A indústria brasileira de materiais de construção deve voltar a ser mais competitiva a partir de 2013, com as importações no setor começando a perder forças após terem disparado entre 2005 e 2011, segundo estudo do setor divulgado nesta quarta-feira.
"As importações serão menores de 2013 para frente, não devem crescer mais", disse o presidente da associação que representa o setor no país, Abramat, Walter Cover. "Haverá crescimento, mas em potencial menor... (o ano de) 2012 representa um ponto de inflexão importante."
A competitividade da indústria de materiais diminuiu em 35 por cento de 2005 a 2011, período em que as importações aumentaram em média 15,5 por cento ao ano, conforme levantamento da Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com a Abramat.
No ano passado, a participação das importações na oferta local do setor chegou a 6,2 por cento, contra 5,2 e 4 por cento em 2008 e 2005, respectivamente.
Os segmentos mais afetados por este avanço incluem equipamentos de distribuição e controle de energia, vidro, siderurgia e produtos cerâmicos.
"A competitividade diminuiu essencialmente por uma questão de preço", assinalou Cover. Isso porque a forte desvalorização da taxa de câmbio entre 2005 e 2011 deixou os produtos importados mais baratos.
No período de 2008 a 2011, por exemplo, as importações brasileiras de materiais de construção cresceram 13,3 por cento, ficando bem próximas do resultado para as importações totais do país, que aumentaram 13,4 por cento no mesmo intervalo.
Já a balança comercial do setor tem sido negativa desde 2010. No ano passado, o déficit superou 1 bilhão de dólares e, para 2012, a estimativa é de que o saldo seja negativo em 1,2 bilhão de dólares, considerando importações de 4,9 bilhões e exportações de 3,7 bilhões de dólares.
"Uma das formas da indústria reagir é com melhora de produtividade", disse Cover, ressaltando entre os fatores que devem contribuir para a reversão do cenário para o setor a valorização da taxa de câmbio e a desoneração de impostos.
O governo anunciou no final de agosto a prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para alguns setores, buscando estimular a economia. O setor de materiais conquistou a desoneração até o fim de 2013, mas ainda pleiteia a extensão da lista de produtos beneficiados.
Outra medida de incentivo adotada recentemente pelo governo, de elevar a alíquota do Imposto de Importação de 100 produtos, também deve favorecer a indústria de materiais, que teve itens como vidros e materiais elétricos incluídos na lista.
A entidade pleiteia agora a inclusão de outros itens na segunda lista, que será anunciada em outubro, contendo mais 100 produtos que também terão o imposto de importação elevado.
"Estamos discutindo com o governo a entrada de vergalhões de aço e metais sanitários", disse Cover, se referindo a produtos que têm forte participação nas importações.
Embora tais medidas não tenham efeito imediato, a perda de competitividade nos últimos anos já começou a ser parcialmente revertida no primeiro semestre deste ano, quando houve alta perto de 11 por cento.
VENDAS EM QUEDA
O faturamento da indústria de materiais vem perdendo força desde 2011 e, este ano até julho, acumula alta de 2,2 por cento, abaixo da previsão da Abramat para 2012, de crescimento de 3,4 por cento.
"Existe a tendência de revisão para baixo após os dados de agosto", afirmou Cover. A Abramat já reduziu a projeção para este ano, que era inicialmente de aumento de 4,5 por cento.
Segundo ele, o varejo, que responde por cerca de 25 por cento das vendas do setor, vem contribuindo para que o desempenho não seja pior. "Essa é a parte (varejo) que vai indo bem no mercado de materiais", disse.
As vendas de materiais no varejo subiram 9,3 por cento no primeiro semestre e, de acordo com projeção da Abramat, devem fechar 2012 com alta de 9,2 por cento.