TRÍPOLI, LÍBIA - Um prédio de quatro andares no complexo do palácio Bab al-Aziziyah, onde vive o ditador líbio Muamar Kadafi, ficou seriamente danificado, possivelmente por mísseis Cruise. Segundo o repórter da CNN, Nic Robertson, convidado pelas autoridades governamentais para ver os estragos nesta segunda-feira (hora local), os dois buracos vistos no edifício podem ter sido provocados por mísseis. Um alto-funcionário americano, por sua vez, disse que edifício abrigava material militar.
O prédio fica a 50 metros da tenda onde Kadafi recebe seus convidados e da estátua de um pulso dourado amassando um jato e marcado com as letras "USA" - monumento erguido para lembrar o bombardeio americano ao país em 1986 onde um jato americano foi derrubado.
Autoridades americanas afirmaram neste domingo que o ditador líbio não está na lista de alvos da coalizão que combate às forças daquele país e que não há informações sobre vítimas civis. Já o governo líbio disse que mulheres, crianças e religiosos morreram durante os ataques.
Após 24 horas do
início da operação aliadacontra a Líbia, o governo de Trípoli
anunciou um cessar-fogo imediato, mas as autoridades americanas disseram não
acreditar em nenhum anúncio feito pelo país.
Logo no início do dia, a agência de notícias estatal líbia informou que o governo havia
iniciado a distribuição de armas a mais de 1 milhão de pessoas. A medida já havia sido citada pelo ditador Muamar Kadafi durante uma ligação para a TV estatal, em que prometeu uma "longa guerra" contra as forças internacionais que desde sábado atacam suas tropas. Citando o Ministério da Defesa, a agência Jana disse que "homens e mulheres" receberão as armas.
Um integrante da oposição líbia disse à CNN que o governo de Kadafi recolheu corpos de pessoas mortas nos confrontos de semana passada, deixando-os expostos neste fim de semana, em uma tentativa de fazer acreditar que haviam sido atingidos pelos bombardeios.
O presidente Barack Obama e sua equipe de Segurança Nacional trabalharam nos bastidores para obter apoio no mundo árabe à missão militar na Líbia. De acordo com integrantes da administração americana, Obama, que está no Brasil,
fez conferências telefônicas para explicar à Liga Árabe que o bombardeio da coalizão está dentro da Resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovado na última quinta-feira.
O esforço concentrado deve-se às
críticas feitas pelo secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, aos ataques internacionais na Líbia,dizendo que causaram a morte de civis. O apoio da Liga Árabe à zona de exclusão aérea, na semana passada, ajudou os países ocidentais a superarem a relutância para uma ação na Líbia. A Organização das Nações Unidas autorizou não só a zona de exclusão aérea e também "todas as medidas necessárias" para proteger civis.
Moussa disse que a operação militar foi além do que a Liga Árabe apoiou e falou a repórteres, neste domingo, que "o que aconteceu foi diferente dos objetivos da zona de exclusão aérea" e que eles querem que "a proteção aos civis não bombardeie mais civis''. As forças de coalizão - que incluíam EUA, Reino Unido, França, Canadá e Itália - ganharam o reforço de Qatar, com quatro aviões, e Bélgica. A própria Itália, que de início havia cedido apenas suas bases aéreas, anunciou que participaria “de igual para igual” na operação, com oito jatos.
Contudo, o futuro da operação ainda é incerto. O secretário da Defesa americano, Robert Gates, afirmou que, em breve, ela pode passar sob comando da França e Reino Unido, ou então, da Otan. Este último cenário, no entanto, enfrentaria oposição de países aliados do mundo árabe. Por sua vez, a Otan aprovou um plano militar para implantar um embargo de armas sobre a Líbia
- Há sensibilidade dos árabes em operar sob comando da Otan. Precisamos descobrir como usar equipamentos da Otan sem transformar isso numa operação da Otan.