A ex-contadora do doleiro Alberto Youssef, Meire Bonfim da Silva Poza, aceitou o convite para depor no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados no processo por quebra de decoro parlamentar que tramita contra o deputado Luiz Argôlo (SDD-BA). Meire deve depor hoje, às 10h, como testemunha escolhida pelo relator do processo, o deputado Marcos Rogério (PDT-RO).
Em entrevista à revista Veja desta semana, Meire afirmou que o doleiro circulava com "malas e malas dedinheiro" em esquema de lavagem supostamente utilizado por políticos do PT, PMDB e PP. Essas malas, segundo ela, saíram da sede de pelo menos três "grandes empreiteiras, sendo embarcadas em aviões e entregues às mãos de políticos".
A ex-contadora acusou Argôlo e o deputado André Vargas (sem partido-PR) de se beneficiarem do esquema. Ambos respondem a processo no colegiado por suas relações com o doleiro preso na Operação Lava Jato da Polícia Federal. Outro parlamentar por ela citado no depoimento à revista foi Cândido Vaccarezza (PT-SP), que teria obtido ajuda para pagar dívidas de campanha.
A ex-contadora será a primeira testemunha a ser ouvida pelos membros do Conselho. Na sequência, será ouvido Douglas Alberto Bento, gerente da agência da Caixa Econômica Federal na Câmara dos Deputados. Bento foi arrolado como testemunha de defesa.
Dois pedidos de investigação contra Argôlo foram apresentadas em maio, quando veio à tona a troca de mensagens entre o parlamentar e o doleiro. Argôlo é acusado de receber, além de cabeças de gado, R$ 120 mil de Alberto Youssef por meio de transferência bancária feita para a conta de seu chefe de gabinete, Vanilton Bezerra. Em depoimento na semana passada, Bezerra negou o depósito e autorizou a quebra de seu sigilo bancário. Ao depor à Polícia Federal nos dias 23 e 25 de julho, Meire Poza mencionou que o esquema então investigado envolvia mais de 50 empresas. O depoimento foi feito no Paraná. Meire conheceu Alberto Youssef por meio de Enivaldo Quadrado, um dos réus do processo do mensalão, condenado por lavagem de dinheiro.
Ela informou à policia que trabalhou como contadora do doleiro Youssef durante três anos. O doleiro, afirmou ainda, tinha uma rede de empresas de fachada que forneciam notas fiscais frias para importantes prestadoras de serviços da Petrobras. Uma das hipóteses levantadas pela PF é que o dinheiro que as empresas fantasmas de Youssef recebiam por serviços não prestados era usado para pagar propinas.
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