Os protestantes fecharam a rodovia em razão da morte de uma criança há cerca de um mês
No feriado de Corpus Christi, por volta das 7h, manhã chuvosa, moradores da cidade de São Jose dos Campos e Pouso Alto se reuniram, na altura do Km 67,500 da Rodovia dos Tamoios (SP-99), entrada para o Pouso Alto, ontem. Tendo como objetivo maior, comum entre todos, a busca por melhorias naquele trecho, que foi cenário de um grave acidente no dia 20 de maio, que tirou a vida de uma menina de 7 anos.
Outra vítima do acidente foi Alvaneide de Oliveira, 51 anos, avó da criança. Segundo ela, o carro que vinha sentido Caraguatatuba, parou no acostamento, para entrar no Pouso Alto, ao iniciar esse trajeto, foi atingido por um carro que vinha em alta velocidade. O acidente causou morte cefálica da menina, que foi arremessada do carro, fissuras na costela de Alvaneide, além de fraturar a coluna cervical do avô, Antônio Carlos de Oliveira, 56 anos, motorista do carro.
De acordo com a mãe da vítima, Patrícia Oliveira, 29 anos, técnica em patologia clinica, moradora da cidade de São José dos Campos, o manifesto reivindica iluminação, radar fixo, conversão de meia pista e segurança no acesso ao bairro. “Precisamos de uma obra emergencial”, acrescenta.
Eram aproximadamente 50 pessoas, concentradas, com faixas que demonstravam os sentimentos e a causa abraçada. A intenção era paralisar todo o movimento de carro, nos dois sentidos. Porém, conseguiram por pouco tempo, restando ficar só no pare e siga. “Esse acesso só piorou, uma amiga perdeu a mãe, nesse trecho, quase da mesma maneira.”, conta Ana Paula da Silva Ferreira, moradora do bairro, amiga da família. Para Ana Paula, o trecho em questão, é perigoso. “Se não resolver, vamos continuar tentando”, avisa.
Com o pare e siga o manifesto gerou algumas reclamações de turistas. Juntou três homens e foram reclamar, acusando a família de ser culpada, de não ter usado cadeira de segurança para a menina, e que não queria ficar presos na estrada por isso.
Para a mulher de um dos reclamantes, Carla Mancuso, o país é democrático, por isso as pessoas podem se manifestar do jeito que quiserem.
Luiz Gustavo Aquaroli, 41 anos, morador de São Paulo, descia para o feriado, quando foi surpreendido pelo manifesto. “Solicitar segurança nas estradas. Se for por pouco tempo é válido sem desrespeitar as pessoas”, salienta.
Patrícia acrescenta que na última quarta-feira, o Departamento de Estrada de Rodagem (DER) passou o rascunho de um projeto para ser realizado no ano que vem. “Só quando duplicar a Tamoios, sendo que primeiro vão fazer de São Jose a Paraibuna, para isso já vai levar uns 2 a 3 anos”, conta.
Nessa paralisação tiveram três lados, os moradores próximos do local que lutam por melhores condições nas estradas, os turistas que aproveitam esses feriados para descansar e os policiais rodoviários que tentam manter a ordem. Segundo o Comandante da Policia Rodoviária do Litoral Norte, tenente Antonio Valdemir Monteiro o seu trabalho é pela preservação da ordem pública, estando do lado do direito de ir e vir de qualquer cidadão. “Estamos com filas de carros até São José dos Campos”, conta. O tenente informou que se os dois sentidos forem fechados, ele será obrigado a chamar a força tática. “O direito acaba quando começa o do outro”, destaca.
O acordo
De acordo com o tenente Monteiro, nesta segunda-feira, ele mesmo levará a Patrícia e quem mais quiser ir, a Taubaté. Onde será feito uma reunião com o DER, para que chegue a um denominador comum. “O estudo técnico a respeito de modificações já existem, tem uma verba para esse trecho. Não é promessa minha. Estou repassando a informação”, acrescenta após ter feito uma ligação no DER, diretoria.6, em Taubaté. O tenente Monteiro também se comprometeu a deixar policiais no local, dia e noite, durante esse feriado, para fiscalização da pista.
O engenheiro do DER, Luiz Fernando Sampaio, também esteve no local, e garantiu que para aquele caso, estão sendo tomadas medidas de atenção especial.
Segundo ele, de emergencial, serão colocadas tartarugas em cima da curva, próximo a entrada, e criar uma caixa de espera.
O engenheiro também acrescenta que há mais de um ano, tinha um projeto pronto, mas por motivos legais, não pode sair do papel. “Acredito que o emergencial é carta convite, não licitação”, conta.
Ele também admiti que para aquela entrada tem que haver 300 metros de visibilidade, o que não é o caso.
O manifesto teve fim, quando a mídia televisiva esteve no local, e em comum acordo com os policiais, colocaram uma pausa, porém já adiantaram que se nada fosse resolvido no próximo fim de semana iria parar a rodovia. “O carro que matou minha filha, estava a140km por hora. Isso é assassinato, a rodovia é de 80 km”, finaliza Patrícia.