BRASÍLIA - Para sinalizar publicamente que o governo adotou o mesmo discurso em relação à criação da Comissão da Verdade, a presidente Dilma Rousseff determinou que três ministros defendam, juntos, a proposta na Câmara dos Deputados. Até o final do mês, Nelson Jobim (Defesa), Maria do Rosário (Direitos Humanos) e José Eduardo Cardozo (Justiça) terão audiência com o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), para articular a aprovação do projeto.
Nesta quinta-feira, Maria do Rosário foi à Comissão de Direitos Humanos do Senado para negar que exista uma disputa com as Forças Armadas e assegurou que o “único sentido” da Comissão é desvendar como desapareceram e onde foram parar os corpos das vítimas da ditadura.
- Não há cisão (com as Forças Armadas). Nós queremos saber o que ocorreu com cada um que participou da luta democrática no Brasil. E apenas para isto, apenas com o sentido de encontro, reconhecendo que todas as instituições, e inclusive as instituições das Forças Armadas da atualidade, são instituições vocacionadas para a democracia - afirmou a ministra.
O GLOBO revelou na semana passada documento do Comando do Exércitoque protesta contra a criação da Comissão da Verdade. No texto, os militares afirmam que o único objetivo da proposta seria “reabrir feridas” do passado.
Ministra garante entendimento com militares De acordo com Rosário, o clima é de “trabalho” e existe “entendimento” entre as Forças Armadas e o restante do governo.
- As Forças Armadas da atualidade são parte de um processo de aprofundamento democrático e são resguardo da soberania nacional. Pensamos unicamente na democracia e nos direitos humanos ao propor a Comissão da Verdade - disse Maria do Rosário.
A visita conjunta de três ministros à Câmara dos Deputados é um dos instrumentos encontrados pelo governo para demonstrar que a Comissão da Verdade é defendida por todo o governo, e não tão somente por setores ligados aos direitos humanos. Na Câmara, os partidos ainda não indicaram os representantes para participar da Comissão Especial, que vai debater o tema.
No Senado, a ministra renovou o apelo pela aprovação célere da proposta.
- Esta é uma questão da nação brasileira, e ela não é de governo ou de oposição - ressaltou.