Em apenas oito segundos, foi implodido nesta manhã o terceiro trecho do viaduto da Perimetral, na Zona Portuária do Rio. O trecho de 300 metros fica entre a Praça Mauá e o Distrito Naval, no Centro, e integra o projeto de revitalização da região. No local, onde fica situado o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Terminal Marítimo, a prefeitura planeja a criação de um parque linear.
O prefeito Eduardo Paes esteve no local para acionar a detonação, que envolveu 250 quilos de explosivos. "É um espaço sendo devolvido à população, como espaço de integração e convívio. É uma história que estava escondida por esse monstro que é a Perimetral", afirmou o prefeito, após a derrubada. Segundo ele, a obra é a mais "impactante" de sua gestão.
Em substituição à via, uma avenida expressa está sendo construída para interligar as principais vias da cidade, como o Aterro do Flamengo, na zona sul, a Ponte Rio-Niterói e a Avenida Brasil. A previsão é que a nova via seja concluída apenas no primeiro semestre de 2016, como parte das obras de revitalização da Zona Portuária prevista no projeto para os Jogos Olímpicos.
Paes admitiu que as mudanças causam transtorno aos moradores e pediu paciência aos cariocas. "Passamos muito tempo reclamando por aquilo que não era feito. Agora reclamamos pelo que está sendo feito. A gente sabe que causa transtorno, mas são obras que vão gerar maior mobilidade à cidade", garantiu.
Cerca de 300 pessoas foram deslocadas do perímetro para a intervenção. Uma área de 150 metros de raio, isolada desde ontem para a demolição, só será reaberta na próxima quarta-feira, dia 23.Os prédios históricos mais próximos ao viaduto, como o terminal marítimo e o MAR tiveram as fachadas protegidas com madeiras para evitar danos. Na demolição do primeiro trecho, no final do ano passado, alguns prédios da região, tiveram vidraças quebradas e apresentaram rachaduras.
A demolição deixou mais de 10 mil toneladas de concreto, que devem ser retiradas em 30 dias pelo consórcio responsável pela obra. Neste trecho, foram implodidos apenas os pilares de sustentação do viaduto. Após a detonação, a via caiu sobre montanhas de areia usadas para amortecer o impacto da queda.
"Havia dúvida quanto à integridade do concreto desse trecho, que foi feito com cabos de aço entrelaçados. Isso dificulta a implosão pois destroços poderiam ricochetear. Com essa técnica, tivemos mais segurança", explicou José Renato Ponte, presidente da concessionária Porto Novo, responsável pelas obras da região.
Ao todo serão cinco etapas até que todo o viaduto seja demolido. Ainda faltam cerca de 2 quilômetros do viaduto, construído na década de 1950. O maior desafio será no trecho próximo à Rodoviária Novo Rio, área de fluxo intenso de veículos. A prefeitura ainda não definiu como ou quando serão feitas as próximas demolições.
"Estamos concluindo vias internas para que sejam devolvidas ao transito e permitir que seja feito um arranjo sobre o tráfego no local. É uma decisão conjunta com a secretaria de transportes e outros órgãos", explicou Alberto Gomes da Silva, diretor da Companhia de Desenvolvimento Urbano (Cdurp).