Que o PT não tem nenhum apreço pelo convívio democrático com as divergências qualquer um já sabe – ou deveria saber. Mas o partido vem apelando cada vez mais, fruto do desespero com a crescente rejeição ao governo Dilma. O ápice das táticas autoritárias ocorreu quando o vice-presidente do partido decidiu publicar no site oficial uma “lista negra” com nove formadores de opinião considerados “inimigos da pátria”.
Reinaldo Azevedo, um dos citados, foi o primeiro a reagir, mostrando que não haverá recuo diante da clara tentativa de intimidação pelo PT. Azevedo acrescentou ainda outro texto mostrando como os jornalistas “neutros”, que pedem mais “moderação” nas críticas ao PT, acabam fazendo o jogo sujo do partido autoritário.
Esses não precisam temer, pois o PT sabe quem os “critica” tentando, no fundo, defendê-lo. São aqueles que condenam as práticas ilegais e os “malfeitos” do PT, mas logo em seguida citam os tucanos também, e concluem que são todos parecidos. Isso é música para os petistas, do partido mais corrupto e autoritário de todos.
Hoje foi a vez de Demétrio Magnoli, outro que foi incluído na lista, reagir. Em artigo publicado no GLOBO, o sociólogo mostra como o PT partiu de forma escancarada para a estratégia da intimidação, tentando por tabela pressionar a imprensa independente a ficar mais “pianinho” e “maneirar” nos ataques. Ou seja, calar esses “malditos” colunistas da lista negra do PT. Diz ele:
O partido que ocupa o governo decidiu, oficialmente, produzir uma lista de “inimigos da pátria”. É um passo típico de tiranos — e uma confissão de aversão pelo debate público inerente às democracias. [...] O artigo assinado por Alberto Cantalice, vice-presidente do partido, acusa “os setores elitistas albergados na grande mídia” de “desgastar o governo federal e a imagem do Brasil no exterior” e enumera nove “inimigos da pátria” — entre os quais, este colunista. Nas escassas 335 palavras da acusação, o representante do PT não cita frase alguma dos acusados: a intenção não é provar um argumento, mas difundir uma palavra-de-ordem. Cortem-lhes as cabeças!, conclama o texto hidrófobo. O que fariam os Cantalices sem as limitações impostas pelas instituições da democracia?
O artigo do PT é uma peça digna de caluniadores que se querem inimputáveis. Ali, entre outras mentiras, está escrito que os nove malditos “estimulam setores reacionários e exclusivistas a maldizer os pobres e sua presença cada vez maior nos aeroportos, nos shoppings e nos restaurantes”. Não há, claro, uma única prova textual do crime de incitação ao ódio social. Sem qualquer sutileza, Cantalice convida seus seguidores a caçar os “inimigos da pátria” nas ruas. Comporta-se como um miliciano (ainda) sem milícia.
Em comum, esses nove citados têm apenas as críticas contundentes ao governo federal. As divergências são enormes, mas todos respeitam o debate democrático, ao contrário do próprio PT. Esse tipo de lista, produzida – repito – pelo vice-presidente do partido em seu site oficial, é coisa de regime fascista. E o PT ainda gosta de acusar os outros de fascistas…
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