RIO - Um ex-aluno invadiu, na manhã desta quinta-feira, a Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, e fez vários disparos, que teriam atingido mais de 30 alunos. Pelo menos 14 pessoas pessoas morreram, incluindo o assassino. Entre os mortos estão doze meninas entre 12 e 14 anos, e um menino. Há 12 feridos, que estão sendo atendidos no Hospital Albert Schweitzer, no Hospital de Saracuruna, no Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia), no Hospital da PM e no Hospital Pedro Ernesto. A maioria dos feridos foi atingida no tórax e na cabeça. O atirador foi identificado como Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, que entrou na escola dizendo que iria dar uma palestra. Ele foi baleado com um tiro de fuzil na barriga e depois se matou.
Segundo Francisco André, de 28 anos, primo de Jessica Guedes, de 13 anos, uma das vítimas do massacre, o atirador teria ido a uma sala de aula e pedido para as crianças fecharem os olhos e levantarem as mãos para que ele começasse uma palestra. Em seguida, ele iniciou os disparos. Francisco disse estar revoltado com a falta de segurança na unidade:
- Como pode um homem entrar numa escola, passar por dois portões fechados sem que ninguém pedisse para que ele se identificasse?
Wellington deixou uma carta explicando as razões do atentado.
A carta, que já foi divulgada, revela indícios de insanidade . Segundo o comandante do 14º BPM, Djalma Beltrame, o conteúdo teria características fundamentalistas.
O Detro estava fazendo uma operação de combate ao transporte clandestino, com três carros, nas proximidades. Os fiscais contavam com o apoio de policiais do Batalhão de Polícia Rodoviária.
- Um garoto baleado no rosto chegou pedindo ajuda e contando que um cara entrou atirando na escola. Uma equipe socorreu o menino, e outras duas se dirigiram à escola. Chegando lá, o sargento Alves abordou o atirador, que estava no segundo andar, subindo para o terceiro. O policial deu um tiro na perna do criminoso e mandou se render. Em seguida, o homem deu um tiro na cabeça - disse Fernandes.
O governador Sérgio Cabral
chamou o atirador de psicopata e animal . Cabral disse que ainda está aguardando a investigação para saber de onde vem a experiência de Wellington com as armas. Ele entrou no colégio com duas armas e munição profissional. O governador enalteceu o trabalho do sargento Alves, que atirou no assassino.
Alunos fogem para auditórioPara fugir do ataque, parte dos alunos foi levada por professores para um auditório do colégio, num dos últimos andares do prédio. As portas do auditório foram fechadas e protegidas por uma barricada de mesas e cadeiras. A fuga para o auditório foi narrada pela estudante Pamela Cristina Nunes, de 13 anos, que esteve com a mãe Simone Nunes, no Hospital Estadual Albert Schweitzer, para saber o estado de saúde da amiga Larissa dos Santos Atanizio, de 15 anos, que levou um tiro.
Aluna do sétimo ano, ela conta que estava na sala de aula do terceiro andar, quando ouviu os tiros. Pamela conta que professores colocaram armários, mesas e cadeiras atrás da porta do auditório para impedir a entrada do atirador no recinto.
- A moça da escola mandou todo mundo subir para o auditório. Nós ficamos lá dentro, trancados, até a polícia chegar - disse a menina.
Segundo a secretária municipal de Educação, Claudia Costin, o ex-aluno teria visitado a escola há um ano. Por isso, ela acredita que o crime desta quinta-feira teria sido planejado. O gari Dorival Porto Rafael, que se encontrava na escola no momento do tiroteio, contou que o homem armado entrou em uma sala da oitava série, onde cerca de 40 alunos assistiam à aula de português.
- Ele entrou na escola dizendo que daria uma palestra. Foi para uma sala da oitava série, que fica no primeiro andar, e sem falar nada tirou uma pistola da bolsa e começou a atirar. A polícia chegou, e ele tentou subir para o segundo andar, quando viu que estava cercado, deu um tiro na cabeça - contou em entrevista por telefone.
Uma multidão de pais e curiosos cerca a escola. A Rua General Bernadino de Matos, onde fica a unidade de ensino, está fechada. Há muito choro e desespero porque os familiares. Durante a confusão, muitas crianças fugiram.
Maria do Carmos Pereira, que mora perto da escola, disse à GloboNews TV que ouviu muitos disparos:
- Foram muitos tiros. Não sei precisar quanto tempo, mas acho que uns cinco minutos. Há muitas ambulâncias e carros da polícia aqui - afirmou.
Outro vizinho, Marcelo Alves, disse que viu crianças com tiros na cabeça:
- Estava chegando em casa por volta de 8h10m e vi a confusão em frente à escola. Vi várias crianças, entre dez e 15, saindo baleadas. Pelo menos três eu vi que estavam com tiro na cabeça. Posso dizer que parecia que estavam mortas. E como a ambulância estava longe, as crianças estavam saindo nos braços dos pessoas e dos policiais. Muitos foram pro hospital no carro da polícia e em carros particulares - disse Marcelo Alves, segurança de 50 anos que mora a cerca de 100 metros da escola.
A doméstica Jane, de 50 anos, estava em casa a poucos metros da escola quando ouviu dezenas de desparo, por volta das 8h. Correu até a escola imediatamente. Muitos pais de alunos e policiais entravam na escola:
- Foi uma cena de horror. Vi pelo menos cinco crianças mortas e várias feridas. Eu mesmo carreguei o corpo de duas crianças mortas, com tiros na cabeça. O cara só deu tiro na cabeça, para matar. Eu vi um homem jovem, mulato, bem vestido até, que segundo as outras pessoas era o assassino. Ele estava na escada, com o rosto para o chão. Acho que estava tentando fugir para o segundo andar quando foi morto.