NOVA YORK - A camareira de 32 anos que acusa o diretor-gerente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, de agressão sexual e tentativa de estupro compareceu nesta quarta-feira à Justiça de Nova York para confirmar a denúncia. Os advogados da defesa anunciaram que entrarão com novo pedido de libertação mediante fiança na quinta, antes do novo depoimento de seu cliente, previsto para o dia seguinte.
Segundo o procedimento judicial americano, o grand jury (um júri ampliado, selecionado dentre o mesmo grupo de pessoas que servem como jurados no júri popular) examinará provas e ouvirá também o depoimento do acusado, antes de decidir se o caso é consistente e deve seguir a julgamento.
Se confirmado, o julgamento deve acontecer dentro de seis meses. Advogados de defesa informaram à rede CNN que apresentarão um pedido de libertação mediante uma fiança de US$ 1 milhão, a entrega do passaporte de Strauss-Kahn, e o uso de tornozeleira com chip de rastreamento, ou mesmo da aceitação de prisão domiciliar em Nova York. Pedido semelhante foi rejeitado pela juíza Melissa Jackson na segunda-feira.
A mulher que acusa Strauss-Kahn, uma imigrante da Guiné, muçulmana, vive há sete anos nos EUA com a filha, e não teve sua identidade revelada pela polícia. Seu advogado, Jeffrey Shapiro, disse que ela teme por sua segurança e pela da filha, e que a vítima só soube que o agressor era o diretor do FMI horas depois do ataque.
- Ela não tem outro objetivo que não seja dizer a verdade. Ela fez a denúncia porque acredita ser sua responsabilidade - disse Shapiro.
Polícia busca provas de DNA em hotel O advogado de defesa, Benjamin Brafman, sinalizou que negará a tese de estupro, afirmando que as provas periciais “não serão consistentes com um encontro forçado”.
- Não há nenhuma parte desse caso que possa ser descrita como relação consensual - rebateu Shapiro.
A polícia de Nova York retirou uma parte do carpete do quarto do hotel Sofitel, onde a tentativa de estupro teria acontecido, para exame de DNA. Segundo o relato da camareira, ela teria cuspido o esperma de Strauss-Kahn depois que ele a obrigou a praticar sexo oral. A polícia também está checando os registros de abertura da porta do quarto através de cartão magnético.
Os policiais vão averiguar, nos computadores do hotel, se a porta foi aberta e fechada nos horários indicados pela camareira. Ela alega ter entrado no quarto para fazer a arrumação, acreditando que estivesse desocupado, sendo surpreendida por Strauss-Kahn, que teria trancado a porta e a obrigado a praticar sexo oral e anal.