Em encontro de fundadores de startups, empresários de internet mantêm otimismo O Rio foi palco da segunda edição de investidores e empreendedores brasileiros. FOTO: Marcos de Paula/Estadão RIO DE JANEIRO - A segunda edição brasileira do Founders Forum foi realizada no Rio de Janeiro, em um luxuoso hotel no bairro de Santa Teresa. A seleção de convidados deu ao evento o aspecto de uma reunião entre bons amigos. Os presentes se resumiam a empreendedores brasileiros e investidores selecionados pelo anfitrião - o britânico Brent Hoberman -, todos com um interesse em comum: lucrar com a internet.
--- o Siga o 'Link' no Twitter, no Facebook, no Google+ no Tumblr e também no Instagram Quando não interagiam em dinâmicas de grupo e debates disputadíssimos sobre as vantagens de se investir no Brasil, os executivos conversavam, riam, bebiam e trocavam cartões perto da piscina.
"Reunimos um grupo pequeno porque isso torna toda a conversa muito relevante aqui. Em 30 minutos, travam-se negócios que podem ser importantíssimos para o mercado", diz Jose Marin, fundador da investidora IG Expansión e responsável por trazer o evento para o Brasil.
Entre os presentes, grandes empresas de investimento como a Redpoint e.ventures, Atomico, Valor Capital e Trindade Investimentos; e startups como Buscapé, Viajanet, Easyaula, Baby.com.br, OQVestir e Dafiti.
Ressaca. Aos risos, alguns participantes brincavam sobre a mudança de tom dos investidores em comparação com a edição de estreia, em 2012. "Ninguém tem caso de sucesso para contar mais?", brincou um. De certa maneira, o fórum reflete a situação desse mercado, que agora passa por um momento de "racionalidade" depois do período de "euforia", iniciado em 2010.
"Foi o ano da primeira onda de investimentos estrangeiros no País", lembra o investidor Everson Lopes, da Ideiasnet. "Muito investidor com dinheiro e poucas empresas para se aplicar o capital. Isso provocou o mercado. Vemos agora algo que era previsto: o retorno do montante investido. Os fundos querem realocar a verba ou vender a empresa." A Ideiasnet, desde janeiro de 2012, concluiu 13 vendas. "É um negócio cíclico", justifica.
Quem veio de fora, aprendeu que para investir no Brasil é preciso saber mais do que sobre samba e futebol. "O País é complexo. Os investidores se deram conta de que precisam estar aqui e entender como pensam os brasileiros. Aqui leva-se tempo para abrir empresas, impostos e custo de vida são altos e os negócios não são imediatos", diz Marin.
"No Brasil já há bons exemplos de startups, mas são poucos. O capital de risco aqui ainda é muito jovem e pequeno. Lá fora isso é gigante.", diz Carlos Pires, porta-voz da Atomico, investidora cirada pelo cofundador do Skype, Niklas Zennström. "O Brasil está entre as prioridades dos fundos do mundo. Em coisa de cinco anos, o Brasil, principalmente o Rio, vai se tornar uma outra coisa", acredita. "A nova grande empresa de sucesso pode surgir no Brasil e os investidores sabem disso." O engenheiro Paulo Veras se aventura na internet desde 1995, com a Tesla, empresa que criava sites sob demanda. De lá para cá, viu muitos altos e baixos e, hoje, considera que o Brasil é dono do "ecossistema perfeito" para esse mercado, mas que essa "revolução", como chama a explosão de empreendedorismo online brasileira, "está só no começo". Atualmente Veras é dono do aplicativo 99taxis, criado em agosto de 2012, e que até agora não recebeu nenhum investimento apesar de ter 100 mil usuários.
Daniel Finus é o representante da FarFetch, site inglês de venda de roupas e acessórios. Lá fora, compras de roupa online chegam a 10% do e-commerce, aqui não passa dos 2%, o que evidencia o potencial. "O Brasil é sexy, está na moda. Não diria que é uma mina de ouro, mas já é uma de cobre", brinca.