Se você quiser turbinar a rentabilidade da sua carteira de investimentos em 2012, aplique nos títulos públicos indexados aos índices de preço e aposte nos papéis privados, tanto de renda fixa quanto ações, mas fuja de todo tipo de investimento relacionado com a Europa.
Essa é a avaliação dos principais gestores de recursos do país ouvidos pela revista ValorInveste, que circula hoje.Na renda fixa, a possibilidade de aumento da inflação somada ao objetivo declarado do governo de continuar reduzindo os juros favorecem, segundo os gestores, a aplicação nas NTN-Bs, títulos públicos indexados ao IPCA. Essa visão ignora, por ora, a possibilidade de o Banco Central voltar a subir os juros caso a inflação não retorne para o centro da meta de 4,5% no ano que vem.
Os papéis de renda fixa emitidos por empresas privadas também devem ser boas alternativas de investimento para o próximo ano porque, com as turbulências no mercado financeiro internacional, muitas companhias podem decidir captar recursos no mercado interno, oferecendo taxas de juros competitivas.
Estruturas de investimento específicas tais como os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs) ou as Letras Financeiras são alternativas interessantes para alavancar os ganhos e estão no radar dos gestores de recursos, mas requerem análise mais cuidadosa.
Na renda variável, uma das recomendações mais frequentes é substituir os fundos de ações indexados aos índices amplos, tais como o Ibovespa ou o IBrX, para apostar nos fundos focados nas empresas pequenas e médias ou relacionadas ao setor de infraestrutura. No primeiro caso, o motivo é aproveitar o aquecimento do mercado interno. A premissa para o investimento nessas ações é que as empresas menores estão mais bem posicionadas para lucrar com o aumento do consumo, além de permanecerem mais distantes dos problemas econômicos dos países desenvolvidos, porque as transações de comércio exterior são pequenas em relação ao faturamento total.
Já para as empresas fornecedoras de produtos e serviços relacionados com as obras de infraestrutura, espera-se que terão aumento de suas receitas devido ao crescimento previsto das encomendas a fim de garantir as bases do crescimento econômico brasileiro e viabilizar a realização da Copa do Mundo e da Olimpíada.
Outra sugestão dos gestores é escolher os fundos de ações que adotam como política de investimento analisar os fundamentos de cada empresa para, então, decidir as alocações. Essa abordagem, conhecida como “de baixo para cima” (“bottom-up”), dá mais ênfase à análise individual do desempenho de cada companhia do que ao comportamento da economia como um todo. Particularmente em momentos de crise, essa estratégia é útil para identificar os investimentos que podem ser menos afetados pelas variações do mercado global.
Os gestores também chamam a atenção para os riscos dos investimentos. As aplicações mais seguras, e ainda assim rentáveis, continuam sendo os tradicionais fundos DI e as LFTs, títulos públicos corrigidos pela taxa Selic negociados no Tesouro Direto. No patamar atualmente previsto para os juros, a caderneta de poupança ainda não é uma alternativa viável para bater a rentabilidade dos bons fundos e dos títulos públicos.
Nenhum gestor vislumbra a possibilidade de ocorrer uma deterioração forte da economia brasileira a ponto de provocar a valorização acentuada do dólar em relação ao real. Pelo contrário, a recomendação mais frequente é a de não investir em fundos cambiais, principalmente aqueles atrelados ao euro.
Finalmente, todos os gestores são unânimes em recomendar a diversificação dos investimentos. Mesmo para as carteiras mais agressivas, a recomendação é manter, no mínimo, 50% dos recursos na renda fixa.
Como as taxas de juros acima da inflação ainda são elevadas, se você estiver buscando ganhos consistentes para os seus investimentos no próximo ano, diversifique sua carteira e apenas invista nos ativos que você conheça tanto a expectativa de ganhos quanto, principalmente, a possibilidade de perdas.