O vice-presidente Michel Temer aconselhou a presidente Dilma Rousseff a não fazer reforma ministerial neste momento para evitar criar arestas com os partidos da base no momento em que o governo precisa aprovar as medidas de ajuste. Segundo ele, as mudanças poderiam gerar “instabilidade no Congresso”. A presidente se reuniu com Temer nesta segunda-feira, antes do encontro de coordenação política e durante a tarde. No início da noite, Dilma convocou o vice para mais uma reunião no Palácio da Alvorada. Ao deixar seu gabinete, Temer disse apenas que as “conversas estão caminhando”.
O vice-presidente ouviu de Dilma que ela não poderia voltar atrás na decisão já anunciada publicamente e disse a ela para ela ficar a vontade em relação aos ministérios do PMDB e que ele não fará indicação de nomes. Temer afirmou à presidente que é hora de cortar gastos e que o PMDB não será um empecilho para isso. Apesar do vice dizer que não nomeará ninguém, outros peemedebistas pressionam por mais espaço no governo.
A cúpula do PMDB tenta fechar posição para que o partido não faça novas indicações de nomes. A ideia está sendo trabalhada com os principais caciques do partido e a intenção é fechar um acordo interno para apresentar uma postura única nesse sentido. Nesta noite, o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) recebeu o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), influente dentro do partido e pai do ministro da Pesca, Helder Barbalho, que deve perder o cargo caso a pasta seja fundida com a Agricultura.
O grupo que defende essa posição pretende deixar claro que, mesmo que algum integrante do partido seja escolhido por Dilma nessa reforma administrativa, esse eventual nome será da cota da presidente, e não da legenda.
Segundo interlocutores de Temer, o vice ainda irá conversa com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), e com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), para tentar fechar a posição do partido de não fazer indicações. Há expectativa de que ambos os parlamentares queiram consultar suas bancadas antes de tomar uma decisão.
Na tentativa de reforçar a interlocução com o PMDB antes da reforma ministerial, no início da tarde, a presidente Dilma convocou Temer, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Eunício Oliveira para uma reunião no Palácio da Alvorada no início da tarde.
De acordo com aliados de Temer, diante da decisão de fazer a reforma, o vice sugeriu à presidente que ela “negocie bem” com os líderes dos partidos aliados, para que não haja ainda mais problemas na relação com o governo.
Durante a manhã, a presidente havia decidido que iria apresentar detalhes dos cortes de pastas e trocas de comando a todos os líderes da Câmara e do Senado antes de anunciar as alterações. A reforma deve ser feita até quarta-feira, quando a presidente embarca para os Estados Unidos, onde fará a abertura da Assembleia Geral da ONU.
Dilma também conversou por duas vezes nesta segunda-feira com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, uma no Palácio do Planalto e outra no Alvorada. No primeiro encontro, a presidente pediu ajuda ao peemedebista auxiliar nas conversas com o PMDB.
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