A previsão de uma reconstrução da Notre-Dame em cinco anos foi o grande destaque da curta fala de Emmanuel Macron, que durou apenas 6 minutos. O presidente francês afirmou que esse não era o momento de fazer o anúncio das medidas governamentais que estavam previstas, ressaltando o luto pelo monumento.
“Após esse desafio, virá a reflexão e a ação. Não podemos misturar essas etapas. Não podemos cair na tentação da pressa”, disse Macron. “Eu conheço todas as pressões, a impaciência de querer agir a todo instante, fazer os anúncios que estavam previstos. Como se estar no comando de um país não passasse de mera administração de algumas coisas e não significasse também ser consciente de nossa história, do tempo, dos homens e mulheres.”
O chefe de Estado lembrou que a França teve vários outros monumentos queimados ao longo da história, que foram reconstruídos, e pediu a ajuda de todos para enfrentar a tragédia. “Os parisienses se confortaram, os estrangeiros choraram, os jornalistas escreveram, os escritores sonharam, os fotógrafos mostraram ao mundo essa imagem terrível. Todos fizeram o que puderam, cada um desempenhando seu papel”, afirmou Macron, descrevendo o drama da segunda-feira (15).
“Esse é o momento de nos tornarmos melhor do que nós somos. É preciso reencontrar a linha de nosso projeto nacional, que nos uniu. Franceses e estrangeiros que amam a França e Paris, eu compartilho sua dor e também sua esperança”, concluiu o chefe de Estado.
Resposta aos "coletes amarelos"
Apesar do adiamento do discurso oficial, algumas partes do suposto texto com as medidas de Emmanuel Macron vazaram nesta terça-feira. Segundo a agência de notícia AFP, um dos projetos do presidente é reduzir os impostos da classe média. A medida seria financiada eliminando alguns incentivos fiscais.
No provável discurso, Macron também se compromete a estudar novamente o Imposto Sobre Fortunas (ISF), cuja eliminação foi muito criticada. De acordo com o chefe de Estado, a justiça fiscal foi um dos principais temas do Grande Debate Nacional organizado como resposta aos protestos do movimento dos "coletes amarelos".
Outra promessa de Macron: evitar o fechamento de escolas e hospitais até o fim de seu mandato. Levando em conta que “muitos dos cidadãos têm o sentimento que o território está abandonado”, o chefe de Estado espera “assegurar a presença dos serviços públicos” e investir na “descentralização”, com mais funcionários espalhados fora de Paris.
Para responder a exigências precisas dos “coletes amarelos”, Macron também se disse “favorável” em seu texto à ideia de referendos de iniciativa cidadã, os chamados “RIC”. Ele prevê que uma convenção de “300 cidadãos sorteados” será criada a partir de maio para se ocupar da transição ecológica.
Por fim, o chefe de Estado também concordou em acabar com a Escola Nacional de Administração (ENA), prestigioso estabelecimento de ensino onde ele mesmo estudou e se formou em 2004. A decisão também seria uma resposta às críticas dos “coletes amarelos” ao que eles consideram um símbolo do “elitismo francês”.
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