GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer
Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Outra vantagem dos olhos azuis

Paul Newman e Elizabeth Taylor. Quem não gostaria de ter aqueles olhos? Mesmo que os olhares escuros nos gerem mais confiança, como afirmou uma publicação do site PLOS One depois de um estudo da Charles University, de Praga, a sedução continua associada às íris mais claras. E essa não é a única vantagem de se ter os olhos claros.
A capacidade dos olhos de revelarem dados sobre a saúde das pessoas começa a ser conhecida. Na verdade, há anos os cientistas rastreiam os vínculos entre suas características e certas doenças. A última pista vem de Inna Belfer, do Centro de Pesquisa da Dor da Universidade de Pittsburgh, nos EUA. A médica apresentou um estudo preliminar na 33a Reunião Anual da Academia Americana da Dor que revela que as mulheres caucasianas de olhos claros (azuis ou verdes) parecem tolerar a dor e a angústia melhor do que as que têm os olhos castanhos. Também sofrem menos de ansiedade depois do parto e têm índices menores de depressão.
O trabalho foi realizado com 58 futuras mães que deram à luz no Hospital de Mulheres Magee da UPMC. Todas receberam uma avaliação da dor, estado de espírito, sono e conduta de enfrentamento antes e depois do parto. As participantes foram divididas em dois grupos em função da cor de seus olhos: 24 com olhos escuros (castanhos de todos os tons) e 34, claros (azul ou verde). Os dados mostraram que as primeiras experimentaram mais dor, mais ansiedade e um nível maior de transtornos do sono. As mulheres de olhos claros enfrentaram o processo com mais felicidade.
A principal pesquisadora reconheceu que “devido ao pequeno tamanho da amostra, não pudemos obter provas conclusivas, mas observamos que nosso estudo revelou padrões que exigem mais estudos. Vamos ver se existe um vínculo entre a cor dos olhos e a dor clínica na segunda fase desse ensaio, tanto em homens como em mulheres, e em diferentes modelos de dor que não sejam só a do parto”. A especialista insiste: “Pode haver certos fenótipos que predizem ou indicam a resposta de uma pessoa a estímulos de dor ou ao tratamento com analgésicos. A dor humana se correlaciona com múltiplos fatores, como o gênero, a idade e a cor do cabelo. Realmente, os pesquisadores descobriram que o cabelo ruivo está associado a uma resistência maior aos anestésicos e também a um aumento da ansiedade”.
O doutor Gregory Terman, do Departamento de Anestesiologia e Medicina da Dor da Universidade de Washington (EUA), admite que, mais uma vez, estudos como esse destacam que cada paciente é um indivíduo e que sua dose de medicação deve ser feita de forma personalizada. “Estatisticamente, percebemos que há muito mais variabilidade diante das experiências de dor segundo as características particulares de cada um, como cor do cabelo, dos olhos, idade, peso, sexo... É um fato que também aparece nas respostas aos medicamentos para pressão arterial”, afirma.
Assim, a cor do cabelo também pode determinar como se enfrentam as aflições. Na verdade, as pessoas ruivas, além de terem uma pele mais branca e mais sensível, sentem mais dor física do que as loiras ou morenas. É o que demonstra um estudo publicado noJournal of American Dental Association, conduzido por cientistas do Instituto de Anestesiologia de Kentucky, que determina que esses indivíduos precisam de 19% mais analgésico para suportar os incômodos do que os de cabelo escuro.

As estradas da dor

Concepción Pérez, chefe da Unidade de Dor do Hospital Universitário da Princesa e porta-voz da Sociedade Espanhola de Dor, destaca: “Ainda que estudos como o dos olhos claros sejam preliminares, tanto esta nova pesquisa como as realizadas nas pessoas ruivas nos indicam que provavelmente haja causas genéticas relacionadas com a percepção da dor. Aprofundar esse assunto poderia ser muito útil no futuro, porque nos ajudaria a predizer que pessoas vão precisar de mais analgésicos”.
A doutora Pérez continua: “Hoje sabemos, por exemplo, que a genética tem um papel preponderante para definir como um indivíduo vai responder aos diferentes fármacos analgésicos. Se terá mais ou menos eficácia ou se vai apresentar efeitos colaterais. Trata-se de um campo que atualmente tem um desenvolvimento importante: a farmacogenética”. No entanto, sabe-se que o cérebro desempenha um papel fundamental na sensibilidade à dor. Por exemplo, a dor crônica altera os circuitos cerebrais. Seu início é um sinal de alerta que nos protege dos perigos. Se tocássemos em óleo fervente e não sentíssemos dor, acabaríamos sofrendo grandes queimaduras. O problema acontece quando a dor se torna crônica. É então que começa o círculo vicioso, no qual as ruas da dor se transformam emestradas”, acrescenta.
Enrique Santos Bueso, da Unidade de Neuro-oftalmologia do Hospital Universitário Clínico San Carlos, de Madri, aponta: “Os olhos também podem falar muito de nossa saúde. Às vezes, atendemos pacientes que chegam à consulta porque acreditam ter um problema ocular e descobrimos que são sinais de outras doenças”. Dissecamos cada caso segundo as estranhas características que seus elementos oculares apresentam. Porque nem todos temos a sorte de exibir belos (e indolores) olhos claros...

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