Preso há cerca de oito meses e aguardando julgamento de júri popular nos processos sobre o desaparecimento da ex-namorada Eliza Samúdio, o goleiro Bruno, que ainda tem contrato - suspenso - com o Flamengo, já treina até de uniforme rubro-negro na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, Minas Gerais, e sonha voltar à Gávea em breve.
O atual advogado de Bruno, Robson Pinheiro, vai entrar com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Enquanto isso, Bruno já se exercita com as cores do Flamengo.
- Ele está usando uniforme do Flamengo. Caneleira, meião, camisa. É uma motivação para ele voltar - disse o advogado.
Por sua vez, o Flamengo não quer mais Bruno de volta. Para isso, caso o goleiro consiga aguardar o julgamento em liberdade, o clube precisa pagar a multa rescisória, que chega a R$ 20 milhões. E, hoje, estaria disposto a abrir o bolso.
Cabe a Bruno, como profissional, se estiver livre, se apresentar ao clube. A partir desse momento, o contrato, que estava suspenso, entraria em vigor, e o salário do goleiro voltaria a ser pago.
Flu tentou Bruno em julho
Na ocasião, Bruno deixou o Flamengo ganhando cerca de R$ 150 mil mensais. O contrato vai até 2012.
Porém, logo que foi preso e levado para longe do Rio, em julho do ano passado, o jogador chegou a ser sondado pelo patrocinador do Fluminense. O interesse do Tricolor foi revelado pelo colunista Renato Maurício Prado, em sua coluna de ontem no jornal "O Globo".
O clube negou o interesse através do vice de futebol, Alcides Antunes: - Ninguém procurou ou fez proposta nenhuma.
O agente atual de Bruno, Victor Fernandes disse que foi procurado por alguns clubes. Já o empresário Eduardo Uram não era mais agente de Bruno quando o Flu sondou.
Cartas a amigos e vaquinha
Se assim que foi preso Bruno apresentou sinais de depressão, passando mal algumas vezes e sendo submetido ao uso de medicamentos, agora a situação mudou. Ele já tem um comportamento mais tranquilo e costuma enviar cartas a amigos e a colegas jogadores.
Dos boleiros, Bruno ainda recebe uma ajuda financeira, para auxiliar no custeio dos advogados e na manutenção da família. O patrimônio do jogador não foi tão mexido. A casa alugada no Recreio teve as dívidas quitadas com o repasse de um imóvel na planta, no mesmo bairro, ao proprietário.
Parentes também tentaram vender o sítio em Minas Gerais, mas faltou a assinatura da mulher de Bruno.
A estratégia da defesa do jogador é aproveitar um momento em que a justiça não vai agir pressionada e com tanta impulsividade.
Bruno vem se exercitando para perder os 12 quilos que ganhou desde que foi preso. E, para isso, teria recebido a oferta de ajuda de preparadores da época em que jogou no Atlético-MG: Sérgio Biônico e Marcelo Costa.
- Ele é um cara novo ainda, qualquer um que venha com uma boa proposta pode levar - garantiu o procurador do jogador, o advogado José Maria Campello.
Enquanto aguarda a decisão da justiça, Bruno sonha, de dentro da prisão, em voltar a ser quem um dia foi. Mas a justiça ainda promete novos e longos capítulos.
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