Além de toda a expectativa por Brasil x Croácia, a abertura da Copa do Mundo, nesta quinta-feira, reserva um momento especial para a ciência brasileira e mundial. Usando um exoesqueleto robótico, uma pessoa paraplégica deverá se levantar de uma cadeira de rodas, caminhar por cerca de 25 metros na Arena Corinthians, em São Paulo, e dar o pontapé inicial do Mundial
O Projeto Andar de Novo (Walk Again Project) é coordenado pelo neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis, que aparece ao lado do exoesqueleto na imagem. O projeto envolve cerca de cem cientistas dos Estados Unidos, Europa e Brasil e é uma parceria da Universidade Duke (EUA), onde Nicolelis leciona, e de instituições de Lausanne (Suíça), Munique (Alemanha), Paris (França), Natal (Instituto Internacional de Neurociências de Natal Edmond e Lily Safra, idealizado também por Nicolelis) e São Paulo
O exoesqueleto é uma espécie de veste robótica que pode ser controlada apenas com a atividade cerebral. A vontade de andar ou de parar é captada pelo robô e os movimentos são gerados automaticamente. Além disso, o exoesqueleto também dará à pessoa sensações do mundo exterior
Na foto está o aparelho de realidade virtual que ajuda a fazer a adaptação dos pacientes antes de vestir o exoesqueleto
Além de receber as ordens do cérebro do paciente e gerar movimento, o exoesqueleto também tem sensores táteis que mandam sinais para a pessoa, passando sensações. Um dos meios de fazer isso é a 'pele artificial', outra inovação, formada por placas flexíveis de circuitos integrados, com sensores de pressão, temperatura e velocidade. Ela reveste regiões fundamentais do exoesqueleto, como a planta dos pés
“Quando a pessoa toca o chão, quando o joelho da veste robótica se mexe, os sensores táteis permitem que esses sinais gerados no robô possam ser devolvidos para o sujeito através de uma camiseta que transmite esses sinais de volta para a pele dos braços ou do dorso, onde a pessoa ainda tiver a sensibilidade intacta”, diz Nicolelis. Na foto, detalhes dos microcircuitos
O 'feedback tátil' permite que o paciente caminhe sem precisar ficar constantemente olhando para baixo, já que tem melhor noção de onde está pisando
A ideia no futuro é implantar os chips no cérebro do paciente. Na abertura da Copa, será utilizada técnica mais conservadora, com sensores superficiais no couro cabeludo, devido aos fatores de risco: será ao ao ar livre, com 70 mil pessoas no estádio e sinais de televisão do mundo inteiro. Na foto, a médica brasileira Lumy Sawaki, uma das chefes do projeto, experimenta o exoesqueleto
“A nossa teoria é que leva certo tempo para essas ferramentas complexas serem incorporadas pelo nosso cérebro como se fosse extensão do nosso corpo, para ter a sensação de que é natural', diz Nicolelis
Nicolelis diz esperar que o pontapé inicial da Copa seja um marco, mas não o ponto final. '“Nossa intenção é manter toda essa equipe, continuar trabalhando com o governo brasileiro e com os nossos parceiros, para chegar até o objetivo final, que é criar uma veste robusta o suficiente para que qualquer paciente com uma lesão na medula espinal possa tirar vantagens', afirma
A maior expectativa é criar esperança para 25 milhões de pessoas ao redor do mundo que querem andar de novo
Essa foi a primeira imagem revelada do exoesqueleto robótico do projeto Andar de Novo. É possível ver os cinco módulos e o backpack de controle