GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Justiça determina que controle de estrada em Roraima seja devolvido aos índios

Os indígenas Alisson Waimiri e Josimar Waimiri, na entrada da Terra Indígena Waimiri Atroari (18/06/2019)
A Justiça determinou que a corrente de bloqueio noturno da BR-174, que liga Manaus (AM) a Roraima (RR), seja imediatamente devolvido aos indígenas da etnia Waimiri Atroari.

Em decisão tomada na noite dessa sexta-feira, 28, o juiz federal titular da 2ª Vara Federal, Felipe Bouzada Flores Viana, determinou à União e à Fundação Nacional do Índio (Funai) que recoloquem as correntes no local e que sejam destacadas equipes de policiais federais e agentes dos órgãos para garantir a segurança no local. O descumprimento da decisão, que tem 48 horas de prazo para ser cumprida, pode acarretar em multa diária de R$ 50 mil. A decisão atendeu a um pedido da procuradora da República, Manoela Lopes Lins Cavalcante.

Na manhã de sexta, o deputado estadual Jeferson Alves (PTB-RR) derrubou o bloqueio da base indígena que controla o acesso à BR-174.Com uso de uma motosserra e um alicate de pressão, o deputado corta o tronco e uma corrente que era usada pelos índios para controlar o acesso na rodovia.
Apoiado por outras pessoas, Jeferson Alves rompeu a corrente dizendo que “nunca mais” a rodovia será fechada. “Presidente Bolsonaro, é por Roraima, é pelo Brasil, não a favor dessas ONGs que maltratam meu Estado”, afirmou no vídeo.
Pela tarde, os índios já tinham retomado o controle do acesso e recolocado uma corrente no local. Há décadas, o bloqueio da BR-174 ocorre diariamente, das 18h às 6h da manhã, no trecho da reserva indígena Waimiri Atroari. Durante o bloqueio, só é autorizada a passagem de ônibus de linha interestadual, caminhões com cargas perecíveis e ambulâncias.
O controle é realizado para proteger animais e os próprios povos de atropelamentos. A iniciativa de controlar o tráfego na BR-174 partiu do Exército, quando ainda era responsável pelos postos de vigilância. A medida de controle, apesar das críticas, faz parte do Subprograma de Proteção Ambiental do Programa Waimiri-Atroari, e tem por finalidade controlar o tráfego nas estradas existentes dentro da terra indígena e evitar ações predatórias da fauna.
Os planos de construção da BR-174 foram apresentados em 1968. O 6º Batalhão de Engenharia (BEC) assumiu a execução da obra. Durante o processo de construção, que terminaria em 1979, a população indígena foi quase dizimada por confrontos e contágio por inúmeras doenças. Com a estrada, somaram-se os efeitos da construção da hidrelétrica de Babina, o mais trágico projeto elétrico do país, e a mineração industrial.
De 3 mil índios, os kinja reduziram-se para 200 indígenas. O resgate do povo kinja deve-se ao trabalho do indigenista Porfírio Carvalho, que por décadas atuou na defesa desses indígenas e conseguiu estabelecer uma política de controle, o que envolveu, entre outras ações, um programa de proteção e apoio firmado com a Eletrobrás.
Hoje, vivem cerca 2,1 mil índios da região, espalhados em 56 aldeias.

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