Considerados essenciais para avaliar a dimensão do surto de zika, os teste sorológicos para diagnóstico do vírus - que começam a ser importados nesta semana por empresas no Brasil - ainda causam preocupação entre cientistas quanto à confiabilidade.
Quatro testes sorológicos já foram aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De resultado rápido, eles detectam anticorpos produzidos pelo corpo após a infecção e, ao contrário dos testes moleculares, conhecidos como PCR, são capazes de diagnosticar a zika em pessoas que já não têm mais o vírus no organismo. Outra vantagem é o preço: enquanto os moleculares custam cerca de R$ 1.600, os sorológicos saem por R$ 200.
De acordo com José Eduardo Levi, professor da USP e chefe do Departamento de Biologia Molecular do Hemocentro de São Paulo, o maior acesso aos testes sorológicos é fundamental do ponto de vista epidemiológico. “Nunca poderemos dimensionar essa epidemia olhando só para testes moleculares.” Segundo ele, o teste sorológico é capaz de detectar infecções recentes mesmo em pessoas sem sintomas - 80% dos casos. “Sem isso, os números atuais de zika são estimativa ou ‘chute’.”
O problema dos testes importados, no entanto, é que, por não terem sido desenvolvidos a partir de vírus isolados no Brasil, poderão ter “falsos positivos”, por causa de reações cruzadas com outros vírus. “Quando o resultado é negativo, o diagnóstico desses testes é confiável. Mas, quando é positivo, é possível que esteja acusando zika em alguém que teve dengue, ou se vacinou contra febre amarela. Minha preocupação é que os testes comerciais, tornando-se acessíveis, multipliquem os resultados falsos positivos”, afirmou Levi.
O patologista Helio Mangarinos Torres Filho, diretor do laboratório Richet, que oferece testes para zika desde maio, não tem o mesmo receio. “Quando chegarem os testes, os laboratórios importadores vão fazer a validação, um controle de qualidade para estabelecer as limitações”, disse.
Segundo ele, os testes sorológicos pedidos atualmente são encaminhados para um ambulatório em Barcelona, na Espanha. “Com a importação, o preço vai cair bastante e o teste ficará mais rápido. Um deles funciona como um teste de gravidez e o resultado sai em 20 minutos.”
Laboratórios anunciam 1º exame triplo contra vírus
Representantes do laboratório da Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico (Bahiafarma) e do Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) anunciaram nesta terça-feira, 1º, uma parceria para o desenvolvimento do kit para diagnóstico rápido dos vírus da zika, da dengue e da chikungunya. Este será o primeiro do Brasil a detectar a presença dos vírus no organismo humano, ativo ou não, e determinar se a pessoa está imune às três doenças.
Além de detectar os vírus no organismo, a tecnologia vai determinar se a pessoa está imune às doenças. “Para mulheres em idade fértil e grávidas será um avanço significativo ter esse conhecimento”, diz o médico e pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Fernando Kreutz, diretor do Grupo FK-Biotec.
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