Duque de Caxias vivenciou no início da noite de sexta-feira (21) uma das maiores manifestações sociais de sua história. Mais de 15 mil pessoas, segundo números da Polícia Militar, participaram da manifestação no centro do município, para exigir, de imediato, a implantação de Tarifa Única com Bilhete Único Municipal. “Isso é condição inicial para interrompermos as manifestações”, assinala o documento de reivindicações elaborado pelo Movimento Caxias Acordou e que está sendo entregue ao prefeito Alexandre Cardoso. No dia anterior, o prefeito anunciou que havia tornado sem efeito o reajuste de 5,66% concedido por ele a partir de 21 de abril.
A decisão, no entanto, não desmobilizou a manifestação que já estava marcada há vários dias, com uma caminhada até a Praça Humaitá, no bairro 25 de Agosto. Como era esperado, grupos infiltrados na manifestação chegaram a derrubar portas de estabelecimentos comerciais para saques e foram efetuadas algumas prisões por policiais militares. A manifestação recebeu apoio de moradores de prédios residenciais por onde passou. Vários outros atos estão sendo anunciados para esta semana por vários sites de relacionamento. O principal está marcado para quarta-feira (26), em Jardim Primavera, com concentração em frente à Prefeitura às 16h30.
Os manifestantes, que foram convocados pelas redes sociais, começaram a concentrar-se na Praça do Pacificador, no Centro Cultural Oscar Niemeyer, por volta das 14h. Pessoas de várias idades iam chegando a cada minuto ao local da concentração, muitos munidos de cartazes e com o rosto pintado de verde e amarelo. Por volta das 17h - horário que estava marcado para o início da concentração -, segundo policiais que trabalhavam no local, estimavam um público de cerca de 10 mil pessoas.
- Estou aqui com minha filha para expressar nossa indignação com a má qualidade dos serviços públicos, como transporte, saúde e educação - disse a assistente Ana Lucia de Andrade, ao lado da filha Márcia, de 15 anos. “Minha geração luta por um futuro melhor. Não aceitamos a corrupção, o desprezo das autoridades com os nossos direitos básicos”, afirmou a estudante. “Vamos continuar nas ruas até sermos atendidos”, acrescentou a auxiliar de enfermagem Vanessa da Costa.
Na concentração e durante a caminhada, vários ambulantes vendiam latas de cervejas. Antes de iniciar a caminhada, foi cantado o Hino Nacional Brasileiro e vários oradores puxavam palavras de ordem. A todo momento era cantado o refrão: “Ôôôôôôôôôô, Caxias Acordou, Caxias Acordou, Caxias Acordou”, que seria ouvido durante toda a caminhada. As lideranças falaram ainda sobre a pauta de reivindicações à Prefeitura. Segundo o documento por eles elaborado, ao qual o Capital teve acesso, além da Tarifa Única, o Movimento Caxias Acordou reivindica análise das planilhas de custos das tarifas “por especialistas com confiabilidade técnica, isentos dos empresários e da prefeitura, para chegar a um valor justo e único da tarifa no município”, fim da dupla função motorista/cobrador, fim dos micro-ônibus e micrões (coletivos de apenas uma porta), qualidade dos coletivos, reforma e ampliação dos terminais rodoviários, licitação pública e transparente para o transporte alternativo, respeito aos direitos dos deficientes, idosos e estudantes, regularidade e ampliação dos horários dos ônibus com frota 24h, criação de sistema cicloviário e início de estudos para a implantação da tarifa zero, entre outras.