Para triplicar seu tempo de TV na campanha, o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) fechou acordo com líderes partidários que têm uma ficha de ao menos 13 inquéritos criminais por suposto envolvimento em corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes contra a administração pública. Os representantes do Centrão que assumiram a dianteira das negociações com o tucano são investigados na Lava Jato, a maioria por recebimento de propinas da Odebrecht. Os casos motivaram rumorosas operações da Polícia Federal e tramitam no Supremo Tribunal Federal.
Presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PI) foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República como integrante do chamado quadrilhão de seu partido. Conforme a acusação, ele e outros congressistas recebiam subornos em vários órgãos, entre eles a Petrobras.
O PP tem o maior número de parlamentares citados no petrolão. Tanto que, no capítulo de sua delação sobre os implicados no esquema, o doleiro Alberto Yousseff disse que, no partido, “só sobram dois”.
Em outros três processos, Nogueira é apontado como beneficiário de até R$ 5,2 milhões em pagamentos de Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC. Neste último caso, foi denunciado por, supostamente, obter R$ 2 milhões para favorecer a empreiteira em obras.
Nogueira também sofreu medidas de busca e apreensão da PF em abril e, em junho, foi denunciado por tentar obstruir investigações. É acusado de ameaçar um ex-assessor que diz ter testemunhado seus crimes. O Supremo ainda não decidiu sobre a eventual abertura de ações penais contra o senador. E a Procuradoria também pediu apuração sobre pagamento de propina a Nogueira pela JBS.
Presidente do Solidariedade, o deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força Sindical, também ajudou no acerto com Alckmin.
No Supremo, ele enfrenta duas investigações sobre fraude e corrupção para liberar cartas sindicais no Ministério do Trabalho. A mais recente veio à tona em maio, com a Operação Registro Espúrio. Paulinho e outros políticos estão proibidos de frequentar a pasta.
Quatro delatores da Odebrecht citaram repasses de caixa dois para o deputado, o que motivou mais dois inquéritos. Nas planilhas de propina do grupo, ele era identificado como Força ou Forte. Num dos casos sob investigação, o deputado teria recebido R$ 1 milhão em 2014 em troca do “apoio político” dado à empreiteira numa greve. Outro inquérito, referente às eleições de 2010, apura recebimento de R$ 200 mil.
Forte fiador da aliança com o PSDB, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), desistiu de sua candidatura ao Planalto por Alckmin e foi um dos que viajaram a São Paulo para celebrar a aliança com o tucano.
Associado ao codinome Botafogo nas planilhas da Odebrecht, ele é alvo de dois inquéritos. Um apura se recebeu R$ 100 mil pela aprovação de medidas provisórias de interesse do grupo. Outro investiga pagamentos de caixa dois a ele e ao pai, o ex-prefeito do Rio César Maia, em 2008 e 2010.
O presidente nacional do PR, Valdemar Costa Neto, também desembarcou da candidatura Bolsonaro para aderir a Alckmin. Condenado e preso no esquema do mensalão, voltou a figurar no noticiário policial em 2016, também por causa da delação da Odebrecht. Dois executivos o acusaram de receber propinas nas obras da Ferrovia Norte-Sul. Seu grupo político teria ficado com 4% do valor do contrato da empreiteira com a Valec.
Chefe do PRB, o ex-ministro Marcos Pereira da Silva é investigado por, supostamente, receber R$ 7 milhões para que o partido aderisse à chapa de Dilma Rousseff em 2014. O episódio foi relatado por ex-dirigentes da Odebrecht.
O empresário Joesley Batista, dono da JBS, disse em delação ter negociado repasse de outros R$ 6 milhões ao ex-ministro, em troca da promessa de facilidades na Caixa.
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