A desfiliação da senadora Marta Suplicy do PT e o anúncio precoce de que ela será candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB levaram os partidos a antecipar seus cronogramas para a disputa eleitoral na capital em 2016.
Dezoito meses antes da realização do 1.º turno, o PSDB e o PRB de Celso Russomanno já competem com o PSB pela busca de apoios e o protagonismo do sentimento de antipetismo.
Os partidos apostam no isolamento do prefeito Fernando Haddad (PT) e acreditam que ele “pagará a fatura” política das manifestações anti-Dilma Rousseff de março e abril. Foi na capital que os protestos tiveram o seu epicentro.
Os tucanos decidiram que o candidato da legenda será definido no segundo semestre, e não seis meses antes da eleição, como costuma acontecer. Dirigentes do PSDB e aliados do governador paulista dizem que pela primeira vez desde 2000 o candidato não será Geraldo Alckmin ou José Serra.
A senadora, uma das fundadoras do PT, vinha de um processo de desgaste com o partido desde a campanha eleitoral de 2014, quando foi preterida na disputa pelo governo paulista.
“Perdemos a oportunidade criar novas lideranças, por isso precisamos de mais tempo para consolidar um nome diferente no eleitorado”, diz o vereador Mário Covas Neto, até o momento o candidato único para assumir a presidência do PSDB paulistano. A eleição para o diretório municipal será em maio.
‘Renovação’
Quem aparece como favorito para representar a “renovação” do partido na campanha de 2016 é o vereador Andrea Matarazzo. Ele recebeu o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e dos senadores José Serra e Aloysio Nunes Ferreira.
“A expectativa da entrada da Marta na disputa levou o Haddad a mover suas peças e a trazer o (Gabriel) Chalita (secretário municipal da Educação) e o (Eduardo) Suplicy (secretário municipal de Direitos Humanos) para o governo”, diz Matarazzo.
O PSB já articula o palanque de Marta. Segundo o presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, a candidatura da senadora na capital foi consensual no PPS, que se fundirá com a sigla.
Para garantir um bom tempo na TV, os pessebistas disputam com Celso Russomanno (PRB) o apoio do Solidariedade, partido ligado à Força Sindical e com grande poder de mobilização.
A estratégia do PSB é explorar o antipetismo para conseguir angariar apoio na classe média. A senadora conta com forte base nas periferias da cidade, mas é vista com desconfiança pelo eleitor mais conservador.
O PT tenta minimizar o impacto da entrada de Marta na disputa, mas já esboçou uma estratégia para tentar neutralizar o discurso da ex-filiada: despersonificar a gestão dela à frente da prefeitura. “As conquistas são nossas, do PT. Não há política pessoal”, afirma o vereador Paulo Fiorillo, presidente do PT paulistano.
A avaliação dos petistas é de que a senadora não conseguirá quebrar a barreira do antipetismo. “Não acredito que ela vai conquistar os votos ‘azuis’. E ela ainda vai perder o que acha que é dela: os votos da periferia”, afirma o presidente estadual do PT, Emidio de Souza.
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