GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer
Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

domingo, 24 de julho de 2016

Às vésperas da Olimpíada, cariocas denunciam descaso com saúde e educação Prefeitura prioriza megaeventos e deixa população com serviços precários

A poucos dias para o início da Olimpíada, turistas começam a chegar ao Rio. Além das belezas naturais, os visitantes vão poder usufruir de grandes estádios, shows gratuitos em praças e um forte esquema de policiamento. Mas o clima de festa esconde uma realidade, não tão feliz, enfrentada pela parcela da população que precisa contar com serviços públicos, como saúde e educação.
O orçamento total dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro é estimado em R$ 38,7 bilhões. O custo é dividido entre a administração pública e a iniciativa privada, por meio de patrocínios ou Parcerias Público-Privadas (PPPs). As altas cifras chamam a atenção e são alvo de críticas dos cariocas, que acreditam que os recursos poderiam ter sido melhor alocados.  
Equipamentos da Rio 2016: destino de parte dos R$ 38,7 bilhões
Equipamentos da Rio 2016: destino de parte dos R$ 38,7 bilhões
1, 2 e 3- Arena de Vôlei de Praia no Leme; 4- Estúdios para transmissão de TV em Copacabana; 5- Estrutura da organização em Copacabana; 6- Arquibancada em Copacabana; 7- Estrutura da organização; 8 e 9- Megastore em Copacabana
A saúde, por exemplo, parece ser sido esquecida pelos governantes. A recepcionista Tatiana, moradora da zona norte, está com o pai internado no Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. Durante as visitas, ela e a mãe se deparam com a unidade lotada e pacientes nos corredores. "Minha mãe esteve aqui na terça-feira (19) e disse que lá dentro está muito complicado. Tem muita gente sendo atendida em macas nos corredores", afirmou Tatiana, que aguarda há quatro meses para conseguir marcar consulta no posto de saúde de Irajá.
Emergência do Salgado Filho
Emergência do Salgado Filho
Para Fernandes, usuária do hospital, essa realidade é muito comum nos hospitais públicos. "Isso aqui é Brasil, né? Está super lotado, mas pelo menos vão ser atendidos. Em outros hospitais, os médicos nem olham para os pacientes", disse.
A mãe de Catarine Conceição também é atendida na unidade hospitalar. De acordo com ela, falta contratação de mais profissionais para melhorar o atendimento. "Minha mãe não tem a perna direita, então é complicado para ela se virar na cama para fazer curativos. E lá tem muita gente acamada. As enfermeiras precisam ficar de um lado para o outro atendendo as pessoas. É muita demanda e poucas enfermeiras", contou. 
Pacientes no Hospital Miguel Couto, no Leblon
Pacientes no Hospital Miguel Couto, no Leblon
Usuários do Hospital Municipal Miguel Couto também acreditam que há um descaso do governo do município com o setor de saúde. "Há muita demora no atendimento. É sempre assim e a gente já até considera normal", afirmou Roberta Pires, aposentada, que esperava há quase cinco horas para ser atendida na manhã de quarta-feira (20).
Márcia de Oliveira, que acompanha o marido em tratamento na unidade da zona sul, também vê falhas no atendimento. A funcionária pública tece críticas às despesas com os Jogos Olímpicos: "Essa demora sempre existiu. Poderia estar melhor e não só na saúde. Os governantes parecem não se importar. As obras para as Olimpíadas já apresentam vários problemas, como a Transolímpica. Eles sempre usam material de má qualidade. O negócio não é fazer boa obra, é 'arrecadar' um bom dinheiro".
Mais dinheiro para educação?
Escola localizada na Tijuca
Escola localizada na Tijuca
Se na área da saúde está ruim, o cenário não é diferente na educação. Uma funcionária do setor administrativo da Escola Municipal Orsina da Fonseca, que não quis se identificar, acredita que falta mais valorização dos profissionais do setor. "Para ter uma vida tranquila tem professor que precisa pegar dois, três empregos, e correr de um lado para o outro", contou. De acordo com ela, a Prefeitura precisa liberar mais investimentos para o setor: "A direção da escola precisa se virar com o que vem de verba, com tanta coisa que precisa fazer. Ficamos numa dificuldade completa. Nas salas de aula, a gente precisa usar carteiras muito antigas porque o dinheiro não deu para reposição do mobiliário". 
Stela, mãe de aluna da Escola Municipal Azevedo Sodré, localizada na Praça da Bandeira, afirma que a Prefeitura precisa contratar mais profissionais: "Até que a administração chamou muitos professores, mas falta profissionais de apoio, como secretários e merendeiras. Por conta disso, a educação especial está caótica. É muito triste. A Prefeitura precisa convocar os agentes de apoio que estão no banco de aprovados. Ela diz que está contratando, mas é mentira".
A unidade Azevedo Sodré, na Praça da Bandeira
A unidade Azevedo Sodré, na Praça da Bandeira
De acordo com ela, a administração pública trata com desleixo as unidades escolares. "Outro ponto é a questão da infraestrutura. A Prefeitura construiu as 'Escolas do Amanhã', mas as escolas antigas estão precisando de reformas, precisando de cuidados. A administração do município esqueceu as escolas antigas", criticou Stela.
Para Jaqueline, também mãe de aluna na mesma unidade, os governantes não atendem às principais reivindicações da população: "Não há o que reclamar dos professores da escola, que são excelentes, mas, da Prefeitura, sim. O poder público deveria priorizar a educação, a saúde e outras coisas que o Rio precisa, muito mais do que dos Jogos Olímpicos".

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