A droga usada pelo estudante Victor Hugo Marques Santos, de 20 anos, que teria contribuído para a sua morte na USP, é uma “caixa de pandora”. A análise é da especialista em dependência química e psicóloga Fátima Rato Padin, da Universidade Federal de São Paulo.
A classificação da especialista parte do fato de que a substância denominada 25b-NBOMe, similar ao LSD (ácido lisérgico), é muito potente e pode causar efeitos inesperados, levando o usuário a perder o controle do que está fazendo.
© Hélvio Romero/Estadão
Descoberta em 2003, é considerada uma droga nova e seus efeitos e interações no corpo ainda não são totalmente conhecidos. O que mais preocupa, porém, é que ela pode estar sendo confundida com o LSD, alucinógeno com menor potencial relativo de dano ao corpo.
“O jovem está consumindo sem saber que é a NBOM. Ele compra como se fosse LSD.” Para a psicóloga, a falta de estudo científico sobre a droga impede conhecer a dimensão do perigo. “Tudo que é desconhecido o risco é maior. Existe um pântano de evidências de qual é o real impacto da NBOM.”
O consumo da substância por Santos - que havia participado de uma festa no velódromo da Universidade de São Paulo (USP) - foi apontado por um exame toxicológico do Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo. O documento foi enviado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que investiga a morte.
Ontem, os pais de Santos voltaram a falar. O advogado que representa a família, Ademar Gomes, informou que irá contestar o laudo e o classificou como “ineficaz”. “O laudo não esclarece a verdade.”
“Meu filho não é um viciado. Quero a resposta sobre o que aconteceu”, disse José Marques Santos, pai do estudante. A mãe, Vilma Costa e Santos, cobrou debate sobre a morte do filho na sociedade. “Vamos levantar uma bandeira e vamos salvar vidas. O Estado tem responsabilidade.” Os pais do jovem cobraram ainda informações sobre como o corpo teria parado na raia olímpica da USP.
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