Depois de reassumir o comando da seleção brasileira, pouco mais de dez anos depois de ter conquistado o pentacampeonato mundial, Luiz Felipe Scolari já começou a projetar a formação do grupo que terá como próximo principal desafio a Copa das Confederações de 2013 e depois lutará para conquistar o seu objetivo maior: o título da Copa do Mundo de 2014. E, ao projetar a próxima temporada, o técnico disse que Neymar, o principal craque do Brasil hoje, deverá ser um dos três finalistas ao prêmio de melhor jogador do mundo do próximo ano, eleito pela Fifa.
O treinador falou sobre este assunto em entrevista ao site oficial da entidade que controla o futebol mundial, publicada nesta segunda-feira, na qual enfatizou não acreditar no fato de que o atacante do Santos precise jogar na Europa para ser um dos três principais concorrentes a ganhar a Bola de Ouro de 2013.
A opinião do comandante é diferente da de muitos nomes de peso do futebol mundial, como Ronaldo e Joseph Blatter, que na semana passada disseram que o jovem santista tem de ir atuar no futebol do Velho Continente se quiser brigar, de fato, pelo prêmio de melhor do mundo - neste ano ele ficou entre os dez finalistas, mas acabou excluído da disputa derradeira, agora restrita a Messi, Cristiano Ronaldo e Iniesta.
"O Neymar, a partir do ano que vem, não deverá estar incluído entre os dez melhores, mas entre os três. Provavelmente será essa a condição dele. O Neymar não precisa ir para a Europa para ser escolhido o melhor do mundo, até porque o treinador que ele tem hoje no Santos é uma pessoa que vem trabalhando com ele há mais de um ano e, durante esse tempo, a gente nota a mudança do Neymar em relação à atitude, ao posicionamento em campo", afirmou Felipão, antes de acrescentar que aposta na evolução gradativa do atacante ao ponto de a Fifa colocá-lo entre os três melhores do mundo mesmo longe dos holofotes do futebol europeu.
"O Muricy (Ramalho) ajudou e ainda ajuda muito o Neymar a crescer na parte tática. Não acredito que ele tenha obrigação de ir para a Europa para que evolua. Quem conhece o Neymar sabe que há uns dois ou três anos ele vem evoluindo muito bem e que provavelmente ainda vai evoluir muito mais", completou.
Já ao ser questionado sobre quem votaria na eleição da Fifa que elegerá o melhor do mundo em 2012, o técnico revelou que escolheria Cristiano Ronaldo na premiação cujo ganhador será conhecido no próximo dia 7 de janeiro.
"Eu vi todos jogarem, claro, mas trabalhei apenas com o Cristiano e eu acho que ele, também pelo decorrer do que fez no Manchester United, na seleção portuguesa e no Real Madrid, merece o reconhecimento. Eu votaria nele. Ele vem numa sequência espetacular de quatro ou cinco anos e venceu apenas uma vez. Eu o escolheria. Também porque, por ter trabalhado com ele, sei da dedicação, de quanto ele se envolve com sua condição física e técnica para melhorar e alcançar o objetivo de ser o melhor do mundo", disse Felipe, ao justificar a sua opção.
E, se votaria no seu ex-comandado da seleção de Portugal, Felipão ainda revelou que escolheria o português José Mourinho para o prêmio de melhor técnico do mundo em 2012, sendo que também valorizou o trabalho a longo prazo realizado pelo badalado treinador do Real Madrid.
"Eu escolheria o José Mourinho porque o acho um dos grandes técnicos mundiais e porque faz um trabalho excelente desde que começou pelo Porto, depois no Chelsea, na Inter de Milão e agora no Real Madrid. Pela sequência desse trabalho, escolheria o Mourinho", enfatizou.
Já ao falar sobre os seus planos para a seleção brasileira, Felipão repetiu o discurso de sua apresentação oficial como técnico, na semana passada, quando disse que o Brasil atuará na condição de favorito ao título na Copa de 2014, embora hoje não seja o principal candidato a ficar com a taça. E o técnico garantiu não estar preocupado com o fato de hoje a principal referência da seleção ser Neymar, um jovem de apenas 20 anos.
"Um dos grandes ídolos da seleção foi o Ronaldo, que brilhou com 19, 20 anos. O Pelé, quando foi, tinha 17 - não era ídolo na época, mas se tornou dentro do Mundial (de 1958). Enfim, isso não é problema. Claro que é preciso ter muita personalidade, ser muito centrado. Além do mais, o jovem pode ser ídolo da parte técnica, mas não significa que tenha que ter um comando dentro do grupo. Aí é que precisa ter um entendimento bom entre comissão técnica e jogadores para que todos compreendam a situação. Mas não vejo como nada ruim o fato de, com 20, 21 anos, o jogador ser nosso grande ídolo", analisou Felipão, lembrando que irá apostar em uma mescla entre experiência e juventude para formar o grupo da seleção, cuja base montada por Mano Menezes era composta, em sua grande maioria, por atletas muito jovens.
"Acho que ainda há bons jogadores que poderão, na medida em que mostrarem condições, serem convocados. Gente que já tem uma bagagem, uma experiência um pouco maior do que jogadores que nós temos hoje jogando pela seleção. Agora, essa mescla não passa por um número idealizado - é um, são dois, cinco ou dez. Não. Se houver um ou outro atleta que eu ache que pode ajudar a seleção também com um pouco de sua experiência, provavelmente eu vou convocar, para que a gente tenha uma seleção um pouco mais mesclada, não só de jovens", avisou.