ordinárias (ON, com direito a voto) subiram 4,24%, enquanto as preferenciais (sem voto) tiveram alta de 5,17%. O Banco do Brasil, que havia caído 5,24% na segunda-feira, hoje avançou 7,17%. O Bradesco subiu 6,77%, enquanto o Itaú Unibanco avançou 5,29%. A Eletrobras, uma das empresas mais sensíveis ao cenário eleitoral, subiu 7,26%.
O recuo do dólar faz baixas entre as ações de companhias exportadoras. A Usiminas teve a maior baixa, de 4,19%, enquanto a Fibria Celulose caiu 1,55%.
Na ponta oposta, a maior alta percentual do pregão, de 15,49%, foi da companhia aérea Gol.
- A empresa está disparando porque a expectativa de que o dólar iria subir muito com a reeleição não se mostrou verdadeira. Como a companhia depende de combustível importado, ela é favorecida, assim como também ganha com a queda do petróleo no mercado internacional - disse um analista de um grande banco, que preferiu não ser identificado.
Contribuiu para a alta o fato de a Agência Nacional de Aviação Civil autorizar a companhia a abrir um novo voo mensal para os Estados Unidos.
Já a Light avançou 9,51% após notícia do GLOBO informar que a empresa busca aumento de 25% na tarifa de energia junto ao governo.
No exterior, as Bolsas sobem, com resultados corporativos positivos e expectativa sobre o anúncio, amanhã, do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). Na Europa, depois de balanços financeiros acima das expectativas de Novartis e UBS, o índice de referência Euro Stoxx fechou em alta de 1,24%. A Bolsa de Londres avançou 0,61% e a de Frankfurt, 1,86%. Nos EUA, o Dow Jones ganhou 1,12%, enquanto o S&P 500 subiu 1,19%.
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