Por ser viúva do ex-deputado estadual Nabi Abi Chedid, que exerceu mandato durante 40 anos na Assembleia Legislativa - de 1963 a 2003 - Beth Chedid recebe R$ 15.031 todos os meses como pensão pela contribuição compulsória de Nabi com a extinta carteira dos parlamentares paulistas. É, contudo, apenas um dos três vencimentos que ela recebe do poder público no Estado.
Funcionária efetiva da própria Assembleia, Beth recebe salário por trabalhar como assessora jurídica no gabinete do deputado Campos Machado (PTB) - ao contrário do Executivo, o Legislativo paulista não divulga o salário nominal de seus funcionários. Além disso, ela é vereadora na cidade de Bragança Paulista, onde recebe R$ 6.192. Por brechas legais, consegue receber os três vencimentos na íntegra.
"Por lei, a pensão não tem nada a ver com salário, não entra no computo de teto. É uma coisa absolutamente legal", argumenta ela. "O teto é o teto. A carteira é a carteira, não se soma a nada."
Beth sustenta que "nem haveria como a carteira deixar de existir porque todas as pessoas contribuíram com a Fazenda durante muitos anos". Ela afirma que Nabi contribuiu mesmo após a sua extinção, em 1991. "Ele continuou pagando até morrer. Ele recebia como aposentadoria e eu recebo como pensão".
A vereadora também afirmou que a "carteira está acabando", uma vez que a maioria dos beneficiários já são de idade avançada. "As viúvas estão bem velhinhas. Os antigos deputados vivos, a mesma coisa."
Ela ainda questionou o Estado sobre o motivo da reportagem. "Eu não entendo. Qual é o intuito? Tem alguém que não mereça estar na carteira?"
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