GACC - Grupo de Assistência à Criança com Câncer

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Desde o início de suas atividades, em 1996, o GACC - então Grupo de Apoio à Criança com Câncer - existe para aumentar a expectativa de vida e garantir a oferta e a qualidade global do tratamento oferecido integral e indistintamente a crianças e jovens com câncer, diagnosticados com idades entre 0 e 19 anos incompletos, independente de sexo, cor, religião ou posição socioeconômica.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Crase em título jornalístico suscita dúvida entre leitores

É comum algum leitor questionar a ausência do acento indicador de crase em títulos publicados no jornal. Certamente haverá casos em que a Redação terá cometido um deslize, mas, na maior parte das vezes, tratando especificamente dos títulos, o problema é outro.     
final o leitor quer saber
Antes de prosseguir, não custa lembrar que a crase (do grego “Krasis”, “fusão”) é um fenômeno fonético de fusão de sons vocálicos, que, no português atual, ocorre sobretudo quando a preposição “a” antecede um artigo “a” (ou “as”).
O acento grave serve para assinalar a ocorrência desse fenômeno, portanto, para empregá-lo corretamente, é necessário perceber a presença de dois “aa”.
Dito isso, observemos uma manchete que esteve na “home” do site da Folha:
Brasil escolhe “Que Horas Ela Volta?” para concorrer a vaga no Oscar
Um filme pode concorrer a um prêmio, certo? O verbo “concorrer”, de fato, constrói-se com um complemento introduzido pela preposição “a”. Como todos nós, em algum momento, aprendemos que ocorre crase antes de palavra feminina, seria muito fácil “ligar o piloto automático” e acentuar o “a” de “concorrer a vaga no Oscar”.
Se fizéssemos isso, porém, estaríamos afirmando que só existe uma “vaga” no Oscar e que o referido filme estaria concorrendo a ela. Existem cinco “vagas”, ou seja, cinco obras disputarão o Oscar na categoria de melhor filme estrangeiro. “Que Horas Ela Volta?” foi a escolha do Brasil para concorrer a uma dessas “vagas”.
Teria sido possível empregar um artigo indefinido (para concorrer a uma vaga no Oscar/ a uma das vagas), mas, nos títulos jornalísticos, frequentemente se opta pela simples omissão do artigo definido. Quando isso ocorre diante de palavra masculina, ninguém se queixa da falta de um artigo (vamos imaginar que o título fosse “Brasil escolhe filme para concorrer a prêmio”), mas, diante do termo feminino, surge a dúvida.
Outro título que suscitou questionamento foi este:
Haddad e FHC mantêm diálogo e chegam a ir juntos a ópera
O caso é semelhante. O jornalista usou “ópera” como gênero musical, como poderia ter usado “concerto” (Haddad e FHC mantêm diálogo e chegam a ir juntos a concerto). Vão juntos a um concerto, não importa qual, portanto sem o artigo definido – o mesmo vale para a ópera, certo?
Sem artigo, sobra apenas um “a”, a preposição, portanto não ocorre a crase.
Essas construções configuram o que se poderia chamar de estilo jornalístico.
Quem lê jornal está habituado a títulos como “Dólar passa de R$ 3,90”, “Lobista aceita fazer delação premiada” etc. Note que “dólar” e “lobista”, que estão no centro da notícia, que são seu foco, aparecem despidos de artigos. Ao mesmo tempo, os verbos das afirmações estão no tempo presente. Com esse recurso, o jornalista chama a atenção do leitor para um fato novo (tempo presente) e ainda não conhecido do leitor (sem artigo).
Isso não significa que não haja situações, mesmo nos títulos, em que o artigo é necessário e não pode ser suprimido.

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