La Plata (AE) - Quatro pênaltis, todos perdidos. Exatos 17 anos depois de ter sido campeão mundial exatamente nos pênaltis, o Brasil foi eliminado pelo Paraguai nas quartas de final da Copa América, neste domingo à tarde, em La Plata, na Argentina. Depois de um empate em 0 a 0 em 120 minutos, em que o time do técnico Mano Menezes foi melhor praticamente o tempo todo, falou mais alto o nervosismo brasileiro. Elano, Thiago Silva, André Santos e Fred bateram muito mal - Villar só precisou defender a cobrança do zagueiro. Assim, vitória paraguaia por 2 a 0.
Havia 16 anos que o Brasil não perdia uma decisão por pênaltis - em todas as competições oficiais que joga. A última havia sido em 1995, na final da Copa América diante do Uruguai. Nas duas edições mais recentes da competição, o time havia vencido assim o Uruguai nas semifinais de 2004 e 2007 e a Argentina na final de 2004 - é o atual bicampeão. Já o Paraguai chega à semifinal, quando enfrentará Venezuela ou Chile na quarta-feira.
O jogo
Depois de ficar ausente dos dois últimos treinos da seleção antes do jogo deste domingo, por conta de fadiga muscular, Thiago Silva virou dúvida no Brasil. A importância da partida, porém, falou mais alto e Mano Menezes pôde escalar força máxima, com o zagueiro em campo. Já o Paraguai entrou desfalcado do atacante Roque Santa Cruz, que se machucou na última rodada da primeira fase - Valdez foi o substituto.
Os paraguaios, porém, tinham o apoio da torcida, que, somada aos argentinos anti-Brasil, era maioria em La Plata. A seleção brasileira, porém, é quem dominava o jogo. E foi numa troca de passes que nasceu a primeira boa chance do Brasil. Robinho, jogando centralizado, deu bom passe para Alexandre Pato na esquerda. O atacante procurou Ganso, mas foi travado por Paulo da Silva. A bola sobrou com Neymar, que bateu de primeira da entrada da área. Escorregando na areia que tinha no gramado, ele mandou para longe.
Quando conseguiu acertar mais uma boa troca de passes com seus homens de frente, o Brasil voltou a levar perigo. Aos 26 minutos, Ganso tocou na área para Robinho, que teve espaço para chutar, mas foi solidário, passando a Neymar. O atacante do Santos, então, bateu à direita do gol. A chance mais clara de gol no primeiro tempo, porém, nasceu da bola parada. André Santos cobrou falta da esquerda e Lúcio apareceu livre na frente do gol. Desviou de carrinho e o goleiro Villar pegou a queima-roupa, na base do reflexo.
Se o primeiro tempo foi sonolento, a atuação brasileira empolgou no segundo. Logo com 3 minutos, o Brasil, que retornou para o intervalo sem alterações, voltou a levar perigo à defesa paraguaia. Mais uma vez a jogada nasceu de troca de passes. Pato deu a Neymar na área, pela esquerda. O santista cortou a marcação e bateu tirando de Villar. Mas Alcaraz, atrás do goleiro, impediu o gol.
Ainda que não estivesse numa tarde inspirada, Neymar chamava a responsabilidade do jogo. Aos 10 minutos, ele carregou pelo meio e tocou para Ganso. A bola ainda passou pelos pés de Robinho antes de voltar ao atacante, que bateu da entrada da área, para fora.
Aparecendo ao ataque menos do que fez no jogo contra o Equador, Maicon recebeu de Ganso, limpou a jogada e tocou para Robinho, que bateu para fora aos 17. Quatro minutos depois, Ganso pegou um rebote na entrada da área, chutou no canto esquerdo baixo do gol paraguaio e Villar fez ótima defesa. A bola ainda bateu no pé da trave e voltou nas costas do goleiro, indo depois para fora.
A seleção brasileira vivia seu melhor momento no jogo e, aos 27 minutos, criou mais uma boa oportunidade. Neymar bateu falta da direita, a bola passou por muita gente e chegou no peito de Pato O atacante dominou e bateu, já na pequena área. Villar pegou com o pé, no susto.
Em busca do gol da vitória, Mano Menezes mexeu no ataque brasileiro. Tirou Neymar e colocou Fred. Com pouco tempo em campo, o jogador do Fluminense quase marcou, de cabeça, após escanteio batido da esquerda. Barreto tirou em cima da linha. Antes, Pato também havia ficado mais uma vez perto de abrir o placar ao receber de Robinho na área e chutar em cima de Villar. No rebote, cabeceou para fora.
O Paraguai, que só havia dado um chute a gol, aos 5 minutos do primeiro tempo, numa batida de Estigarribia de fora da área, à esquerda, resolveu se arriscar mais no fim do jogo. Barreto e Valdez tentaram, mas só um dos chutes chegou ao gol, para defesa fácil de Julio Cesar. A melhor chance poderia ter sido aos 48 minutos, quando Ramires foi desarmado e os paraguaios começaram a armar um contra-ataque de três contra um. Mas o árbitro argentino Sergio Pezzotta encerrou o jogo e salvou o Brasil.
Como teve muito mais posse de bola durante todo o jogo e Mano Menezes só fez uma alteração, o Brasil chegou cansado à prorrogação. Por isso, caiu muito de rendimento. Só Robinho ainda mostrava um bom futebol, enquanto Fred, mais descansado, esperava uma bola na área.
Aos 11 minutos, após uma disputa de bola mais dura, os jogadores de Brasil e Paraguai deram início a um empurra-empurra. Lucas Leiva e Alcaraz, que foram os que chegaram mais violentamente na confusão, foram expulsos, deixando os dois times com dez jogadores em campo.
Com as entradas de Elano e Lucas, o Brasil melhorou em relação à primeira etapa da prorrogação. Apesar do maior interesse em definir o jogo antes dos pênaltis, a seleção brasileira não conseguiu criar nenhuma chance real de gol. O Paraguai, por sua vez, levou perigo em um chute sem pulo de Valdez. Julio Cesar ficou olhando a bola sair pela direita. Assim como no fim do jogo, o árbitro acabou a prorrogação quando os paraguaios armavam contra-ataque.
Na decisão por pênaltis, Elano foi o primeiro a bater. Displicente, chutou muito por cima do travessão. Barreto também não foi bem, chutando para fora. Depois, Thiago Silva bateu mal e Villar pegou na esquerda. Estigarribia, então, encheu o pé no meio do gol e abriu o placar para o Paraguai. Na sequência, André Santos também tentou o meio, mas repetiu Elano e mandou na arquibancada. Já Riveros bateu com tranquilidade e fez 2 a 0. Aí, Fred mandou para fora, pela direita, e selou a humilhante eliminação brasileira nas penalidades máximas.