O Papa Francisco pode realmente voltar ao Brasil em 2017, assegurou o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. A declaração foi feita neste domingo (20) em Havana, primeira etapa da visita de quatro dias do sumo pontífice a Cuba.
Com colaboração de Richard Furst, de Havana,
“O Papa quer muito ir ao aniversário de Aparecida. Ainda é um desejo, mas ele tem insistido muito”, disse Lombardi à RFI. O interesse de voltar à Aparecida do Norte foi manifestado pelo próprio Papa Francisco durante um pronunciamento realizado na sua primeira visita à Basílica. “Rezem por mim. Em 2017, vou voltar”, disse o papa ao se despedir da cidade de Aparecida, em julho de 2013.
Em outubro de 2017, Aparecida do Norte vai celebrar os 300 anos da descoberta, no rio Paraíba do Sul, da imagem de Nossa Senhora de Aparecida, padroeira do Brasil. Caso seja confirmada a viagem, será um caso inédito de um retorno do Papa Francisco a uma mesma cidade. As viagens confirmadas do papa até agora são apenas a países africanos no fim do ano.
Visita a Cuba: Nesta segunda-feira (21), o papa Francisco visita Holguín, um dos redutos mais antigos do cristianismo na ilha e terra natal dos irmãos Castro. A cidade, na região sudeste, é conhecida no país por sua cruz emblemática, de cinco metros de altura e erguida em 1790 no alto de uma colina.
O Papa irá rezar neste local bastante simbólico, conhecido como "Loma da Cruz" e conceder uma benção à quarta maior cidade do país.
A província de Holguín é agrícola e na sua baía apareceu, em 1612, a imagem flutuante da Virgem da Caridade do Cobre, que se tornou padroeira de Cuba. Na manhã desta segunda-feira, o sumo pontífice irá celebrar uma missa ao ar livre para um público estimado de 150 mil fiéis.
Na sequência, à tarde, o Papa visitará o santuário da Virgem, localizado na cidade vizinha de Santiago de Cuba. Na cidade portuária, Francisco irá se encontrar com arcebispos do país.
Na terça-feira, o Papa deixará Santiago de Cuba depois da última missa no país e vai partir para os Estados Unidos.
Passagem por Havana: O primeiro dia de viagem do Santo Padre a Cuba foi marcado pelo encontro com uma multidão na Praça da Revolução com muitos cânticos e com a insistência de Francisco em ajudar países em dificuldade. Ele fez uma menção pedindo paz na Colômbia. Depois de um encontro “em clima familiar” com Fidel Castro, Francisco se encontrou com os jovens na capital cubana e pediu que a juventude “não pare de sonhar”, uma referência aos problemas econômicos e políticos que a ilha enfrenta.
Gabriel Silva Gonzalez, um jornalista da cidade de Holguín, uma das três localidades que Francisco percorre nos quatro dias de viagem a Cuba, acredita que a visita do Papa é capaz de trazer transformações ao país.
“Muitas das mudanças em Cuba têm a ver com a relação com os Estados Unidos, que é um ponto que Francisco já colaborou muito. Eu vejo que ele não quer ser se destacar como um mediador, mas é alguém que agora quer ouvir”, declarou. “O Papa vai se encontrar com gente também, por meio dos jovens que vão se reunir. E, além do mais, ele já conhece o nosso problema, por ser latino e por ter participado de debates antes sobre Cuba”, acrescentou o jornalista.
Pressão sobre opositores: Duas opositoras ao regime cubano disseram terem sido impedidas de ver o Papa Francisco no domingo. Elas foram detidas pela polícia. Miriam Leiva e Martha Beatriz Roque afirmaram ter recebido convites para assistir a cerimônia com o chefe da Igreja Católica na noite deste domingo na catedral de Havana. No entanto, elas disseram que as autoridades cubanas as impediram de participar a qualquer evento com o sumo pontífice.
Segundo a Comissão Cubana para os Direitos Humanos e para a Reconciliação Nacional, cerca de 50 opositores ao regime foram detidos e impedidos de se aproximarem do papa Francisco. A maioria foi liberada horas mais tarde. No entanto, a União Patriótica de Cuba (Unpacu), principal grupo de oposição no país, informou que quatro militantes ainda estavam atrás das grades até a noite de domingo.
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