RIO — Políticos, artistas e amigos foram ao Memorial do Carmo, no Caju, se despedir do jornalista Rodolfo Fernades, diretor de Redação do GLOBO. Estiveram presentes ao velório, neste domingo, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB), o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), os senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Lindbergh Farias (PT-RJ), o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e o prefeito Eduardo Paes, entre outros.
Rodolfo morreu neste sábado, aos 49 anos, vítima de insuficiência respiratória provocada por esclerose lateral amiotrófica. O jornalista lutava há dois anos contra a doença.
O ministro de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco, o antropólogo Roberto DaMatta e a atriz Sílvia Buarque também foram ao velório. Colegas de profissão e do jornal O GLOBO, como Luis Fernando Veríssimo, Merval Pereira, Zuenir Ventura e Míriam Leitão, se despediram de Rodolfo.
O vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, destacou o caráter do jornalista:
- Rodolfo foi um profissional ímpar. Um talento e uma capacidade de liderança na redação. Era um chefe adorado por toda a sua equipe.
O GLOBO tem um ambiente invejável dentro da redação, obra em grande parte do Rodolfo. Mais do que tudo, ele foi um grande amigo de todos nós, de todas as pessoas que trabalharam com ele. Ele deixa uma lembrança boa para a gente, por seu senso de humor e seu carinho. Rodolfo foi uma pessoa muito especial.
Para o deputado federal Miro Teixeira, uma das características mais importantes de Rodolfo era a impessoalidade na atividade jornalística:
- Eu acompanhei a carreira do Rodolfo desde o início e ele fazia no jornalismo o que falta aos políticos na vida pública: impessoalidade. Conhecia pessoas públicas e políticos, mas não misturava as relações e levava as informações verdadeiras às pessoas.
A atriz Sílvia Buarque lembra de Rodolfo como um jornalista sério, mas ao mesmo tempo divertido:
- Eu fui cunhada do Rodolfo durante sete anos. Ele era um jornalista centrado e muito sério, mas nem por isso deixava de ser brincalhão. Eu me lembro dele fazendo piada e jogando futebol.
Para Aécio Neves, o Brasil perdeu "o mais importante jornalista da nossa geração":
- Rodolfo fez uma escola ética e profissional. E soube construir relações em todos os campos.
Certamente, uma nova geração de jornalista vem se formando através do exemplo do Rodolfo. É uma perda sem tamanho e, por isso, estamos todos aqui hoje extremamente sentidos.”
Eduardo Paes destacou a paixão de Rodolfo pelo Rio.
- Ele tinha uma característica marcante: a sua enorme carioquice. Sempre reservou um espaço na primeira página do GLOBO para debater os assuntos da cidade. O Rodolfo era um apaixonado por essa cidade, um supercarioca, e que vai fazer muita falta neste debate sobre o Rio, até quando (o debate) era contra o prefeito.
Carreira de jornalista começou aos 16 anos
Filho do jornalista Hélio Fernandes, Rodolfo começou a carreira aos 16 anos de idade na "Tribuna da Imprensa", onde teve breve passagem. Depois, em Brasília, trabalhou na "Última Hora", no "Jornal de Brasília", na "Folha de S. Paulo" e no "Jornal do Brasil", onde entrou em 1985.
Em 1989, ele se transferiu para a sucursal do GLOBO em Brasília, onde foi coordenador de política e chefe de redação até voltar para o Rio, em 1995. Foi editor de Política até 2001, quando virou diretor de redação.
Rodolfo deixa a mulher, a economista Maria Silvia Bastos Marques, e dois filhos, Felipe e Letícia, do primeiro casamento, com Sandra Araújo.
O governador Sérgio Cabral decretou luto oficial de três dias e dará nome a uma escola do estado em homenagem a Rodolfo. E, no Engenhão, Flamengo e Vasco fizeram um minuto de silêncio pelo jornalista antes de começar o clássico.