Devo admitir que Fernando Haddad está sendo coerente com o que prometeu na campanha --e, admito, não tinha alternativa. Suspeito até, neste momento, que ele esteja arrependido. Mas não tem volta: só neste ano, ele terá de jogar fora (isso mesmo, jogar fora) R$ 180 milhões dos cofres municipais por causa de uma jogada de marketing.
Ontem, ele informou que, já neste ano, vai reembolsar quem pagou a taxa de inspeção veicular, o que vai dar algo como R$ 180 milhões. Os motoristas aplaudem, certamente o PT vai ganhar pontos, muitos pontos, na classe média.
Essa promessa garantiu, na campanha, que ele não ficasse sob suspeita de que iria criar taxas --um fantasma do PT em São Paulo por causa de Marta Suplicy.
Como ele não pode mandar a conta para o PT e seus marqueteiros, ficamos na situação de que aqueles que não têm carro (e gostariam de ver os R$ 180 milhões em corredores de ônibus ou melhores calçadas) são prejudicados.
A tendência das cidades civilizadas é cobrar cada vez mais --e dar menos espaço-- de quem tem carro. Não é só bom para o a fluidez do trânsito, mas para a saúde, em particular, e para a qualidade de vida no geral.
Aqui, não: damos estímulos aos motoristas para que comprem carros mais baratos, graças a descontos de impostos (novamente, dinheiro de todos).
Fica a lição para que façamos cada vez mais contas nos períodos eleitorais --para não vermos a fatura depois.
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