GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer
Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

domingo, 4 de setembro de 2011

Costa Norte vota por 15 vereadores na próxima legislatura

Os moradores da Costa Norte tiveram sua vez de manifestarem sobre o aumento de vereadores a partir de 2013 durante a segunda consulta pública, ocorrida na noite de quinta-feira. O resultado da segunda consulta pública foi, por maioria de votos, a favor do número máximo de parlamentares permitido por lei a partir de 2013, 15 vereadores.
Presentes na Regional Norte, no bairro do Canto do Mar, tiveram presentes cerca de 60 pessoas. Porém, muitos já haviam marcado presença, e já teriam votado na primeira consulta pública, na Costa Sul, na última quinta-feira. Situação essa percebida e alarmada pela vereadora Solange Ramos (PPS). “Espero que não peguem o papelzinho pra votar de novo. Espero que sejam honestos”, ansiou. Além de Solange estiveram presentes os pares Paulo Henrique (PDT), o PH, Ernane Primazzi (PSC), o Ernaninho, Maurício Bardusco (PPS), Marcos Tenório (PMDB) e o presidente de Câmara, Artur Balut (PSDC).
O chefe do legislativo ressaltou a pouca participação da população nas duas consultas. Balut diz que mesmo não tendo uma maior representatividade da sociedade, convida a todos a conferirem posteriori, se os vereadores deram ouvidos e foram coerentes com as manifestações e resultados das votações nas consultas públicas. Ele pondera para que os pares usem o bom senso para atender o resultado das consultas.
Os edis que compareceram na consulta em Boiçucanga mantiveram seus discursos. Somente Solange, que na Costa Sul acataria o que a população dissesse, desta vez afirmou que seria contra o resultado a favor de 11 vereadores em 2013. “Se for 11 e tiver votando eu saiu da sala (plenário)”.
Já Ernaninho diz tratar-se de um assunto simples. “Não vejo polêmica”. Ele avalia que não adianta só aumentar o número de vereadores para a melhora nos trabalhos no Legislativo. “É preciso de uma maior participação popular”.
Representante da Costa Norte, Bardusco antecipará seu voto em favor de 15 edis. Outro agente da região, Tenório diz preferir a manutenção do número que existe hoje. “Ou se aumentar pelo menos que seja para 11”. Tenório acredita ao invés de gastar dinheiro com mais parlamentares, seria melhor um investimento no patrimônio do Poder Legislativo, e dá como exemplo a necessidade de um prédio novo para Câmara.

Microfone

Demétrio Viana de Negreiros que foi vereador há 10 anos, foi o primeiro a se manifestar e relatou que na época que atuava no Legislativo eram 15 edis e ninguém achava ruim. “Eu não vejo o porquê não aprovar 15 vereadores. Acho que 10 são poucos para atender a população”, considera. Segundo ele, quanto mais vereadores mais a população é atendida pelo Poder Público. Edvaldo Pereira Campos também avalia que 10 vereadores são poucos “para uma cidade tão extensa”. Ele também entende que 15 seria o número ideal.
Outro ex-vereador, na gestão do ex-prefeito João Siqueira, Gilmar Pinheiro, também recordou época que a cidade era com 15 vereadores. “É mais fácil trabalhar com 15 do que com 10. Porque 10 é número par”. Para ele, quando o número na vereança foi reduzido houve queda na qualidade dos trabalhos da Câmara. “De 2001 para cá, em nossa cidade a Câmara Municipal não tem mostrado nada de trabalho. O que estamos pedindo é para aumentar para 15, pois até 2015, nós estaremos perto de 100 mil habitantes”.
Contudo, João Freitas, presidente da Associação de Moradores da Enseada, fez questão de registrar voto contrário ao aumento de cadeiras. Inclusive, ao invés de aumentar, preferia que diminuísse para nove edis. De acordo com ele os moradores com que tem conversado também concordam com a redução para nove cadeiras em 2013. Porém, Freitas também concorda com a manutenção da vereança atual, com 10 cadeiras.
Luiz Guedes também se colocou a favor de 15 parlamentares e ressaltou que não é candidato nas próximas eleições. “Discutir a qualidade do vereador, o povo discute na urna”, comenta. Adelson Pimenta acredita que quanto maior vereadores, maior a representatividade. “Por isso sou a favor do número máximo, aumentado para 15 vereadores”, afirma.
Já José de Souza Costa considera que São Sebastião tem os melhores eleitores do Brasil. “Esse povo está mais atento do que se imagina. Muitos que não vieram foi para não se expor, mas amanhã estarão lendo jornal, ouvindo rádio. Precisamos de qualidade e não quantidade. Quer dizer que só tiver nove, esses noves não prestam?”, indaga. Ele também pediu para que quando os pares forem decidir no plenário, que o voto fosse aberto.
O vereador PH foi um dos últimos pares a discursar na segunda consulta pública. “Todos que manifestaram pelo aumento foram vereadores ou tem a pretensão de ser. E todos os que foram contra e até a favor da redução foram uma minoria que não tem pretensão política. Por isso o PDT em favor de representar as minorias votará pelo mínimo”, dispara.
A consulta pública na Costa Norte teve ao todo 58 votos. Destes 25 votaram em favor de 15 vereadores. Em segundo lugar foi o outro extremo, para a redução a nove cadeiras houve 16 votos. Para 11 vereadores, como assim prefere a Região Sul, houve nove votos. Pela manutenção do número atual de vereadores houve quatro votos. Três pessoas votaram em favor de 13, e um voto foi favorável a 14 cadeiras em 2013. Para 12 vereadores não houve votos.

Mais consulta

Também foi cogitado, durante a noite da quinta-feira, a realização de mais três consultas públicas nos bairros da Olaria, Itatinga e Topolândia. Edvaldo Pereira Campos disse que o bairro da Topolândia se sente excluído e por isso requer uma consulta pública própria. “Gostaria que vissem esse pedido com carinho”, almejou. Balut, de bate pronto respondeu que as consultas públicas são uma questão moral e não uma exigência legal. E acrescentou que até gostaria de fazer mais uma, mas era preciso de parâmetro “e não dar uma característica de estar fazendo uma situação política”. Assim Balut disse estar respeitando um padrão de horário e forma nas consultas das três regiões. “É inviável fazer consultas em cada bairro”.
Porém, no fim do evento, Balut disse que consultará o Jurídico da Câmara para checar a viabilidade de mais uma consulta pública. Desta vez, específica para os bairros do Topo, Itatinga e Olaria. Mas até o momento, o previsto é para que as consultas terminem nesta segunda-feira, com a terceira, a ser realizada no Teatro Municipal, a fim de ouvir a população da Região Central. As consultas públicas foram de decisão da Mesa Diretora para debater com os cidadãos a possibilidade de aumento do número de vereadores a partir da próxima legislatura. Atualmente, o município conta com 10 parlamentares.

Praia do Lázaro volta a ficar poluída e Sahy recebe segunda restrição seguida

De acordo com o último boletim de balneabilidade divulgado pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a poluição fecal atingiu menos pontos do que na semana passada no Litoral Norte. Apesar da redução de locais restritos ao banho, algumas bandeiras vermelhas da Cetesb foram fincadas em praias “desacostumadas” com o excesso de coliformes fecais.
Nessa semana, o melhor exemplo é a praia do Lázaro, na região Sul de Ubatuba. Há sete meses o local não recebia uma restrição da Cetesb, porém, nessa semana, registrou sinal vermelho. Além do Lázaro, Itaguá e Perequê Mirim completam a lista de impróprias em Ubatuba. Por outro lado, o Rio itamambuca e a praia de Picinguaba, que tinham registrado poluição na última semana, desta vez, receberam sinal verde da Companhia paulista.
A vizinha Caraguatatuba acompanhou a tendência de melhora na balneabilidade regional e apresenta apenas uma praia restrita ao banho nesse final de semana: Tabatinga. Já o Indaiá, que esteve poluído na semana passada, conseguiu bandeira verde na análise mais recente.
Em São Sebastião a quantidade de raias poluídas (duas) se manteve na comparação com o último boletim. São Francisco e Barra do Sahy seguem com bandeira vermelha para esse final de semana. No primeiro local, na Costa Norte, é a vigésima restrição nesse ano. Já o Sahy acumula oito restrições em 2011.
Ilhabela segue o município do Litoral Norte com mais problemas de balneabilidade. Dos 13 pontos monitorados no arquipélago 4 estão impróprios ao banho humano para esse final de semana. Praia Grande, Perequê, Itaguaçu e Viana são as praias consideradas poluídas pela Cetesb na cidade.

Caraguá e São Sebastião se preparam para Desfile de 7 de setembro

Em Ubatuba e Ilhabela a solenidade é realizada nos dias de aniversário dos municípios

Josiane Carvalho

Quem passa pela Avenida da Praia, no Indaiá, em Caraguatatuba já pode conferir o inicio dos preparativos para o desfile cívico de 7 de setembro (dia da Independência do Brasil) que será realizado na próxima quarta-feira a partir das 9h, na Avenida Geraldo Nogueira da Silva. Antes disso, por volta das 8h, será feita a cerimônia de hasteamento das bandeiras na Praça Diógenes Ribeiro de Lima, no Centro.
Os motoristas deverão ficar atentos as alterações no trânsito nas imediações da área do desfile já que um trecho da pista sentido Bairro-Centro estará interditada para a realização do evento.
Com o tema “Caraguá teu futuro espelha essa grandeza” cerca de 2 mil pessoas, entre professores, educadores e alunos farão o desfile que, de acordo com a organização do evento, tem como objetivo envolver o futuro e o progresso de Caraguá nas cores da bandeira.
Ao todo serão 28 escolas municipais e duas fanfarras e além das mais de 50 instituições que já confirmaram presença estará na solenidade representantes do 4º Subgrupamento do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e a Banda Municipal Carlos Gomes.
Somente da Polícia Militar três pelotões serão destacados para fazer o desfile a pé, e motorizado com as viaturas e as motos da Ronda Ostensiva com apoio de Motocicletas (Rocam).
Entre as recomendações feitas pela organização, o uso de protetor solar, chapéu, roupas e calçados confortáveis e o consumo de líquidos como água, água de coco e sucos naturais.
Um posto de arrecadação de feijão para a Gincana da Solidariedade será colocado atrás do palanque oficial onde também estará a disposição da população ambulância para emergências, tenda para crianças perdidas e água.

São Sebastião

Em Sebastião, o desfile será dividido em dois dias. Para os moradores da Costa Sul o evento será realizado na segunda-feira. Já no Centro, a solenidade ocorre no próprio feriado, dia 7.
Os motoristas deverão ficar atentos as mudanças no trânsito das vias de Boiçucanga, na Costa Sul, e da Avenida Doutor Altino Arantes – Rua da Praia, na Região Central.
No dia 5, a partir das 7h, a avenida Walkir Vergani, no trecho entre as ruas Maria Aparecida de Moura Diógenes de Matos terá o trânsito desviado por dentro do bairro. Quem transitar entre Cambury e Maresias, deverá desviar pela rua Diógenes de Matos e seguir pela Gilmar Furtado de Oliveira, que terá o sentido de mão invertido. Já o motorista que estiver no trajeto Maresias/Cambury deverá fazer o acesso pela Rua Maria Aparecida de Moura e seguir pela Rua Sargento Felisbino Teodoro da Silva, com sentido único para a saída do Bairro.
Já no Centro da cidade, no dia 7 de setembro, a Rua da Praia (Doutor Altino Arantes) e a rua nova (acesso da balsa a Rua da Praia), ficarão interditadas das 7h às 13h.

Outras Cidades

Em Ubatuba e Ilhabela tradicionalmente os desfiles cívicos não são realizados no dia da Independência do Brasil, mas sim, nas datas comemorativas ao aniversário das cidades. No caso da Ilha, em 3 de setembro e em Ubatuba, no próximo dia 28 de outubo.

Moradores pedem mais atenção para a rodovia estadual SP-131

A rodovia estadual SP-131 tornou-se alvo de constantes reclamações em Ilhabela. Recentemente, o lado norte da rodovia esteve em evidência devido à má conservação, como falta de pavimentação, e crateras na via. Alguns munícipes entrevistados acreditam que devesse haver mais investimentos na recuperação e reconstrução da via, bem como na instalação de lombadas e dispositivos que coíbam o excesso de velocidade ao longo da SP-131.
Dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP/SP) confirmaram os anseios dos munícipes que se preocupam cada vem mais com o trânsito em Ilhabela, como a falta de sinalização e fiscalização. De acordo com a Secretaria, até o mês de julho, foram registrados 56 boletins de ocorrência (BO) por lesão corporal culposa em acidente de trânsito, e duas mortes. Contudo, na última terça-feira, este número de mortos em acidentes de trânsito passou para três, devido a uma colisão entre uma motociclista e um automóvel, também no trecho sul da rodovia.

Realidades

Francisco Silvério, 32 anos, morador do sul de Ilhabela, acredita que a malha viária de Ilhabela ficou pequena para a quantidade de veículos que hoje tem nas ruas, principalmente na época de férias. “Eu acho que a única coisa que os motoristas têm medo é de multa, quando mexe do bolso do condutor as pessoas começam a pensar duas vezes antes de cometer qualquer infração, seja na hora de fazer uma ultrapassagem perigosa, em local proibido, ou infringindo o Código Brasileiro de Trânsito. A culpa por tantos acidentes é de todos, tanto do governo que não investe, quanto dos condutores que não respeitam as leis”
Gisele Fernandes, 46, moradora da Barra Velha, opinou dizendo que os motoristas, independente do veículo que conduzem, deveriam ser mais prudentes. “Trabalho em um comércio aqui da avenida, e diariamente vejo muitas irregularidades no trânsito. Não preciso ir até o sul da ilha para perceber que a maioria dos condutores não tem consciência alguma sobre como dirigir com responsabilidade. E essa situação fica mais crítica quando eles transitam por rodovias sem sinalização e em péssimo estado de conservação. É o que acontece em alguns trechos do sul, por isso vemos tantos acidentes por lá”.

Alternativas oficiais

A prefeitura de Ilhabela, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que a estrada da região sul do município tem recebido atenção especial da Divisão de Trânsito, que vem realizando uma série de estudos para a implantação de redutores de velocidade. De acordo com o setor, vários obstáculos já foram instalados em alguns pontos da rodovia. Segundo a assessoria, a prefeitura também tem investido na construção de calçadas, oferecendo assim mais segurança aos pedestres.
Conforme a assessoria de imprensa, o prefeito Toninho Colucci oficiou o Departamento de Estradas de Rodagem (DER) para a troca das sinalizações. Novas placas já foram instaladas na avenida Riachuelo.
A prefeitura contou que vai apostar na educação no trânsito e vai preparar medidas preventivas de conscientização. A assessoria informou também que todo o trecho faz parte da rodovia SP-131, ou seja, tem jurisdição estadual.
A assessoria de imprensa do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) informou que vem fazendo a manutenção de rotina na rodovia. Entretanto, revelou que já está em análise um projeto de readequação de sinalização para a via, porém, o plano ainda não tem nenhum prazo para ser implantado.

Polícia autua prefeitura por falta de licença e danos ambientais no Vale do Sol


A Polícia Militar Ambiental do Litoral Norte advertiu e multou, nesta quinta-feira, a prefeitura de Ubatuba por supressão de vegetação e retificação de curso d’água em uma área no bairro do Vale do Sol, Zona Oeste da cidade. Segundo o boletim da PM, além dos danos causados no local, a administração municipal ainda não tinha a licença devida junto aos órgãos competentes (Cetesb). A autuação embargou as intervenções na área e exigiu que a prefeitura obtivesse as documentações necessárias para a continuidade dos trabalhos.
O local fica no interior do bairro Vale do Sol e é considerado pela própria gestão ubatubense como Zona Especial de Interesse Social (Zeis). De acordo com a prefeitura, as intervenções no local estão sendo realizadas com o objetivo de realocar 56 famílias que atualmente vivem na beira do Rio Ipiranga, em área considerada de risco e de preservação permanente.
Em contato com o secretário de Cidadania e Desenvolvimento Social de Ubatuba, Claudinei Salgado, a prefeitura avaliou a atuação da PM Ambiental como arbitrária e adiantou que entrará com um mandado de segurança contra as advertências e multas estabelecidas.
Salgado explica que as intervenções da prefeitura estão baseadas em um legislação federal, que autoriza o licenciamento ambiental pelo município em Zonas Especiais de Interesse Social. “Essa foi uma lei aprovada pela União e que tem o objetivo de dar celeridade em processos de regularização fundiária e social. E, ao invés de termos o apoio do Estado neste importante tipo de política pública, encontramos uma atuação negativa que desprezou nosso trabalho”, afirma o secretário, alegando que a área em questão já apresenta ocupação indevida.
“O que eles apontam como retificação de curso d água foi a instalação de uma tubulação em um córrego onde essas famílias estavam despejando esgoto in natura. Estamos preparando o local para a construção de casas populares que tenham toda a estrutura de saneamento adequada e isso foi necessário”, argumentou Claudinei Salgado.
A prefeitura explica que buscará reverter as decisões na justiça e espera retomar os trabalhos no Vale do Sol o mais rápido possível.

Milagre

Deus colocou uma barra de ouro na cabeceira de um rabino, que quando acordou e viu o que Deus tinha feito ergueu as mãos para o alto e disse:

– Senhor, quem sou eu para receber esta dádiva?


E diante do silêncio de Deus, o rabino continuou:


– Quem sou eu para ser distinguido desta maneira?


E:


– Quem sou eu para enriquecer assim, da noite para o dia?


E disse mais:


– Quem sou eu, pobre de mim, para merecer um presente tão precioso, quando tantos mais necessitados do que eu não receberam?
E mais:


– Quem sou eu, Senhor, na minha humildade, para ser abençoado por este milagre?


E Deus ficou tão impressionado com os protestos reincidentes do rabino que falou:


– Talvez eu tenha mesmo me enganado, e essa barra de ouro seja para outro rabino...


Ao que o rabino escondeu a barra de ouro dentro da camisola, rapidamente, e disse:


– Quem sou eu para ser a prova de que Deus se engana?


PERFUMES
E tem a parábola do mendigo cego que todos os dias recebia uma esmola de uma mulher que passava, e que ele reconhecia pelo perfume. Cada dia um perfume diferente.


– Mmmm. Violeta – dizia o mendigo, depois de ouvir o tilintar da moeda no seu chapéu.


– Acertou – dizia a mulher.


No outro dia:


– Mmmm. Jasmim. Maravilha.


– Obrigada.


– Mmmmm. Rosa.


– Acertou de novo.


Todos os dias a mesma coisa.


– Mmmm. Lírio.


– Mmmm. Cravo.


– Mmmmm. Dracena.


Um dia a mulher disse ao mendigo que não tinha nenhuma moeda para lhe dar.
– Não importa – disse o mendigo. – Só o seu perfume de gardênia já me enche de prazer.


– Obrigada!


Até que um dia a mulher resolveu testar o mendigo.Perfumou-se de enxofre e amoníaco e despejou muitas moedas no seu chapéu. E o mendigo ouviu o tilintar das muitas moedas, aspirou fundo e exclamou:


– Mmmmm. Flor de laranjeira!


DECIDIDO
(Da série “Poesia numa hora dessas?!”)

Encoste o ouvido num tronco
e ouça o sangue do mundo rodando.
Encoste o ouvido no chão
e ouça o mundo ronronando.
O mundo funciona sozinho
e com destino decidido.
Recolha-se ao seu cantinho
e, claro, limpe o ouvido.

Freio na voracidade

Quando as pessoas compram avaliando não só o preço, mas o que as empresas fazem de bom e de mau, a ética pressiona o capitalismo

O capitalismo é ético? Eis uma questão muito difícil de responder. Basicamente, hoje há duas grandes linhas a respeito. Uma enfatiza a dinâmica de um sistema, ou um estilo, que libera a produção das amarras tradicionais e assim revela capacidade inigualável de criar e talvez até distribuir riquezas. Mas o preço dessa libertação é um caráter nada ou pouco ético: o capitalista é movido por um "instinto animal", promove uma "destruição criativa". Na melhor das hipóteses, é neutro eticamente, o que chamamos de "amoral". Com frequência é até predatório, o que chamamos de "imoral". Só por ele, não respeitaria direitos trabalhistas - tanto assim que, nas últimas décadas, vários deles foram reduzidos - nem teria reverência pela natureza e o ambiente.

Isso não representa contudo, necessariamente, uma condenação do capitalismo. Apenas mostra que ele é excelente naquilo que se propõe: produzir. Precisa, porém, de controles externos. Esses podem ser exercidos pelo Estado, pela sociedade, pela opinião pública. Desse ponto de vista, o que pode introduzir ética na economia são as pessoas, enquanto não empresários. Isto é, o próprio empresário, por valores éticos que não são seus como empresário, mas como pessoa, como sujeito moral, pode orientar sua atividade produtiva numa direção melhor. Se não for ele, será a sociedade. Quando cada vez mais pessoas compram levando em conta não só o preço, mas o que as empresas fazem de bom e de mau, é isso o que acontece. Exemplo importante no Brasil foram as campanhas - movidas por pessoas, inclusive empresários da Abrinq - contra o trabalho infantil. A Zara, acusada há dias de comercializar produtos em que se usa trabalho escravo, padece em sua imagem por isso.

Esse é um primeiro modo de ver o capitalismo, digamos, "selvagem". Mas há outra percepção, ou concepção, do capitalismo. Esta aparece quando organizações como a Etco se empenham em defender um ambiente limpo de corrupção para os negócios melhor florescerem. Aqui o problema é, como se vê na série sobre a cultura das transgressões que saiu pela editora Saraiva (de cujo terceiro volume participei), de que maneira evitar a primazia da transgressão, que faz as boas regras - boas segundo a lei e a ética - serem violadas em nome de uma vantagem fácil que, porém, desmoraliza a sociedade, amoraliza a economia e imoraliza a política. Essa linha de pensamento estaria mais perto dos calvinistas de Max Weber, que sentiam a "ética protestante" expressando-se no "espírito do capitalismo". Pessoas empreendedoras, que mourejam, fazem de tudo para a sociedade prosperar: o empresário weberiano do século 16 ou 17 nada tem a ver com o banqueiro da caricatura, fumando charuto, indolente, espertalhão, mancomunado com os poderosos, corruptor. Esse empreendedor dos começos da modernidade pode não ser simpático - nas Américas, seria senhor de escravos, na Holanda, não reconheceria direitos a seus empregados -, mas ele próprio trabalhava, e muito. De certa forma, quando se fala num capitalismo que requer uma ética intensa, é nele que se pensa.

Mas em nossos dias surge um upgrade. Cada vez mais, no lugar da ética protestante e moralista, aparece uma preocupação ética que nasceu da ideia do meio ambiente e agora se desenvolve para a sustentabilidade. Não tem mais por modelo ideal o empresário calvinista que faz, da empresa, sua razão de vida. Ao contrário, cada vez mais a vida é a razão de ser de tudo o que se faça, inclusive (mas não só, nem prioritariamente) a empresa. Tudo começa com o descontentamento ante a poluição. A economia que se desenvolve desde a Revolução Industrial tem um custo altíssimo para a vida - humana, animal, vegetal. Londres passa cem anos coberta pelo fog, uma neblina que se deve à poluição das fábricas. As pessoas não se enxergam. A cidade fica invisível e os cidadãos, cegos ao seu entorno. Contudo, após a 2ª Guerra Mundial, uma preocupação com a natureza cresce pelo mundo. Movimentos verdes lutam contra a má qualidade do ar, da água, em prol da preservação de florestas. A essa altura, por "verde" se entende o meio ambiente natural ou assimilado. Contudo, com os anos, as causas verdes anexam um elenco de outros valores. Não é só a defesa do mundo não contaminado pelo homem. É a defesa do homem, contra o que o desgasta ou desvaloriza.

Também se propõe uma reorientação da ciência. Tomemos o filósofo que é o primeiro grande referencial de toda preocupação com o meio ambiente, Rousseau. É um amante da natureza. Começa seus Devaneios do Caminhante Solitário narrando um passeio pelos arredores de Paris, em que olha as plantas, identifica-as, extasia-se. Mas é também alguém que faz seu début literário com um escrito, premiado pela Academia de Dijon, sustentando que "as artes e as ciências" - isto é, o que chamamos de tecnologia e ciência - fizeram mal, mais do que bem. Desnaturaram o mundo. Degeneraram o homem. Rousseau não vê em nada moderno, seja a economia, a política ou a ciência, capacidade de reverter o processo pelo qual "o homem nasceu bom e a sociedade o corrompe".

Mas o que notamos na ciência das últimas décadas é um forte empenho em reduzir e mesmo suprimir os danos acarretados pelo desenvolvimento. Lembremos que não faz muito tempo a ciência e a tecnologia eram, em ampla medida, influenciadas por encomendas militares. Isso mudou. Tenhamos em mente que muitas pesquisas são conduzidas em nome de causas destrutivas, ainda hoje. Muitos desconfiam que os cultivos transgênicos, ou têm certeza de que os veículos de transporte individuais, causam males em maior número que as vantagens. Os carros são bons a curto prazo para poucos, mas péssimos para o futuro da humanidade como um todo. Mesmo assim, porém, em casos como o da indústria do tabaco, cientistas cortaram seu elo umbilical com ela, como se vê no filme O Informante. E são cientistas de renome que formam o "core" da Comissão Internacional de pesquisa sobre as Mudanças Climáticas, que talvez constitua o órgão mais prestigioso na luta por mudar o mindset que governa uma produção de custos negativos para a sociedade e a natureza.

Com uma ciência e uma tecnologia mais amigas do verde, um verde que saiu das plantas e colore tudo o que é vida e mesmo cultura, isto é, passa a propor uma qualidade de vida melhor para os humanos e seus parceiros no planeta, com a defesa da biodiversidade e do que podemos chamar a culturo-diversidade, por que não uma economia de novo recorte? Será possível o projeto de uma empresa ter no seu cerne a sustentabilidade, isto é, a proposta de que nenhuma intervenção humana piore o que foi recebido? Essa é uma exigência alta. Para eu me alimentar, tenho de matar animais ou mesmo vegetais. (O momento mais engraçado do filme Notting Hill, para mim, foi quando uma moça se disse vegetariana lapsariana. Lapso significa queda. O que ela dizia é que só comia frutas e legumes que já tivessem caído da planta que as gerou. Não comeria uma maçã arrancada da macieira, porque estaria matando um ser vivo. Fica difícil, claro, viver com uma ética tão radical.) Mas, se tenho de matar ou causar danos, posso reduzi-los, talvez revertê-los por completo e, quem sabe, um dia (esse é o sonho!), até melhorar as condições do que foi recebido. Aqui amplio a ideia de que recebemos insumos "da natureza" para a de que recebemos insumos também humanos: o trabalho, a saúde, a boa disposição uns dos outros. É sustentável a ação que não apenas zera o dano causado, mas também promove ganhos. Suponhamos uma empresa que decida fornecer, a seus funcionários, alimentação saudável - a cada três horas, como hoje se recomenda, em vez de poucas e lautas refeições. Pode melhorar a saúde deles. Ela assim terá devolvido mais do que consumiu. É claro que há tantos insumos que o cálculo não pode isolar um dos outros. Mas é um exemplo.

Porque, no fundo, nossa questão é: o que fará uma empresa ou um empresário agir eticamente, ser ético? Tudo o que afirmei não dá uma resposta definitiva. Quando uma empresa faz questão de não explorar o trabalho infantil ou de preservar a natureza, essa iniciativa é "da empresa" ou dos indivíduos que, entre outras coisas, são seus donos? A diferença é importante. Toda empresa busca o lucro. Mas o que a faz criar limites para sua voracidade? É algo que faz parte do próprio projeto empresarial, ou serão elementos externos, inclusive os valores pessoais dos proprietários? Para sair da moral e entrar no moralismo, conta-se que houve um tempo em que um vinho que tem no nome a palavra "diabo" não era distribuído aqui porque os importadores eram cristãos fervorosos. Era um valor deles, não da empresa. E uma empresa pode ter valores? Uma empresa é diferente dos seres humanos que são seus donos, que a fazem? Questões difíceis. O que parece certo, isso sim, é que uma empresa pode ter no seu próprio projeto de negócios uma solidez sustentável e que isso será mais viável se ela tiver compromissos sociais e ambientais e, além disso, estiver na linha de ponta, no cutting edge, da ciência. O mais, resta a esclarecer - ou a fazer.

Ex-BBB Adriana Santana vê o sonho da compra de um automóvel se transformar em pesadelo.

Momento Verdadeiro - A ex-BBB Adriana Santana parece realmente está muito chateada, pois o que seria a realização de um sonho para muitos brasileiros está se transformando numa tremenda dor de cabeça para Adriana.

Pelo Twitter ela rasgou o verbo. E fez uma propaganda bem negativa da concessionária onde adquiriu o carro. Concessionária RIDÍCULA essa Kia Design Barra (RJ)! Atendimento ridículo, funcionários sem experiência nenhuma!! Nunca comprem carro lá!!Disse Santana.

Mas o problema não foi só no atendimento. Adriana disse ainda que comprou um carro branco, mas no documento está especificado que o veículo é preto, o que está lhe causando muitos transtornos. “Comprei um carro BRANCO e eles me passam nota fiscal de um carro PRETO e simplesmente não consigo emplacar o carro!!”  

Adriana lamentou. Tudo indica que se arrependeu de ter comprado o automóvel na concessionária Kia Desing Barra. “Pior coisa que fiz na minha vida foi comprar o carro nessa porcaria de concessionária KIA DESIGN BARRA(RJ)!!!

Muito chateada ela não disse se iria ao PROCON, mas deixou um exemplo, principalmente para quem pretende comprar um carro, pense duas vezes antes de fechar negócio em qualquer concessionária.

Não bastasse isso tudo, a ex-BBB ainda terá que explicar aos policiais sua história, já que teria sido parada numa blitz. “Pra completar a policia acabou me parar! É MOLE? Kkkkk”. Disse Adriana no Twitter.

Pr. Silas Malafaia sai da Band mas pode ir para o SBT.

Momento Verdadeiro - Para quem estava pensando que o pastor Silas Malafaia iria ficar de fora das madrugas, na TV, após ter perdido o horário da Band para o líder da Igreja Mundial do Poder de Deus, apóstolo Valdemiro Santiago pode ter surpresas.

Parece que o pastor da Assembléia de Deus pode fechar com SBT a qualquer momento. Segundo informações do colunista, Lauro Jardim, da revista Veja essas conversas podem ser retomadas em breve. Cogita-se que o pastor é o preferido da emissora de Silvio Santos para ocupar as madrugadas.

Silvio deve vender o horário por R$10 milhões, mas Silas Malafaia estaria buscando uma negociação melhor. O pastor estaria querendo  um espaço às 20h. Vamos aguardar.

Sai o pr. Silas Malafaia entra o apostolo Valdemiro Santiago nas madrugadas da Band.

PASTOR SILAS MALAFAIA FALA SOBRE A IURD E O BISPO MACEDO

Últimas Notícias: Pastor Silas Malafaia recebe moção de repúdio na Câmara. 

‘Sai Malafaia entra Valdemiro’ à Segundo informações divulgadas pelo jornalista Lauro Jardim, da Coluna Radar on-line da Revista Veja, o apostolo Valdemiro Santiago da Igreja Mundial do Poder de Deus, comprou o horário das 2h às 6h 45 da Band.

Nos últimos dois anos, esse horário pertencia a Associação Vitória em Cristo, que tem como presidente o Pr. Silas Malafaia, na qual são apresentados o programa diário Vitória em Cristo e diversos programas de diversas denominações.

A programação do Malafaia, vai até o dia 30 de setembro, e a partir de outubro quem estará no comando da programação é o Santiago, que desembolsou o dobro de Malafaia.

A mulher corintiana

A mulher corintiana, assim como uma religiosa fiel, é a que menos aceita um forasteiro


Amigo torcedor, amigo secador, aproveito o ensejo, os 101 anos do alvinegro de Parque São Jorge, e aqui me devoto a um tipo especial de fêmea: a mulher corintiana.
O leitor deve pensar diante do enunciado que se trata de um tremendo populismo, picaretagem, oportunismo, canalhice. Não é de todo injusto o rosário de infâmias.
Quando se trata da mulher corintiana, sou uma espécie de Getúlio Vargas do amor, populista no último, por ela reconsolido as leis trabalhistas, elevo salário e estima, nem que provoque um estrago no orçamento caseiro.
O amigo que um dia já caiu, por acaso, no conto desta coluna, sabe da minha condição de bígamo, perdão, trígamo ludopédico: sou Icasa, Sport e Santos. Vivi em Juazeiro, Recife e São Paulo.
Também sabe que nunca deixei de reconhecer a importância do Corinthians. É aquela coisa toda: quando vence, o café vem mais quente e a cerveja mais gelada. Até as fachadas sujas de sombrios casarios do Glicério amanhecem sorrindo.
O que interessa, porém, é a mulher corintiana. Como Aline, a enfermeira do Ipiranga que me administra a cura via sonhos, fetiches, genéricos ou placebos.
Ela não diz "eu te amo"; ela diz simplesmente, como prova de carinho, "você é tão especial, sua alma é corintiana".
A fêmea dessa linhagem não gosta nem mesmo de futebol, devota-se inteiramente ao seu clube. Time do coração para ela é um pleonasmo. "Time não existe, só existe o Timão", diz a enfermeira, na moral da liderança.
Mulher corintiana também chora, mas é ela que ergue o irmão corintiano depois de um baque, depois de uma derrota. Levanta-te, Lázaro alvinegro, ela opera milagres. É o tipo da mulher que vai além do futebol de resultados.
Mais inteligente que o maloqueiro, a cria da costela de São Jorge não pede a cabeça do técnico quando o time é o primeiro da tabela. Tem juízo.
A mulher corintiana, assim como uma religiosa fiel, é a que menos aceita um forasteiro, alguém que não pertença ao bando de loucos, como seu legítimo esposo. Até para namorar, é bronca, exige todo um código de etiqueta.
Quando acontece o enlace com "alguém de outra crença" é "O casamento de Romeu e Julieta", como escreveu Mário Prata, torcedor do Linense.
A corintianíssima não dissimula, olha no olho, diz na lata, nunca é meia boca. Se sai para o jogo, tira mesmo os volantes da contenção do desejo.

Saques, arrastões e "ressentiment"

Na nossa época, futilidades são, no mínimo, tão relevantes e necessárias quanto era o pão em 1789


A turba que afugentou Luís 16 e Maria Antonieta de Versailles, em 1789, pedia pão porque estava com fome.
A turba de Londres em 2011 pedia bugiganga eletrônica e roupa de marca -artigos que, aos olhos de muitos, parecem não ser de primeira necessidade. Ou seja, aparentemente, a violência da turba de 1789 talvez fosse justificada, mas a de 2011 não é.
No domingo passado, na Folha, Eliane Trindade escreveu sobre meninas de rua que praticam arrastões em São Paulo. Elas procuram produtos para alisar o cabelo, celulares cor-de-rosa e lentes de contato verdes para mudar a cor dos olhos.
Alguém estranha que elas não prefiram uma comida boa ou uma roupa quente? Como disse uma menina, o que elas querem é ser bonitas (claro, nos moldes da cultura de massa). Será que, como a turba de Londres, elas seriam culpadas por não desejarem bens "de primeira necessidade"?
Não penso assim -e não é por indulgência com assaltos e arrastões. É porque, na nossa época, as "futilidades" são, no mínimo, tão relevantes e tão necessárias quanto era o pão em 1789. Explico.
Em 1789, as diferenças eram de casta. Salvo filósofos perdidos na turba, as pessoas reunidas no protesto queriam manifestar sua indignação e satisfazer sua fome, mas não pensavam em mudar a ordem social e subir na vida. Na época, aliás, ninguém subia para lugar nenhum, as pessoas ocupavam o lugar que lhes cabia por nascimento.
À força de indignação e raiva, as coisas foram longe, até que ruiu o próprio regime de castas. Desde então, o que confere status não é mais o berço (nobre ou não) no qual a cegonha nos depositou, mas fatores que não dependem só do acaso: trabalho, riqueza, estilo, virtudes morais, cultura etc.
"Quem somos" depende de como conduzimos nossa vida e (indissociavelmente) de como ela é avaliada pelos outros. Para obter o reconhecimento de nossos semelhantes (sem o qual não somos nada), os objetos que nos circundam ajudam mais do que a barriga cheia; eles têm uma função parecida com a dos paramentos das antigas castas: declaram e mostram nosso status -se somos antenados, pop, fashion, sem noção, ricos, pobres ou emergentes, cultos ou iletrados.
Podemos achar cafonas os objetos roubados pelas meninas e pelos saqueadores (o consumo de massa desvaloriza seu consumidor), mas o que importa é que eles roubaram objetos que lhes eram necessários para existir, para ser "alguém" no mundo. Isso não justifica nem saques nem arrastões; mas vale notar que, na nossa época, as futilidades são, no mínimo, tão relevantes e necessárias quanto era o pão para o pessoal de 1789.
Outro aspecto. Houve quem detestou os saqueadores londrinos por eles não estarem interessados em alterar a ordem social: roubaram para ter as mesmas coisas que a gente e, portanto, chegar exatamente ao lugar que nós ocupamos agora. Para usar uma expressão clássica em filosofia, os saqueadores seriam um caso de "ressentiment".
Nietzsche tomou o termo (e parte de seu sentido) de Kierkegaard. Modernizando, a ideia é a seguinte: "Não tive sorte ou, então, sou burro e preguiçoso, acho chato estudar e gosto de dormir. Sou invisível socialmente e invejo o bem-sucedido, que se pavoneia com seus objetos. Não quero me sentir culpado de minha condição; prefiro, portanto, acusar dela o bem-sucedido. Com isso, viverei minha mediocridade como se fosse o resultado da violência dos privilegiados, que gozam de tudo e não deixam nada para mim".
Enfim, para se consolar, o ressentido inventa uma moral (social ou religiosa) pela qual, no futuro, seu perseguidor será destronado pela revolta ou queimará nas chamas do Inferno.
Nos bares da "facu" de filosofia, nos anos 1970, colegas de direita acusavam a revolução proletária de ser apenas um projeto ressentido. Respondíamos que a revolução não era ressentida, porque ela não queria vingança, não queria substituir a burguesia, apropriando-se de seus brinquedos: seu intuito era inaugurar um mundo diferente, onde todos gozaríamos de novos prazeres.
Desse ponto de vista, os saqueadores de Londres, eles sim, seriam simplesmente uns ressentidos, não é?
Pode ser, mas, antes de responder, recomendo paciência: o que hoje parece apenas "ressentiment" pode ser a faísca de mudanças que nem suspeitamos. Afinal, o pessoal de 1789 só pedia pão, e olhe o que aconteceu...

Direitos humanos e ação diplomática

Devemos evitar posturas que venham a contribuir para o estabelecimento de um elo automático entre a coerção e a promoção da democracia


Comprometido no plano nacional com os direitos humanos, com a democracia, com o progresso econômico e social, o Brasil incorpora plenamente esses valores a sua ação externa.
Diante dos eventos da Primavera Árabe, expressamos nossa solidariedade à mobilização social por maior liberdade de expressão e avanços políticos e institucionais em países submetidos a regimes autoritários. Tanto no Conselho de Segurança quanto no Conselho de Direitos Humanos da ONU, condenamos as violações cometidas pelos regimes líbio e sírio.
Ao velar para que o compromisso com os valores que nos definem como sociedade se traduza em atuação diplomática, o Brasil trabalha sempre pelo fortalecimento do multilateralismo e, em particular, das Nações Unidas.
A ONU constitui o foro privilegiado para a tomada de decisões de alcance global, sobretudo aquelas relativas à paz e à segurança internacionais e a ações coercitivas, que englobam sanções e uso da força.
Ações militares sem a legitimação do Conselho de Segurança da ONU, além de trazerem descrédito para os instrumentos internacionais subscritos pela comunidade internacional como um todo, tendem a se transformar em fator de instabilidade, violência e violações de direitos humanos em grande escala, como demonstrou a intervenção militar no Iraque.
Não nos esqueçamos de que o primeiro direito humano é o direito à vida. A primeira obrigação da comunidade internacional ao deparar com uma situação de crise é a de evitar o agravamento de tensões.
Cada vez que a violência se dissemina, as primeiras vítimas são os segmentos mais vulneráveis: as crianças, as mulheres, os idosos, os desvalidos.
Além de defendermos a legalidade das nossas ações coercitivas perante a Carta da ONU e o direito internacional, devemos sempre aplicar medidas adequadas, com os olhos voltados para os resultados almejados: a promoção da democracia, dos direitos humanos, a proteção da população civil, a criação de condições de estabilidade que geram oportunidade de progresso econômico e social.
A ordem internacional não se fortalece com interpretações livres de mandatos do Conselho de Segurança. E, sempre que a ordem se enfraquece, quem mais padece são os mais fracos. Como bem assinalou o professor Richard Falk, da Universidade Princeton, em entrevista à Folha, houve, no caso da Líbia, uma lacuna entre o que foi autorizado pelo Conselho de Segurança e a ação da Otan.
A relação entre a promoção da paz e segurança internacionais e a proteção de direitos individuais evoluiu de forma significativa ao longo das últimas décadas, a partir da constituição das Nações Unidas, em 1945. Não se pode afirmar que essa evolução, positiva em seu conjunto, seja obra de um grupo de países em particular.
Ela é fruto de um embate de ideias em que os militarmente mais poderosos não estiveram necessariamente na vanguarda dos clamores por justiça e equidade. Lembro que os primeiros esboços da Carta da ONU incluíam referências escassas aos direitos humanos por razões que hoje podem parecer surpreendentes.
Robert C. Hildebrand, que relata as negociações do documento em sua obra "Dumbarton Oaks", credita essa circunstância ao fato de que os Estados Unidos temiam questionamentos à segregação racial ainda vigente no país e à preocupação do Reino Unido de que sua soberania sobre um vasto império colonial viesse a ser posta em xeque -como efetivamente ocorreu.
A luta contra o apartheid proporciona um exemplo eloquente de ação conjunta do mundo em desenvolvimento contra práticas que atentam contra a dignidade humana. Quando o tema foi levado ao Conselho de Segurança da ONU, as objeções à aplicação de sanções contra o regime minoritário sul-africano partiram de membros permanentes ocidentais.
Desde a adoção da Carta da ONU, a relação entre promover direitos humanos e assegurar a paz internacional passou por várias etapas. Sofreu paralisia em função da rivalidade ideológica da Guerra Fria; beneficiou-se do breve momento de consenso internacional do imediato pós-Guerra Fria e da ação internacional pela reversão da invasão iraquiana do Kuait.
Em meados da década de 90 surgiram vozes que, motivadas pelo justo objetivo de impedir que a inação da comunidade internacional permitisse episódios sangrentos como os da Bósnia ou do genocídio em Ruanda, forjaram o conceito de "responsabilidade de proteger".
Embora a responsabilidade coletiva não precise se expressar por meio de ações coercitivas para ser eficaz, surgiram vozes particularmente intervencionistas e militaristas no chamado "Ocidente" que continuam gerando controvérsia e polêmica.
A Carta da ONU, como se sabe, prevê a possibilidade do recurso à ação coercitiva, com base em procedimentos que incluem o poder de veto dos atuais cinco membros permanentes no Conselho de Segurança -órgão dotado de competência primordial e intransferível pela manutenção da paz e da segurança internacionais.
O acolhimento da responsabilidade de proteger na normativa das Nações Unidas teria de passar, dessa maneira, pela caracterização de que, em determinada situação específica, violações de direitos humanos implicam ameaça à paz e à segurança.
Para o Brasil, o fundamental é que, ao exercer a responsabilidade de proteger pela via militar, a comunidade internacional, além de contar com o correspondente mandato multilateral, observe outro preceito: o da responsabilidade ao proteger. O uso da força só pode ser contemplado como último recurso.
Queimar etapas e precipitar o recurso à coerção atenta contra a "rationale" do direito internacional e da Carta da ONU. Se nossos objetivos maiores incluem a decidida defesa dos direitos humanos em sua universalidade e indivisibilidade, como consagrado na Conferência de Viena de 1993, a atuação brasileira deve ser definida caso a caso, em análise rigorosa das circunstâncias e dos meios mais efetivos para tratar cada situação específica.
Não há espaço, no estabelecimento de políticas consistentes na área dos direitos humanos, para generalizações ingênuas nem para facilidades retóricas.
Devemos evitar, muito especialmente, posturas que venham a contribuir -ainda que indireta e inadvertidamente- para o estabelecimento de elo automático entre a coerção e a promoção da democracia e dos direitos humanos. Não podemos correr o risco de regredir a um estado em que a força militar se transforme no árbitro da justiça e da promoção da paz.

ANTONIO DE AGUIAR PATRIOTA é ministro das Relações Exteriores.

A sala de aula, desconectada

Não podemos ignorar, no processo de aprendizado escolar, as tecnologias de informação e comunicação


TRINTA ANOS depois do primeiro PC, só 7% dos coordenadores pedagógicos das escolas brasileiras acreditam que seus professores sabem preparar uma apresentação em PowerPoint. Há 15 anos na era das redes, só 20% dos professores dizem estar na web, a partir da escola, quase todos os dias.
Tal estado de coisas só não é mais preocupante porque 69% dos professores com menos de 30 anos revelam estar na rede a partir de casa, todo dia ou quase, realizando atividades associadas ao seu papel na escola.
Os dados são da pesquisa sobre as TICs (tecnologias da informação e comunicação) nas escolas, empresas e domicílios, publicada pelo CGI.br (Comitê Gestor da Internet brasileira) -ver o link bit.ly/ra829Z.
Você poderia dizer que o papel dos professores, na escola, é "dar aulas". Mas não, não é. O principal papel dos professores, em todos os níveis, é conduzir processos de criação de oportunidades de aprendizado. E isso pode ser feito de muitas formas, entre as quais a aula.
Mas a aula à qual estamos acostumados -normalmente a explanação de um texto conhecido, quando não a repetição pura e simples, na escola, do material que os alunos poderiam ter lido em casa para discutir em sala- já deveria ter sido proibida há décadas.
Talvez "proibida" seja muito forte neste contexto. Mas você já imaginou a quantidade de tempo e de gente que se perde, mundo afora, ouvindo o professor recitar, e muitas vezes mal, um texto que poderia ser lido antes da aula, especialmente pelos maiores, para um debate em sala?
Será que o processo de aprendizado mudaria significativamente se todos os professores soubessem preparar e realizar uma apresentação em PowerPoint, talvez resultado de terem mais acesso à internet na escola? Não necessariamente, até porque o domínio da tecnologia para expressar o conteúdo não significa domínio do conteúdo.
E estamos cansados de saber que um dos maiores problemas dos professores dos primeiros níveis de ensino é sua formação, em cursos de pedagogia que, se têm pouco a ver com as necessidades reais das escolas, estão quase sempre abaixo da crítica no que tange à qualidade de seu próprio processo educacional.
Ainda por cima, de que adiantaria preparar uma apresentação computacional, gráfica e interativa, se apenas 4% das salas de aula têm um PC para apresentá-la?
Ocorre que as tecnologias de informação e comunicação não podem mais ser ignoradas no processo de aprendizado, até porque são parte da linguagem dos aprendizes.
Internet, redes sociais, jogos digitais, smartphones não são uma raridade exótica na realidade dos alunos. Mais de 85% das residências têm celular, 35% têm computador, 31% estão ligadas à internet.
A sala de aula, coitada, está desconectada. Entre os 44% dos brasileiros que usam computadores com alguma frequência, 50% sabem usar uma planilha e manipular som e imagem e, surpreendentemente, 18% têm alguma competência em programação. Aí é que a escola, os professores e a sala de aula ficaram, em termos de competências em TICs, muito atrás da média da população.
O que quer dizer, também e auspiciosamente, que as oportunidades de aprendizado pularam o muro da escola e foram para a rua, onde estão situadas, do ponto de vista das TICs, mais competências do que no sistema educacional.
Isso é bom, porque indica que pessoas e empresas não estão dependendo só da escola e de sua dinâmica para aprender, o que realmente deveria ser o caso em uma sociedade "em rede", de informação e conhecimento.
Mas quer dizer também que a escola é quase irrelevante para o aprendizado de um vasto conjunto de fundamentos e de técnicas que são essenciais no trabalho e na vida de qualquer um, hoje e no futuro, qualquer futuro.
O estudo do CGI.br aponta problemas antigos, crônicos e diagnosticados há anos, que já poderiam ter sido tratados de múltiplas formas, se o sistema educacional tivesse a prioridade que deveria ter em um país que, se no passado era "do futuro", quer, no presente, estar "no futuro".

Antipolítica

Se os políticos parecem ser todos corruptos é porque nós, na sociedade civil, devemos ser todos honestos


Certa vez, uma mulher me disse que não deixaria de gostar de mim, mesmo se eu perdesse o cabelo, engordasse absurdamente e mudasse de fé ou de lugar de residência. Mas ela deixou claro que, caso eu me tornasse um político, ela se separaria de mim, no ato. Essa mulher é brasileira, mas poderia ter sido italiana. Brasileiros e italianos compartilham, hoje, uma paixão antipolítica. A ideia antipolítica mais difusa é a convicção (recente na Itália e endêmica no Brasil) de que o exercício da política é indissociável da corrupção -com seu cortejo de alianças oportunistas, mentiras etc. Fora a ojeriza moral, a consequência dessa convicção é a seguinte: de repente, o único projeto republicano válido parece ser a luta contra os corruptos. Ou seja, no governo, os apetrechos da política (planos, visões ou competências) são inúteis, apenas precisamos de pessoas honestas.
A antipolítica da corrupção cria uma nova unanimidade. Para o cidadão comum, ela é lisonjeira: se os políticos parecem ser todos corruptos é porque nós, na sociedade civil, devemos ser todos honestos, não é? Para os políticos, denunciar a corrupção de sua própria classe é mais fácil do que conceber e colocar em ato ideias sociais e econômicas inovadoras. Com isso, a antipolítica reconcilia a nação, as classes e os partidos: vivemos enfim numa comunidade de (todos) indignados contra os políticos (todos) corruptos.
Na Itália, o Partido Comunista da época de Berlinguer (inclusive nas regiões que governava) era considerado, mesmo por seus adversários, como uma reserva ética. Os comunistas podiam ser acusados de comer criancinhas, mas ninguém imaginava que, uma vez no poder, eles seriam como os outros. Ora, a partir de 1991, quando o partido se desfez, as siglas nas quais ele confluiu (compostas cada vez mais de políticos profissionais e cada vez menos de militantes) foram partidos como os outros.
O caso do PT, no Brasil, não foi muito diferente. As alianças de governo e sobretudo o mensalão acabaram com a ideia de que o Partido dos Trabalhadores representasse uma reserva ética dentro da política. Conclusão: como quer a antipolítica, políticos são todos iguais e reserva ética só existe na sociedade civil.
Quanto a mim, oscilo: acho que a arte de governar não deveria se resumir num trabalho de polícia, mas será que, hoje, é possível qualquer política sem um saneamento moral prévio?
A corrupção generalizada não é o único argumento da antipolítica. A desconfiança de discursos políticos fanfarrões e abstratos (que, ao longo do século 20, sacrificaram milhões) pede que eles sejam substituídos pelo cuidado com os problemas concretos, numa espécie de ativismo direto, sem projetos globais, sem representação e sem delegação. Aqui também a antipolítica ganha uma simpatia suprapartidária e interclassista.
Acabo de ler um conto de Piero Colaprico, "Arrivano i NAM", publicado pelo "Corriere della Sera", no qual ex-militantes da luta armada dos anos 1970 e 1980, tanto esquerdistas como fascistas de extrema direita, unem-se, hoje, para criar um grupo que organiza linchamentos e punições como no passado, só que contra alvos comuns, que não são mais inimigos ideológicos, mas pessoas que concretamente estragam a convivência civilizada de todos na cidade.
Os NAR, Nuclei Armati Rivoluzionari, são assim substituídos pelos NAM, Nonni Armati per Milano, ou seja, os avós armados para Milão, vigilantes defensores da ordem e da justiça miúdas e concretas.
Concordando com a antipolítica, entre os NAR e os NAM, talvez eu prefira os avós, os NAM. Se hesito um pouco, é porque receio que, à força de cuidar apenas do concreto imediato, a gente acabe perdendo a capacidade de pensar mundos realmente diferentes.
Em suma, não sei interpretar a antipolítica. Talvez ela seja o sinal de uma nova forma de domínio, que nos induz a aceitar nosso "sistema" e pedir apenas gestões mais honestas e mais concretas. Talvez, ao contrário, ela seja uma revolta contra a política tradicional, capaz, a longo prazo, de redefinir nossa visão do que é política.
Questões. A Primavera Árabe me parece ser um evento político no sentido tradicional. Mas os jovens protestatórios do Chile e ainda mais os saqueadores de Londres foram o quê? Antipolíticos?