O presidente Jair Bolsonaro negou nesta 3ª feira (16.abr.2019) que o governo federal intervirá na política de preços de combustíveis. “Não quero e não vou intervir na Petrobras”, disse.
A afirmação faz parte de nota lida pelo porta-voz da Presidência, Otávio Rêgo Barros, a jornalistas no Planalto.
Antes do anúncio do porta-voz, os ministros Paulo Guedes (Economia) e Bento Albuquerque (Minas e Energia) falaram sobre reunião convocada pelo presidente da República.
Participaram do encontro o vice-presidente Hamilton Mourão e os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Paulo Guedes (Economia), Tarcísio Freitas (Infraestrutura) e Bento Albuquerque (Minas e Energia), o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e o diretor geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Décio Oddone.
Guedes negou que o governo federal intervirá de maneira política no preço dos combustíveis. Afirmou que a Petrobras tem autonomia. “Não queremos repetir o fenômeno Dilma e muito menos o fenômeno Venezuela”, disse.
O ministro da Economia falou que o presidente pensou na dimensão política ao decidir não reajustar o preço do diesel. Há, no entanto, uma preocupação com a questão econômica –demonstrar que não haverá interferência nos preços.
Guedes disse que Bolsonaro foi franco e transparente ao ligar para o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, e relatou o que ele disse na conversa: “No dia que estou comemorando 100 dias de governo você está jogando diesel no meu chopp”.
O chefe da pasta de Economia afirmou que a Petrobras precisa ser mais transparente sobre a política de preços adotada. Disse que não serão feitos reajustes em períodos menores que 15 dias.
“A comunicação vai ser clara, como se aplica nos bancos centrais do mundo inteiro”, disse.
Guedes também criticou o monopólio exercido pela Petrobras e disse que é preciso uma política de privatizações, descentralização e combate aos cartéis: “Ninguém faz fila nas outras capitais do mundo para exigir cartão. O preço só está no colo do governo porque o monopólio é do governo. Vocês não perguntam se o preço do leite subiu ou não porque não tem a Leitobras”.
Entenda o caso
Na 5ª feira (11.abr), a Petrobras anunciou o aumento de 5,7% no preço médio do diesel. Bolsonaro interveio na decisão da estatal e o reajuste foi suspenso. No dia seguinte, a empresa perdeu R$ 32 bilhões em valor de mercado.
Paulo Guedes não foi consultado antes da intervenção do presidente. Após reuniões com ministros nesta 2ª feira (15.abr.2019), o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, declarou que a empresa é “livre” e que a decisão de não prosseguir com o aumento foi da própria companhia.
Para conter o risco de uma nova greve dos caminhoneiros, o governo anunciou nesta 3ª feira (16.abr.2019) 1 pacote de medidas a favor da categoria.
Bento Albuquerque disse mais cedo nesta 3ª feira que houve “1 erro de comunicação” na divulgação e na posterior suspensão do reajuste do preço do diesel na semana passada.
“Houve 1 erro de comunicação na apresentação desse índice de 5,7%. Estava voando para Roraima e quando pousei é que comecei a receber as informações. Entendo que o presidente, não estando informado e não tendo as pessoas para informá-lo exatamente do que estava ocorrendo, pediu esclarecimento. E é isso que vamos prestar a ele daqui a pouco”, disse.
A declaração foi dada durante seminário “Oportunidades do Setor de Óleo & Gás para o Brasil”, promovido pelo IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis) e o Poder360, no Brasília Palace Hotel, na capital federal.
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