Os delatores premiados Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS,
afirmaram, em conversas gravadas acidentalmente por eles próprios, que
têm um áudio em que o presidente do Partido Progressista (PP), senador
Ciro Nogueira (PI), fala em “derrubar a Lava-Jato”. Ciro Nogueira é um
dos investigados na Lava-Jato – ele já foi denunciado por corrupção
passiva e lavagem de dinheiro pela Procuradoria-Geral da República
(PGR). Na última semana, sem saber se teriam ou não mais tempo para
apresentar provas complementares à delação, advogados da JBS entregaram à
PGR novos levantamentos, relatórios e áudios de conversas com
políticos. Aparentemente sem saber manejar o aparelho, eles gravaram
conversas deles próprios em que expõem estratégias de defesa, possíveis
arranjos na delação e opções sobre como avançar contra o Supremo
Tribunal Federal (STF).
De
acordo com o que o Ministério Público interpretou dos áudios, aos quais
VEJA teve acesso, Joesley Batista sugere, em tom jocoso, mostrar aos
investigadores só a parte de gravação que Ciro fala sobre derrubar a
Lava-Jato. Não está claro se essa gravação contra Ciro Nogueira já está
em poder do Ministério Público.
Na conversa, Joesley e Ricardo
Saud ainda tentam prever o tamanho do estrago que a divulgação das
conversas envolvendo o presidente do PP causaria: “Ricardo, se nós
mostrar (sic) só essa partezinha da fita do Ciro – sem a das putarias
– só a partezinha de que vai derrubar a Lava-Jato, de que vai votar
rapidinho e vai… Nossa senhora! Já pensou?”, questionou Joesley.
Entre
risadas, Joesley tenta tranquilizar o amigo: “Ricardo do céu, sabe por
que eu não fico nervoso? Porque eu tenho certeza de que nós não vai
(sic) precisar disso. Nós não vai usar nada disso. Eu penso assim. Vamos
pensar assim”.
No relato a Joesley Batista, Saud ainda conta que
ouviu de Ciro Nogueira que a Odebrecht queria dar 40 milhões (não está
clara a moeda) ao senador. “Eu falei: ‘Ciro, tenta receber da gente
aqui'”. “Ele pegou a mala, fui lá e pus. E falei: ‘Leva aí a roupa da
minha irmã'”, continuou Ricardo Saud.
Entre todos os partidos
citados no escândalo do petróleo, o PP é aquele que tem mais políticos
apontados como beneficiários de propina. Em março deste ano, por
exemplo, o Ministério Público Federal, no Paraná, apresentou ação de
civil pública contra o PP e 10 políticos da legenda. Pediu a condenação
da sigla, como pessoa jurídica, e o pagamento de 2,3 bilhões de reais de
ressarcimento ao erário, multa civil e por danos morais coletivos.
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