O editor-executivo de O GLOBO Pedro Dias Leite fez uma análise detalhada com o desempenho individual de cada candidato no debate. Afinal, como lembra ele, o primeiro encontro televisivo entre presidenciáveis vale mais pela repercussão do que pela audiência, ainda muito baixa.
A existência de 35 partidos, sendo treze deles com candidatos à
presidência, leva a um debate, no mínimo, disperso no primeiro turno.
O que se viu, na noite desta quinta-feira, foi o simbólico início da corrida
presidencial mais improvável dos últimos 30 anos. Desde 1989 não se via tantos
candidatos de partidos tão pequenos com chance de serem levados a sério.
Liderando a corrida eleitoral, Jair Bolsonaro (PSL) parecia um
homem ponderado frente ao histrionismo de Cabo Daciolo (Patri).
Principal novidade do debate, o ex-bombeiro, que ironicamente chegou ao
parlamento pelo PSOL, pedia votos apelando ao mesmo núcleo ideológico do
ex-capitão. Ambos apresentavam-se como os mais honestos, cristãos, patriotas e
independentes.
A súbita popularidade de
Daciolo nas redes sociais pareceu ter incomodado a equipe de
Bolsonaro, a ponto de o ex-capitão do Exército fazer questão de, em suas
considerações finais, lembrar a seu eleitor que já está "entre os melhores
ranqueados".
À esquerda, o jovem Guilherme Boulos entrou no lugar de Plínio
de Arruda Sampaio como representante do PSOL, mas sem o bom humor do saudoso
militante. Ao menos conseguiu emplacar a melhor tirada da noite, referindo-se
aos adversários como "50 tons de Temer".
Em suas qualidades e defeitos, Marina Silva (Rede), Ciro
Gomes(PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) repetiram papéis
de outras eleições e acabaram sendo responsáveis pelos momentos mais
programáticos. Álvaro Dias (Podemos) chamou mais atenção pelo
riso fixo e o figurino todo azulado. Coube a Henrique Meirelles (MDB)
a árdua tarefa de defender a existência de êxitos do presidente mais impopular
de nossa história.
Ainda que, oficialmente, eles só possam pedir votos a partir da próxima
quinta-feira, a campanha finalmente começou. E, em dois meses e meio, um deles
será escolhido para comandar o Planalto.