O Projeto Andorinha, que atende atualmente, com medidas socioeducativas, 17 adolescentes infratores de São Sebastião, encaminhados pelo Poder Judiciário local, conseguiu comprar, no final do mês passado, um carro novo.
A aquisição foi possível graças à renovação, junto à Petrobras, de um patrocínio adquirido no final de 2009, usado em 2010 para a compra de vários equipamentos, como computadores e impressoras, e até mesmo para a compra de um veículo, que não estava sendo eficiente para a ida a locais em condições precárias no município.
“Antes, a gente alugava um carro. A prefeitura nos cedia um também, uma vez por semana”, conta Telma Kajiya de Mello, psicóloga e coordenadora do projeto, que explica que o veículo é usado, principalmente, para a realização de visitas domiciliares, mas também para transportar os adolescentes para internação em Atibaia e levar os pais para visitar os filhos na Fundação Casa, em Caraguatatuba.
Telma conta ainda que uma gestora da Petrobras visita a cidade duas vezes ao ano para acompanhar as conquistas do projeto que, no ano passado, ultrapassou muitas metas. “Infelizmente a renovação do patrocínio é somente por um ano. Se quisermos continuar, teremos que entrar com um novo processo”, lamenta.
A coordenadora explica que o projeto Andorinha, que tem a prefeitura como parceira, oferece apoio psicológico, acompanhamento jurídico, encaminhamentos para a rede municipal de atendimento, cursos profissionalizantes e de idiomas, atividades culturais e reuniões familiares aos jovens que cumprem medida socioeducativa de liberdade assistida e prestação de serviços à comunidade, que podem variar de três meses a um ano; e também os abrigados na Fundação Casa em Caraguatatuba e a seus familiares. “O atendimento é feito para adolescentes entre 12 e 18 anos ou, excepcionalmente, até 21 anos”, explica.
Encontros
“Este ano resolvemos fazer junto aos adolescentes uma sensibilização quanto à dependência química”, conta Telma. Segundo ela, quase 80% dos encaminhados são dependentes ou traficantes, e muitos não se reconhecem como dependentes ou não assumem que são usuários. “Fazemos encaminhamentos pra saúde e eles acabam não indo. Então, um psicólogo tem vindo falar com eles sobre o assunto uma vez por mês. Temos visto resultado”, comenta.
Ainda de acordo com ela, com os pais o trabalho tem sido outro. “Temos trabalhado com eles questões ambientais, diretriz deste ano de nosso mantenedor, a Província Franciscana da Imaculada Conceição.
Como parte do projeto, idealizado e criado em dezembro de 2006, também são feitas atividades externas. “Iremos este mês para o Hopi Hari, parque de diversões em São Paulo”, conta Telma.
Dificuldades
A psicóloga comenta, ainda, que as maiores dificuldades enfrentadas são relacionadas à morosidade do judiciário. “Um adolescente que rouba, vai pra casa e demora meses pra ser convocado para a oitiva. Segundo Telma, este ano, dos 40 adolescentes atendidos no fórum, somente dois estão participando do projeto.
Telma acredita que uma das grandes causas de infrações pelos jovens é o desinteresse dos mesmos pela escola. Ela conta que participou de um seminário em São José dos Campos, recentemente, sobre medidas socioeducativas, do qual participaram projetos de toda região do Vale do Paraíba. “Tem gente que não quer saber de estudar. E o problema é geral na região”, lamenta.