Geraldo Alckmin (PSDB) tem motivos para comemorar a semana. Dois partidos importantes, o PSD e o PTB, confirmaram apoio para sua candidatura. Outros parecem prestes a embarcar: DEM, PRB, PR e Solidariedade.
Enquanto isso, Ciro Gomes (PDT) xingou uma promotora por abrir processo contra ele por injúria racial ao vereador paulistano Fernando Holiday (DEM). Ciro também enviou uma carta para Boeing e Embraer se metendo na fusão das empresas, mostrando seu pendor pela insegurança jurídica. E ainda essa: assessor econômico ligado ao DEM encontrou Mauro Benevides, economista ligado à campanha de Ciro, e saiu pouco impressionado. De nada adiantou Roberto Mangabeira Unger, guru de Ciro, afirmar em entrevista recente que o DEM é o partido do “empreendedorismo”. A possível aliança entre PDT e DEM está praticamente descartada.
Alckmin conseguiu compor com dois partidos envolvidos em escândalos recentes de corrupção. Negocia também, além dos já citados, com o PR de Valdemar Costa Neto, que já cumpriu pena de dois anos e meio pelo envolvimento no mensalão petista. Deve-se sua soltura, em maio de 2016, ao juiz Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal – aquele que defende uma postura “iluminista” do tribunal. Gilberto Kassab, atual ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações e comandante do PSD, também é investigado por conta das delações de executivos da JBS e Odebrecht. O caso do PTB é ainda pior. Uma operação da Polícia Federal deflagrada ao longo das últimas semanas mostrou um extenso esquema de corrupção do partido no Ministério do Trabalho, até bem pouco tempo atrás comandado por Helton Yomura, subordinando informalmente a Cristiane Brasil (PTB), filha de Roberto Jefferson (PTB). Jefferson também cumpriu pena pelo envolvimento no mensalão petista. Foi condenado a sete anos e cumpriu pouco mais de dois. Barroso também o soltou.
Mais tempo de TV no horário eleitoral será ótimo para Alckmin. Sem o apoio desses partidos, seus adversários pegariam esse tempo. Mas será que ser apoiado por políticos corruptos pode ter um efeito ruim para sua campanha? Uma pista sobre isso é dada pelos cientistas políticos Albert Falcó-Gimeno e Jordi Muñoz no artigo “Show Me Your Friends: A Survey Experiment on the Effect of Coalition Signals”, publicado ano passado no Journal of Politics. Eles argumentam que alianças entre partidos revelam não apenas as possíveis estratégias de governabilidade após as eleições, mas também mostram características intrínsecas aos partidos. Digamos que o PC do B de Manuela D’Ávila se alie à Rede de Marina Silva. Poderia ser uma estratégia política interessante para que os comunistas controlassem ministérios caso Marina fosse eleita, mas mostraria que as bravatas contra o capitalismo são bobagem, “cheap talk”.
O apoio do PTB e PSD seria ruim para Alckmin caso o PSDB fosse visto como um partido que plausivelmente será menos corrupto do que outros uma vez eleito. Não é o caso. Portanto, Alckmin só tem a ganhar com esses aliados. Não há perda reputacional porque a reputação tucana já é péssima.
A última notícia é que o ex-governador paulista disse que vai “tomar um café” com o PP. Alckmin costuma pagar seus cafés com notas altas, esbanjando gorjeta. Tem que tomar cuidado para quem o acompanha não confundir com caixinha.
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